Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-03-2010

Após tréplica de 45 minutos, jurados decidem destino do casal
Na primeira parte do debate, advogado Roberto Podval chorou enquanto falava aos jurados
Após tréplica de 45 minutos, jurados decidem destino do casal
Foto: Raphael Falavigna/Terra

FABIANA LEAL E HERMANO FREITAS

Com uma tréplica de cerca de 45 minutos da defesa, os debates entre os advogados de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá e a acusação encerraram pouco antes das 21h desta sexta-feira, último dia do julgamento do casal acusado de matar Isabella em 2008. Após uma hora de intervalo para janta, o Conselho de Sentença, formado por sete jurados, se reunirá para decidir o destino dos réus.

Ao contrário do promotor Francisco Cembranelli, que usou as quatro horas e meia permitidas para ambos os lados, a equipe de Podval utilizou apenas duas horas - pouco mais de uma hora na primeira explanação e 45 minutos da tréplica.

O veredicto - absolvição ou condenação - será proferido após a apuração da votação secreta. Em seguida, o magistrado fará a leitura da decisão do júri no Plenário, o que está previsto para o início da madrugada de sábado, de acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo. Caso Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sejam condenados, estabelecerá a pena ao casal.

Defesa
Na tréplica, Podval fez usou o in dubio pro reo para pedir a absolvição dos acusados. A expressão latina significa literalmente que, na dúvida ou insuficiência de provas, o júri deve agir a favor do réu, como princípio da legalidade. "Não há prova (contra o casal). Vocês (jurados) condenarão sem prova?", disse.

Antes, na sua primeira explanação, o advogado comparou o desaparecimento de Madeleine McCann com a morte de Isabella para fazer uma crítica à sociedade brasileira. A menina inglesa sumiu em Portugal, durante as férias da família, e os pais chegaram a ser apontados como suspeitos. "Lá na Inglaterra, a sociedade foi contra a perícia, contra a polícia e não condenou os pais (de Madeleine)", afirmou.

Acusação
Em sua argumentação, o promotor Cembranelli, afirmou que não há possibilidade de um dos réus ser condenado e o outro ser inocentado. "Temos de condenar o casal não a uma pena de 30 anos, como apavorou a defesa, mas a uma pena justa", disse.

Ao falar da madrasta de Isabella, Anna Carolina Jatobá, Cembranelli explorou o perfil da acusada, citando um histórico agressivo da acusada. "Do mesmo jeito que estraçalhou uma vidraça com a mão, Jatobá esganou Isabella como a uma miniatura de Ana Carolina (de Oliveira, mãe da menina)", afirmou.

O caso
Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.

O júri popular do casal começou em 22 de março e deve durar cinco dias. Pelo crime de homicídio, a pena é de no mínimo 12 anos de prisão, mas a sentença pode passar dos 20 anos com as qualificadoras de homicídio por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e tentativa de encobrir um crime com outro. Por ter cometido o homicídio contra a própria filha, Alexandre Nardoni pode ter pena superior à de Anna Carolina, caso os dois sejam condenados.

Após tréplica de 45 minutos, jurados decidem destino do casal

Na primeira parte do debate, advogado Roberto Podval chorou enquanto falava aos jurados


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir