Categoria Politica  Noticia Atualizada em 06-05-2010

Explicações de Tuma Júnior não convencem o Planalto
O secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior
Explicações de Tuma Júnior não convencem o Planalto
Foto: Divulgação

O Palácio do Planalto vai cobrar do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, mais explicações a respeito de seu suposto envolvimento com um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo, Li Kwok Kwen, apontado por uma investigação da Polícia Federal.

Uma investigação sobre contrabando - chamada de Operação Wei Jin e iniciada em setembro do ano passado - levou a PF a interceptar ligações telefônicas e e-mails entre os dois. Segundo a edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, membros do governo acreditam que, se Tuma Júnior se mantiver em silêncio a respeito do caso, sua situação pode se tornar "insustentável".

Preocupados com os possíveis desdobramentos da investigação da PF, articuladores do Planalto já trabalham para colocar "panos quentes" no caso. Tuma Júnior comanda áreas estratégicas como o Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), que é responsável pelo rastreamento de dinheiro ilegal no exterior, e o Departamento de Estrangeiros.

Exoneração - Tuma Júnior preferiu não se pronunciar a respeito das investigações. Ele chegou a convocar uma coletiva de imprensa sobre o assunto, mas desistiu de se defender publicamente. As explicações do secretário foram consideradas fracas pelo seu superior, o ministro da Justiça Luiz Paulo Barreto. Temendo que o escândalo se aproxime do Planalto, o presidente Lula já deu carta branca para que Barreto exonere Tuma Júnior.

"Eu vi informações sobre o delegado Romeu Tuma. Primeiro tem de esperar a investigação. Todo mundo sabe que é um delegado muito experimentado na polícia brasileira. É um homem que tem uma folha de serviços prestados ao país", disse Lula. "Se há uma denúncia contra ele, a única coisa que temos de fazer, antes de precipitarmos decisão, é investigar da forma mais democrática possível".

Ainda segundo o jornal, o presidente chamou Barreto para uma conversa na qual orientou-o a exigir explicações que sufocassem a crise ou a abreviasse, com a exoneração do secretário nacional de Justiça.

Ligações - Li está preso desde o ano passado, acusado de chefiar o esquema que trazia ilegalmente para o Brasil celulares falsificados da China, movimentando mais de 1 milhão de reais. Os aparelhos eram vendidos no comércio paralelo de São Paulo, como a 25 de Março, e do Nordeste. Li foi denunciado pelo Ministério Público Federal por formação de quadrilha e descaminho.

Logo após a prisão, o chinês ligou para Tuma Júnior na presença de agentes federais. Ao suspeitar que seu nome poderia ser citado no processo, o secretário de Justiça entrou em contato com a PF e pediu para prestar depoimento, no qual disse não saber das atividades ilícitas de Li. O envolvimento de Tuma Júnior - que também é presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria - era mantido em sigilo desde então.

Investigação - Durante o trabalho de busca e apreensão feito no escritório do chinês, a PF encontrou cartões de visita - que continham o brasão da República - em que Li se apresentava como "assessor especial" da Secretaria Nacional de Justiça. A partir dos indícios, a PF propôs abrir um inquérito específico para investigar possíveis crimes praticados por Tuma Júnior.

Explicações de Tuma Júnior não convencem o Planalto

O secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir