O artigo do bispo de Guarulhos,Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que recomendava que os "verdadeiros cristãos e católicos não votem na candidata à presidência pelo PT, Dilma Rousseff," não está mais no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB).
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A reportagem do Terra procurou o Secretariado Geral da CNBB, mas foi informada que apenas o padre Geraldo Martins estava autorizado a falar sobre o assunto. De acordo com a assessoria de imprensa, a comunicação seria difícil porque ele estaria palestrado em um evento em Aparecida (SP) e, por isso, não responde aos telefones da reportagem. O padre Geraldo, segundo os assessores, é o coordenador do site da instituição. O bispo Dom Luiz também não foi encontrado.
Apesar de ressalvar a importância da separação entre política e religião, Dom Luiz justificava o pedido contra Dilma pela posição do PT em relação ao aborto. "A liberação do aborto que vem sendo discutida e aprovada por alguns políticos não pode ser aceita (...) não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto", escreveu o sacerdote.
Sob o título "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", o texto de Bergonzini defende a interferência dizendo que a Igreja Católica deve se manifestar em campanhas eleitorais em casos em que um "partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família". O Bispo fez menção na nota aos Congressos Nacionais do PT de 2007 e 2010, no qual o partido ratificou o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), e se posicionou publicamente a favor da legalização do aborto.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou em maio, no encerramento de sua 48.ª Assembleia Geral, em Brasília, uma declaração na qual incentivou os cidadãos a escolher "pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana".
Mesmo sem referência à questão do aborto, ficou implícito, com a fala cardeal-arcebispo de São Paulo, D. Odilo Scherer, de que a Igreja não apoia candidatos que defendem a posição. "Além da descriminalização do aborto, há outras distorções inaceitáveis, como a união, dita casamento, de pessoas do mesmo sexo, a adoção de crianças por pessoas unidas por relação homoafetiva e a proibição de símbolos religiosos (em repartições públicas)", disse em coletiva.
Posição dos presidenciáveis
Até agora, nenhum dos três principais candidatos à presidência defendeu mudanças na atual legislação sobre o aborto. Em junho, durante entrevistas concedidas à imprensa em Porto Alegre, Dilma Rousseff, declarou que aborto é uma questão de saúde pública. "Um governo não tem de ser a favor ou contra o aborto. Tem que ser a favor de uma política pública", afirmou. "Aborto não é questão de foro íntimo meu, seu, da Igreja, de quem quer que seja; é uma questão de saúde pública." Nestes termos, segundo a ex-ministra, o aborto para ser possível tem de estar previsto em lei.
Serra manifestou posição semelhante em maio, no programa do Ratinho. "Eu não sou a favor do aborto. Não sou a favor de mexer na legislação. Agora, qualquer deputado pode fazer isso. Como governo, eu não vou tomar essa iniciativa", declarou o tucano.
Marina Silva se declara pessoalmente contrária à legalização, mas sugere a realização de uma consulta à sociedade. "Essa é uma responsabilidade do Congresso Nacional, mas considero que uma questão tão complexa e importante como essa deve ser decidida diretamente pela sociedade, através de um plebiscito", afirmou a candidata do PV.
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