Categoria Politica  Noticia Atualizada em 01-04-2010

Medvedev pede medidas antiterroristas duras em visita ao Daguestão
O presidente russo, Dimitri Medvedev, viajou de surpresa nesta quinta-feira ao Cáucaso
Medvedev pede medidas antiterroristas duras em visita ao Daguestão
Foto: AFP

Eleonore Dermy e Amelie Harenstein

MOSCOU — O presidente russo, Dimitri Medvedev, viajou de surpresa nesta quinta-feira ao Cáucaso, a instável região para onde são conduzidas as pistas dos atentados dos últimos dias em Moscou, e exigiu que as medidas antiterroristas sejam reforçadas.

Sua viagem coincidiu com os funerais de boa parte das 39 vítimas do duplo atentado suicida de segunda-feira no metrô de Moscou.

Muitas delas foram enterradas nesta quinta-feira de manhã em diferentes cemitérios da capital russa, comprovou a AFP. Também eram esperadas cerimônias funerárias em outras cidades da Rússia e, inclusive, do Tadjiquistão.

Em Majachkala, capital do Daguestão, o chefe de Estado russo insistiu que sejam tomadas medidas para se evitar novos atentados.

"A lista de medidas de luta contra o terrorismo deve ser ampliada. Não devem apenas ser mais eficazes, e sim mais duras, severas e preventivas", declarou.

"É preciso punir", acrescentou durante uma reunião com as autoridades das regiões do Cáucaso russo, incluindo as agitadas repúblicas do Daguestão, Inguchétia e Chechênia, cenários da insurgência islamita.

Os russos, acostumados nos últimos anos à violência islamita e separatista confinada essencialmente no Cáucaso, ficaram consternados com os ataques de segunda-feira em Moscou.

O último dia teve um clima pesado, aumentando o medo de que o conflito se propague.

No último episódio de violência, duas pessoas morreram nesta quinta-feira de madrugada no Daguestão, na explosão do veículo no qual viajavam e que, segundo a polícia, transportava bombas. Este incidente aumentou o temor de que novos atentados estejam sendo preparados e o estado de alerta na Rússia aumentou.

Horas antes, outro duplo atentado suicida havia matado 10 pessoas - além dos dois suicidas - na localidade de Kizliar, também no Daguestão. As autoridades russas afirmaram que os autores deste ataque poderiam ser do mesmo grupo que está por trás dos atentados de Moscou.

O grupo islamita "Emirado do Cáucaso", que luta para impor no Cáucaso russo um Estado baseado na lei islâmica, reivindicou os atentados de segunda-feira com uma mensagem por vídeo realizada por seu líder, Doku Umarov.

O líder rebelde, perseguido pelas autoridades russas, afirmou ter ordenado pessoalmente o ataque ao metrô.

É "uma ação legítima de vingança ao massacre de habitantes chechenos e inguches executados pelas forças russas no Cáucaso", afirmou Umarov no vídeo, divulgado no site kavkazcenter.com, utilizado frequentemente pelos rebeldes.

Umarov chamou no mês passado à "guerra santa" em todo o país; no vídeo, advertiu os russos que devem se preparar para mais ataques.

Neste clima carregado de nervosismo, milhares de pessoas foram retiradas de São Petersburgo após uma série de alertas de bomba em estações de trem, shoppings e em uma catedral, indicou a polícia.

Já o chefe dos serviços de inteligência (FSB, ex-KGB), Alexandre Bortnikov, garantiu a Medvedev, segundo a agência Interfax, que a investigação dos atentados avança e que várias pessoas já foram presas.

"A hipótese que afirma que os atentados foram cometidos por certos grupos vinculados ao Cáucaso do Norte foi confirmada. Conhecemos pessoalmente os cérebros dos atos terroristas", declarou.

Segundo fontes da investigação, citadas pelo jornal russo Kommersant, as duas mulheres suicidas que perpetraram os atentados de Moscou chegaram à capital de ônibus, vindos precisamente da cidade de Kizliar.

Medvedev pede medidas antiterroristas duras em visita ao Daguestão

O presidente russo, Dimitri Medvedev, viajou de surpresa nesta quinta-feira ao Cáucaso

Fonte: AFP
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir