Categoria Policia  Noticia Atualizada em 25-05-2010

Jamaica: caça a narcotraficante procurado pelos EUA
Embates entre forças de segurança e gangues que protegem um grande narcotraficante chegaram ao terceiro dia em Kingston, capital da Jamaica, provocando a morte de pelo menos 60 pessoas – 27 das quais confirmadas pela polícia –, e transformando a cidade em
Jamaica: caça a narcotraficante procurado pelos EUA
Foto: http://www.diariodopara.com.br/N-91597-CONFRONTOS+NA+C


Após meses de resistência, o primeiro-ministro Bruce Golding voltou atrás na decisão de não extraditá-lo, cedendo à pressão dos EUA, que o acusam de vender drogas, armas e munição em cidades americanas. O Partido Trabalhista, ao qual pertence o premier, tem ligações com o grupo de Coke.

Depois do ataque a três delegacias no domingo, o chefe de governo decretou estado de emergência na capital e em Saint Andrews. Na segunda-feira, a polícia invadiu o subúrbio onde Coke está escondido, no oeste de Kingston, com o apoio do Exército e de helicópteros, mas ainda não conseguiu capturá-lo.

– Nosso objetivo é combater os que contaminam a sociedade e fazem com que sejamos classificados como a capital mundial do crime – declarou o premier. – Não será permitido aos criminosos colocarem a sociedade em estado de sítio.

Até agora, foram detidas 211 pessoas na zona de Tivoli Gardens e nos arredores de Denham Town. O delegado de polícia, Owen Ellington, disse a seus funcionários que se defendam, com receio de que Coke e seus seguidores tenham armamento pesado.

Trocas de tiros foram ouvidas em toda capital. Moradores da região que conseguiram fugir disseram a uma emissora de rádio que viram muitos corpos estendidos na rua.

Terça-feira, quadrilhas atacaram um posto policial no entorno de um hospital em Kingston, para onde os corpos das vítimas eram levados.

De acordo com o Departamento de Estado americano, "o acesso ao Aeroporto Internacional Norman Manley, em Kingston, foi bloqueado devido aos tiroteios intermitentes entre criminosos e a polícia". Os EUA também desaconselharam viagens à região.

Jornalistas locais dizem que Coke é uma espécie de padrinho – ou "don", como preferem os jamaicanos – para os residentes daquela área. Cartazes com os dizeres "Jesus morreu por nós e nós morreremos por Dudus" e "Abaixo de Deus, só Dudus" foram espalhados em Tivoli Gardens.

De acordo com o jornal Jamaica Observer, gangues ligadas ao partido político oposicionista estão recebendo US$ 100 mil por dia para se juntar à resistência.

Trâmite político

A violenta situação, que se espalha para outras localidades próximas, expõe a complicada situação política em que políticos e chefões do crime compartilham o poder. De acordo com o New York Times, o atual premier Golding, do Partido Trabalhista, ganhou votos no bairro ocupado porque associou-se a Coke. O Partido Nacional, de oposição, também mantém relações promíscuas com criminosos.

– Este comportamento está institucionalizado – lamentou Victor Cummings, do Partido Nacional. – Políticos conhecem os chefes de gangues e sabem que para serem eleitos, têm que buscar seu apoio.

O forte laço da comunidade a figura considerada seu benfeitor é o que reforça essas relações. No caso de Coke, muitas obras públicas abandonadas pelo governo foram feitas pela sua gangue, dando ao traficante um certo ar de Robin Hood.

ONU encarou conflito semelhante no Haiti

Até meados de 2006, o Haiti foi o principal entreposto do contrabando internacional para os Estados Unidos, até que tropas das Nações Unidas, a Minustah, lideradas por soldados brasileiros, conseguiram pacificar Cité Soleil, antro de traficantes e uma das maiores e mais perigosas favelas de Porto Príncipe.

À época, a situação na capital haitiana era semelhante à vivida pela Jamaica atualmente. O elevado nível de pobreza e de corrupção oficial, altos índices de criminalidade atrelados às atividades do narcotráfico e a incapacidade da Polícia Nacional do Haiti de controlar a situação transformavam Porto Príncipe em um dos lugares mais miseráveis do planeta. As quadrilhas, que assaltavam veículos na estrada de acesso ao aeroporto e controlavam o principal porto da capital, ganharam status de celebridade na mídia e tinham significativo apoio popular. O governo do ex-presidente Jean Bertrand Aristide também respaldava as ações criminosas.

Um relatório realizado por Álvaro de Souza Pinheiro, analista militar e especialista em operações especiais do Exército brasileiro, informa que, de dezembro de 2006 a fevereiro de 2007, 11 operações foram lideradas por tropas brasileiras para reprimir as gangues em Cité Soleil.

O sucessor de Aristide e atual presidente, René Préval, sofreu pressão internacional para apoiar ações mais incisivas no combate à criminalidade. Com a ajuda do Brasil, cerca de 850 criminosos foram capturados e muitos foram mortos. Embora as operações tenham causado baixas na população civil, pesquisas de opinião mostraram a aprovação das ações pela comunidade local, decisivas na melhoria da qualidade de vida no Haiti.

No Rio, auge do domínio do crime foi nos anos 90

Thiago Feres

Uma guerra semelhante à que está sendo travada na Jamaica é vivenciada há pelo menos três décadas no Rio de Janeiro. No entanto, os piores momentos da batalha urbana carioca parecem ter ficado para trás, de acordo com especialistas. Para o sociólogo e coordenador de controle de armas do Movimento Viva Rio, Antônio Rangel Bandeira, os períodos mais marcantes da luta envolvendo traficantes armados se passaram ao longo do governo Marcelo Alencar (1995-1999) e nos primeiros momentos da atual gestão.

– Quando o general Nilton Cerqueira assumiu o cargo de secretário de Segurança Pública, em 1995, criou uma gratificação em dinheiro para cada policial que matasse um bandido – recorda. – Por meio de um levantamento, comprovamos que 90% dos mortos durante o período da "gratificação faroeste" eram inocentes. Isso fez com que o tráfico de drogas se armasse melhor para essa luta, legado comprovado nos dias de hoje. No início da gestão do atual secretário, José Mariano Beltrame, também tivemos um mar de sangue derramado.

Ainda para Rangel, estamos diante do momento mais tranquilo dos últimos tempos.

– O mesmo Beltrame conseguiu virar o jogo. Chegamos a viver um período muito turbulento, com mortes de policiais, bandidos e inocentes. Porém, ele mudou a política e está tendo muito sucesso com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), apesar de eu achar que o modelo deve sofrer algumas mudanças.

O último episódio onde criminosos ordenaram o fechamento do comércio na Zona Sul ocorreu em Copacabana, durante a instalação da UPP dos morros Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, inaugurada em dezembro do ano passado. Mais recentemente, em fevereiro deste ano, traficantes exigiram que lojistas das proximidades do Morro do Salgueiro, na Tijuca (Zona Norte), não trabalhassem em luto ao falecimento de Fábio Barbosa, apontado como chefe do crime organizado da área.

O professor do Laboratório de Análises de Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Ignácio Cano acredita que o fato comprova o fracasso da atuação do estado em áreas consideradas mais carentes.

– O tráfico mandar fechar lojas ou prestar auxílio aos moradores de favelas são provas cabais dos graves problemas enfrentados pelo estado – avalia. – Por isso, vejo com bons olhos o projeto das UPPs. Não podemos deixar tudo voltar a ser como em meados da década de 90, quando chegamos a atingir um número de 70 homicídios por cada 100 mil habitantes.






Embates entre forças de segurança e gangues que protegem um grande narcotraficante chegaram ao terceiro dia em Kingston, capital da Jamaica, provocando a morte de pelo menos 60 pessoas – 27 das quais confirmadas pela polícia –, e transformando a cidade em um verdadeiro campo de batalha. Os incidentes começaram segunda-feira, quando o governo aprovou a extradição do traficante Christopher "Dudus" Coke, de 42 anos, que, além de chefiar a gangue Shower Posse, é o líder comunitário que supre a ausência do Estado com políticas assistencialistas no subúrbio de Tivoli Gardens



Jamaica: caça a narcotraficante procurado pelos EUA


Fonte: news.google
 
Por:  Joilton Cândido Vasconcelos    |      Imprimir