Categoria Policia  Noticia Atualizada em 03-09-2010

Sargento da BM acessou dados sigilosos de um senador
Segundo o promotor Amilcar Macedo, mais um oficial estaria envolvido no esquema
Sargento da BM acessou dados sigilosos de um senador
Foto: www.maratimba.com


O promotor criminal de Canoas, Amilcar Macedo, deu detalhes sobre os acessos feitos por um sargento da Brigada Militar ao sistema integrado de consultas da Secretaria de Segurança. Em entrevista coletiva, na tarde desta sexta-feira, ele confirmou que foram verificados dados de um senador, de um ex-ministro de Estado, de um oficial do 5° Comando Aéreo Regional (Comar) e do chefe de inteligência do Comando de Policiamento Metropolitano. O sargento também acessou dados de integrantes de um partido político e de delegados, entre outras pessoas.

— Não acredito que ele estivesse fazendo isso por vontade própria. Acredito que era a mando de alguém — disse o promotor Amilcar Macedo.

As informações apuradas até agora indicam que o sargento chegou a fazer mais de 1200 acessos em seis dias. Ele pesquisava por nomes de pessoas, grupos e diretórios políticos. O promotor ainda não esclareceu como as senhas do oficial tinham acesso a esses dados privilegiados, mas as consultas também teriam sido realizadas fora da Casa Militar.

— Tem acessos que ele fez as três horas da madrugada. Muito provavelmente na casa ele. As senhas que ele detinha permitiam que fizesse acesso além do Casa Militar. Ele estava acessando dados relativos a um Senador da República e a Ministro de Estado — confirmou Amilcar Macedo.

Extorsão de contraventores

Com as senhas, o sargento também tinha condições de acessar no sistema as informações referentes às investigações realizadas pela polícia. Deste modo, podia - por exemplo - extorquir contraventores de máquinas caça-níqueis em Canoas, avisando quando ocorreriam operações e o cumprimento de mandados.

— Acessando os dados ele tinha como boicotar as investigações da polícia — resumiu.

Segundo o promotor Amilcar Macedo, há mais um oficial, também da Brigada Militar, que está sendo investigado pelo mesmo motivo.

Posição da Brigada Militar

O Comandante Geral da Brigada Militar garantiu que a corregedoria da corporação foi acionada para acompanhar de perto o caso. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o Coronel João Carlos Trindade disse que ainda aguarda mais informações.

— Ainda estou no compasso de espera, apesar de ter mandado uma pessoa da corregedoria para fazer contato com o promotor. Pedi para o meu pessoal ver o que estava acontecendo. Fico triste porque foi eu quem criou esse Sistema de Consultas Integradas, que é uma espécie de "google" para assuntos criminais e o mau uso prejudica as pessoas.

Para o coronel, é importante esclarecer o que foi feito com os dados acessados no sistema.

— O importante não é a quantidade de acessos, e sim o que ele fazia com as informações. Mas isso vale para o grande e para o pequeno. A intromissão na vida das pessoas é abominável e não pode ser usada de forma equivocada — disse o Coronel Trindade.

Entenda o caso

Um sargento da Brigada Militar (BM) que serviu na Casa Militar, foi preso na manhã desta sexta-feira, na zona sul de Porto Alegre, por suspeita de extorsão a contraventores de máquinas caça-níqueis em Canoas, na Região Metropolitana. Ele usaria um veículo da BM para exigir propina de até R$ 5 mil por mês.

O sargento estaria acessando dados sigilosos de políticos e outras autoridades no sistema integrado de consultas da Secretaria de Segurança. A suspeita do Ministério Público (MP) é que ele faria uso político dos dados que colhia. Além disso, tentaria prejudicar as investigações pressionando testemunhas.


Fonte: Zero Hora
 
Por:  Joilton Cândido Vasconcelos    |      Imprimir