Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-05-2010

O guerreiro

O guerreiro
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Estou deitado no coração de uma mulher e pelos seus ouvidos apurados em Insígnias poéticas vão ditando palavras em regras assimiladas, postagens de uma missão; e pela sua boca transbordante em sons ictéricos, vou murmurando entre lágrimas e dor a minha velha historia.
---Éramos mais de 700 soldados convocados para uma missão de rigoroso treinamento de guerra na mata atlântica. Carregávamos nos corações o fardo pesado da saudade; deixada em marcas e cicatrizes por mãos calejadas dos rifles empinados no corpo da mulher amada; o pesado fardo das mochilas com nossos artefatos, comidas, rifles, bombas não era tão pesado quanto à dor da saudade esse sentimento estilhaçado pelo bombardeio dos nossos corações apaixonados.
Nossa missão seguiu até certo trecho do caminho em vários caminhões camuflados, depois dando continuidade ao comando ordenado, seguíamos á pé. Embrenhados por um cerrado bucólico, em nossa missão de treinamentos ostensivos de guerra, em sentinelas e sentidos, obedientes, submissos aos ofícios determinados. Eram a nossa missão, ofícios e destinos.
Que são regras impostas, imposições e regimes altamente treinados, se o coração do soldado camuflado segue uma ética e moral assimilarem a sua conduta e disciplina pessoal?
Oh! Meu deus era até bonito de se ver, mais de 700 soldados seguindo linha reta, cantando o hino da marinha-soldados da liberdade. Adentramos cada vez mais pelo cerrado bucólico, e ali longo noites nos foi companhia; perdíamos a noção do tempo, de frações de minutos, mas que tirania a nossa pensarmos em tais detalhes fugazes, se a determinação seria alcançada; a missão cumprida; venceríamos o tempo, a fome, a solidão covarde e a saudade da mulher amada.
---Que importaríamos os uivos assustadores, sons extravagantes, desconhecidos típicos da mata, as longas noites de perseguições aos inimigos de uma guerra simulada, as emboscados frias e calculistas?
---Foram dias intermináveis, onde o silencio da mata atlântica era açoitado pelos tiros e bombas, toda essa missão, fazendo retomar o coração o selvagem do soldado apaixonado.
----Que importaríamos: os soldados picados e estraçalhados pelos bichos peçonhentos, olhos vermelhos vencidos pelo cansaço de longas noites em vigílias?Que importância daríamos aos nossos corpos emagrecidos, desfalecidos, perseguidos pela fome e a missão determinada?
---Na hora do picado já também ficando escasso, e quantas vezes ao nosso engodo bichos voadores nos fazia companhia invadindo a panela de barro encardido, exposta ao chão nu, mas para lamentações indignadas, se nesse momento sofrido, mas parecia uma exuberância destemida dos soldados camuflados, e eu à reclamar de coisas tão insignificantes?
---Se todos esses momentos transformariam em um cenário ao longo dos anos, a ser contado pelos soldados nas mais diversas formas!
---Foram mais de cem dias embrenhados pela mata atlântica...
----E então para que falar da malvada solidão? Se a mulher amada me espera no para-peito da janela rústica, onde em pose de rainha espera o seu soldado guerreiro, vindo de uma missão cumprida!
O soldado retorna. Entra feito um bicho feroz portão adentra, buscando sentir no Faro os cheiros domésticos tão peculiares, mas o que encontrou foi um mórbido silencio fúnebre.
O cão com os olhos tristonhos não fazia algazarras, o viveiro repleto de canários estava silencioso, a janela majestosa estava fechada e a rainha de olhos brilhantes e festivos não repete a mesma cena, pois havia um vazio em toda a casa.
O soldado está estático... Receoso... Alarmado!O coração selvagem dispara os batimentos alterando sua cor e os pulsares das veias artérias aceleram pelo frenesi corpo estremecido.
O cão tristonho já sabia de sua trágica historia os canários também cúmplices da tristeza, emudeceram; e a casa aquietava em cada cômodo a dor e solidão, seriam plágios e réplicas de uma saudade interminável, onde o destino em imensuráveis atropelos esconde do homem a sua própria covardia!
O soldado ao voltar recebeu a trágica noticia do precoce falecimento de sua amada companheira levando consigo no abdome pulsante,, um feto em composição de uma vida! E Perdeu-se nessas duas vidas a sua própria vida!
O soldado fora condecorado nessa missão, e em tantas outras também, sendo sempre o melhor dos melhores.
As medalhas, e os troféus estão empoeirados em um canto qualquer da casa e representam a historia de um guerreiro que ate hoje se mantém de pé e lutando.
Às vezes quando estendido ao longo de sua solidão, duas lágrimas grandes atiradas da alma vem lavar seu rosto cheio de rugas tremulas, conseqüências do tempo e nesse momento perverso, sofrido ele murmura por entre as duas lágrimas:
----O soldado perde a sua própria vida, mas não perde uma batalha!

Por Bárbara Pérez.



Texto Declamando Pela Atriz. Poeta e Radialista Iviny Gonçalves no dia 13 /03/10-Plenário da Câmara Municipal de Marataízes Homenageando os Fuzileiros Navais - Tropa de Elite da Marinha do Brasil.


    Fonte: Redação Maratimba.com
 
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