Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-03-2010

Provas são arrasadoras, afirma promotor durante o julgamento
O promotor Francisco Cembranelli defendeu ao jurado, nesta sexta-feira, sua tese sobre a morte de Isabella Nardoni
Provas são arrasadoras, afirma promotor durante o julgamento
Foto: http://ultimosegundo.ig.com.br

Ricardo Galhardo

O promotor Francisco Cembranelli defendeu ao jurado, nesta sexta-feira, sua tese sobre a morte de Isabella Nardoni. Para Cembranelli, não há dúvidas que o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá matou a menina em 29 de março de 2008. "As provas são arrasadoras e as pessoas não querem vingança e, sim, justiça", afirmou Cembranelli.

O julgamento, que acontece desde segunda-feira no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo, termina na madrugada deste sábado. Segundo previsão do juiz Maurício Fossen, a sentença deverá ser anunciada à 1h. Fossen autorizou a liberação do áudio da sala do júri, no saguão do fórum, no momento em que a sentença for dada.

Casal no apartamento

O promotor fez um relato detalhado dos telefonemas dados na noite em que Isabella morreu. Ele destacou as ligações feitas pelo subsíndico do Edifício London, de onde Isabella foi jogada do 6º andar, para o Corpo de Bombeiros e à polícia.

Em reprodução simulada, Cembranelli apontou que o porteiro do prédio demorou 20 segundos para avisar o subsíndico que Isabella tinha caído e estava no jardim do prédio. Segundo o promotor, em 1 minuto o síndico avisou os bombeiros. Ainda de acordo com Cembranelli, neste momento, Alexandre Nardoni, pai de Isabella, já estava no jardim do prédio.

Na conclusão do promotor, Alexandre não teria como entrar no apartamento, ir até o quarto em que a filha Isabella estaria dormindo, olhar pela janela e descer em 1 minuto. "Posso afirmar taxativamente que o casal estava dentro do apartamento. Isso é ciência, não é crença. Contra fatos, não há argumentos. Eles estavam no apartamento quando Isabella foi jogada".

De forma didática, Cembranelli mostrou que Alexandre demoraria 2 minutos para realizar o trajeto que ele afirma ter feito. A acusação questiona ainda o motivo de o casal não ter ligado logo para pedir ajuda. De forma teatral, ele destacou que até o subsíndico tinha pedido ajuda, mas ninguém da família pensou em ligar. Ressaltou que os Nardoni preferiram "ficar ligando entre eles".

Na quinta-feira, os réus afirmaram que não ligaram para os bombeiros, pois a primeira reação foi telefonar para o pai de Alexandre, o advogado tributarista Antonio Nardoni, como é costume da família.

O promotor utiliza um telão para defender a sua tese. O júri parece impressionado com os detalhes dados por Cembranelli, que mostra tudo de forma cronometrada, incluindo até mesmo os segundos.

Depois de Cembranelli, será a vez de Roberto Podval, advogado de defesa dos Nardoni, expor a sua tese. Após esta etapa, começará o debate entre promotoria e defesa. A expectativa é de que seja acirrado.

Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella Oliveira, não assiste ao júri, segundo sua advogada, por estar muito "debilitada". Ela disse, por meio da advogada, que "apesar de não ter tido a oportunidade de acompanhar o júri, espera que a Justiça seja feita"

Jurado

Terminado o debate, os jurados serão questionados pelo juiz se têm condição de julgar o caso ou se querem alguma explicação. Se o júri responder que há condição de julgar o caso, todos passarão à sala secreta e decidirão o destino do casal.

Na sala secreta, eles respoderão "sim" ou "não" para uma série de perguntas do juiz Mauricio Fossen. A resposta é secreta. Responderão primeiro se o crime efetivamente existiu. Depois uma sequência de perguntas, entre elas, se os réus foram os autores daquele crime e se devem ser absolvidos ou não.

O jurado é formado por sete pessoas, sendo que cinco delas nunca tinham participado de um júri. São quatro mulheres e três homens que decidirão na noite desta sexta-feira o destino do casal Nardoni.

Acusações

O casal é acusado de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Se condenados, a pena de Alexandre Nardoni será maior que a de Anna Carolina Jatobá, por ser um homicídio contra um descendente.

Na quinta-feira, os dois negaram as acusações contra eles. Em interrogatório, choraram, chegaram a sensibilizar parte do jurado e fizeram acusações contra a equipe policial que cuidou do caso. Houve algumas contradições entre os depoimentos de Anna Carolina e Alexandre Nardoni.

Provas são arrasadoras, afirma promotor durante o julgamento dos Nardoni

O promotor Francisco Cembranelli defendeu ao jurado, nesta sexta-feira, sua tese sobre a morte de Isabella Nardoni


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir