Categoria Policia  Noticia Atualizada em 26-07-2010

Pai de Eliza diz que processará juíza que negou proteção
Luiz Carlos Samudio, pai da ex-amante do goleiro Bruno Souza, Eliza Samudio, afirmou que vai processar o Estado e a juíza Ana Paula Delduque, pelo fato de a jovem não ter ganho direito à proteção, como garante a Lei Maria da Penha.
Pai de Eliza diz que processará juíza que negou proteção
Foto: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4585


O pedido foi feito depois de Eliza registrar queixa contra Bruno por agressão na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em outubro.
"Essa decisão custou a vida da minha filha. Era para Eliza estar feliz com o filho dela", diz ele, que vai esta semana a Minas Gerais para iniciar uma campanha de combate à violência contra a mulher. "Quantas Elizas não são mortas toda semana? Se ela foi uma pedra no sapato do Bruno, eu serei um canteiro todo para incomodar a vida de muitas pessoas", disse o pai da jovem.
Filho de Eliza retoma vida
Tentativa de interrupção da gravidez, brigas por reconhecimento de paternidade, mãe desaparecida e suposto pai preso. Apesar da pouca idade, a vida do bebê Bruno Samudio, 6 meses, que seria fruto do relacionamento entre Bruno e Eliza, parece enredo de filme dramático. Mas, alheio à trama que envolve sua concepção, o menino parece começar a conhecer o sabor da felicidade. Vivendo provisoriamente sob a guarda da avó materna no pequeno vilarejo de Anhanduí, a 52 km, de Campo Grande (MS), o bebê aprendeu a sorrir e já se mostra adaptado à nova vida.
"Ele é muito esperto. Está se alimentando bem, crescendo forte. Já aprendeu a comer papinha, reconhece os parentes e dá sorrisos ainda sem dentes quando os vê", diz Maria Lúcia Borges Gomes, advogada de Sônia Fátima Moura, mãe de Eliza.
Ao chegar à nova casa, Bruninho foi recebido com festa e faixas de boas-vindas por vizinhos e parentes. Antes, sentindo a falta da mãe, procurou o seio da avó quando foi entregue a ela pelo Conselho Tutelar de Foz do Iguaçu, no Paraná. "Foi um momento muito emocionante. Todos que assistiram choraram, com pena", diz a advogada.
Sônia Moura quer que o menino receba acompanhamento psicológico quando crescer, para evitar futuros traumas com a tragédia em sua infância. "O Bruninho está bem adaptado, não demonstra, por enquanto, nenhum sinal de trauma. Ele já tem plano de saúde, nova carteira de vacinação que foi perdida nessa confusão toda e ganhou muitos presentes. Ele merece ter uma vida feliz", afirma Maria Lúcia.
A jovem V., amiga de Eliza com quem a estudante falou pela última vez pelo telefone, lembra que ela era muito apegada ao bebê. "Ela nunca deixaria o filho para trás, como estão falando. Amava muito a criança, fazia tudo pelo menino. Após o bebê nascer, ela nunca mais comprou nada para ela. Era tudo para o Bruninho", diz V..
Segundo amigas de Eliza, Bruninho só teve contato com o goleiro, que seria seu pai, uma vez. "Bruno não ajudava em nada, nem procurava o menino. Só nos últimos meses, ele depositou R$ 1 mil na conta dela. Eliza realmente gostava dele, achava que um dia poderiam se acertar", diz outra amiga, escolhida para ser madrinha do bebê.
O pai de Eliza, Luiz Carlos Samudio, que perdeu a guarda da criança para a ex-mulher, quer voltar a ficar com o neto. Ele entrará com recurso na Justiça.
Decisão sobre J. sai esta semana
Esta semana, a Justiça vai decidir o futuro do adolescente J., 17 anos, primo do goleiro Bruno. O Ministério Público já se pronunciou nas alegações finais e responsabilizou o menor pelos crimes de sequestro e homicídio. O promotor da Infância e Juventude, Leonardo Barreto, sugeriu que o adolescente fosse internado, para aplicação de medidas sócio-educativas. O prazo máximo que J. poderá ficar em uma instituição para menores infratores é de três anos. Hoje, termina o prazo da defesa do adolescente para apresentar seus questionamentos. A sentença deve ser proferida na quarta-feira.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade. O bebê foi entregue ao avô materno.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em depoimento, admitiu participação no crime. Segundo o delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, o menor apreendido relatou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, estrangulou Eliza até a morte e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Os três negam participação no desaparecimento. A versão do goleiro e da mulher é de que Eliza abandonou o filho. No dia 8, a avó materna obteve a guarda judicial da criança.

Fonte: Terra
 
Por:  Joilton Cândido Vasconcelos    |      Imprimir