Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 17-05-2010

APOGEU E QUEDA DO IMPÉRIO JANDINIANO
O povo feliz e esperançoso aguardava a prometida era de progresso e felicidade, poetas proféticos entoavam versos de louvores a nova era de prosperidade
APOGEU E QUEDA DO IMPÉRIO JANDINIANO

1635. Esbórnia do Nocroeste. Reino setentrional da Península Maratímbica. Após glamorosa vitória em batalha eleitoral sobre Antonio Brutus I & Único assumiu o poder Janius Vidalis – o imperador do povo.

O povo feliz e esperançoso aguardava a prometida era de progresso e felicidade, poetas proféticos entoavam versos de louvores a nova era de prosperidade, entre eles, arautos dos amanhãs, destacava-se Ferdinand Ghimarans: "-Chegou a prometida era da alegria / chegou, pobre povo, o nosso dia! / E será tal a felicidade de nossas gentes / que os paraplégicos correrão na rua / os tristes hão de soluçar contentes / e os cegos vislumbrarão a lua!".

Apenas uma voz destoava da alegria geral, a do profeta Zébedeu, que o povo amaldiçoava e queria seu final, pois nos raros momentos de lucidez pregava aos 4 ventos o que parecia maluquez: "-Quem vive de promessas é fabricante de velas! / Me ouçam, prestem atenção em mim: / O que vêem não passam de pinturas em brancas telas! / Arrependei-vos, está próximo o fim!".

Era mais do que certo, como era de se esperar, que o velho profeta era objeto de riso, ameaçaram até lhe apedrejar e expulsá-lo do novo paraíso.

O primeiro ano de reinado tudo foi flores, parecia o fim das dores, até a fúria do mar, que invadir o reino ameaçava, o Imperador foi domar e o povo se encantava.

Nem 2 (dois) anos se passaram e a peste assolou o palácio imperial, do nada brotaram vermes fatais, pragas vieram das minas gerais, o Imperador abandonara os amigos de outrora, a intrusos se aliara, em seu reino não mandava agora, quem mandava era o Vilce... mar, terra e ar tudo lhe era submisso, controle geral, tudo estava a seu serviço, tudo por ele passava, lavava e engomava, e o Imperador ignorava, ou seja o ferro entrando e o Vilce fantasiando, que nada ia mal, que estavam na rota certa, que nada acontecia, afinal era o fiofó imperial que estava na reta e sobrava anestesia.

Então chegou o dia, o dia da verdade. Mal amanhecia, ela estava na cidade.

A verdade, pouca gente agüenta, dissera Zebedeu, com horror!, pois é como a "ferramenta" do pescador, quando este é recém-chegado do mar: a verdade é dura e crua e pode machucar!

Pouca gente viu. Um justiceiro surgiu. Sua arma: a Lei. Sua missão: fazê-la valer face a um plebeu ou a um rei. O crime: desobediência à ordem judicial. A dúvida: -mas isso não era normal? O Imperador sorriu com desdém, confiante no tempo e sua demora, ao justiceiro dizia amém, crente que nada mudaria, não agora!, mas Zebedeu já dizia com graça que tudo passa, até a uva-passa, tudo muda, até a surda-muda. Assim foi que se viu. O reino ruiu. Aqueles que esconderam do Imperador a verdade, anos a fio, foram, como os ratos, os primeiros a abandonar o navio.

Triste e abandonado o imperador chorou. Como diria, em alto e bom som, o dono da padaria ao Beatle John Lennon: "O sonho acabou!". Mas nem tudo era desolação, ao longe Antonio Brutus I & Único gozava de satisfação, para ele não podia ser mais legal ver o Imperador do Povo ser seu melhor cabo eleitoral.

E assim em meio a outras mil, uma terrível profecia se cumpriu: "O querido homem de visão / aquele que enxerga na casa do K7 / enganado pelos seus, cairá ao chão / com a sujeira jogada embaixo do tapete! / e aquele que perdera a eleição / e saíra pela porta do fundo / voltará sob aclamação / como se fora o salvador do mundo! / e pra tamanha ressaca haja engov! / assim está escrito em Zebedeu 19:19"

Manoel Manhães - [email protected]

Fonte: O Autor
 
Por:  Manoel Manhães    |      Imprimir