Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 16-09-2010

CLIMA E CRISE GLOBAL DE ALIMENTOS
As péssimas condições climáticas na Ásia causaram a quebra na produção de cereais nesses territórios, com reflexo em boa parte do planeta
CLIMA E CRISE GLOBAL DE ALIMENTOS

Nos últimos meses, a forte onda de calor e incêndios que atingiu a Rússia, além das chuvas que castigaram o Paquistão com enchentes devastadoras, pôs as Nações Unidas em alerta para o risco de uma nova crise mundial de alimentos.

As péssimas condições climáticas na Ásia causaram a quebra na produção de cereais nesses territórios, com reflexo em boa parte do planeta. No caso da Federação Russa, a terceira maior exportadora de trigo do mundo, a situação afeta diretamente o estoque de populações importadoras desse cereal. Por conta disso, já se tem conhecimento de desordem popular no Egito e na Sérvia. Para piorar, o governo russo, preocupado em atender o mercado doméstico, prolongou até 2011 edital que proíbe a exportação de trigo.

Com isso, a consequente demanda mundial pelo produto tem elevado o preço. Protestos violentos contra o aumento no valor do pão em Moçambique – um dos países mais pobres da Terra – provocaram, recentemente, 10 mortes.

REUNIíO DE EMERGÊNCIA

Apesar de alguns analistas afirmarem não haver motivo para desespero – fundamentados nos atuais seguros níveis de produção e estoque de cereais em todo o orbe – a ONU marcou para o próximo dia 24, em Roma, na sede da FAO (órgão das Nações Unidas para assuntos relacionados a alimentação e agricultura), reunião extraordinária com técnicos e diplomatas a fim de avaliar a gravidade da crise.

CELEIRO DO MUNDO

Nesse turbulento cenário internacional, o Brasil surge como forte opção de abastecimento. Consoante reportagem de Danilo Macedo, da Agência Brasil, "os problemas climáticos que estão afetando seriamente o continente asiático devem aumentar a demanda internacional por produtos brasileiros. Em relação à soja, o produto mais comercializado no mundo, o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, disse que o Brasil já atende 23% do comércio internacional e deve ampliar essa participação".

Vale ressaltar que não somente o clima, mas o próprio crescimento do consumo de alimentos nos países desenvolvidos, é apontado como um dos vilões da crise. Com tudo isso, está havendo uma procura maior por produtos brasileiros.

ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA

De tempos em tempos, crises assim rondam o planeta, aumentando a fome de tanta gente. Sem deixar de trabalhar pelo justo progresso de nosso país, não percamos de vista o valor do espírito solidário, que deve acompanhar as ações terrenas.

No fim da década de 1970, ao reiterar a urgência da Economia da Solidariedade Humana, comentei a respeito do desastre que constitui a sua falta no campo econômico. Sem o seu exercício, será impossível estabelecer uma Estratégia de Sobrevivência para muitos povos.

Uma atitude simples e providencial começa em nossas próprias casas quando combatemos qualquer tipo de desperdício. Estou sempre recordando ao pessoal por onde passo: a migalha de hoje é a farta refeição de amanhã.

SONS DA ALMA

Agradeço a gentileza da atriz Sueli Ramalho, que nos escreveu sobre o artigo "Os sons da Alma e a sociedade ouvinte". Nele destaco a entrevista dela, ao lado de seu irmão, o ator Rimar Segala, em que abordo a luta pela inclusão social dos deficientes auditivos. Ela diz:

"A íntegra das palavras colocadas no artigo, em duas partes, é rica, fascinante, positiva, pois a luta da comunidade surda em ser ouvida é grande, e poucas pessoas nos ouvem ou dão atenção. Durante séculos os surdos tentam conquistar espaço na sociedade, que ainda tenta consertar os nossos ouvidos, como [se fosse] o maior defeito; um preconceito que infelizmente paira quase todos os dias sobre nossas vidas. E Paiva Netto, uma pessoa de grande renome, querer falar dessa minoria, olhar para nós, é, sem dúvida, uma enorme vitória. (...) As pessoas de minha convivência profissional, na educação inclusiva, mandaram-me e-mails parabenizando o seu excelente artigo. (...) Ele com certeza irá às universidades federais; aliás, já o encaminhei para pesquisas acadêmicas. (...) Tenho muito a agradecer. Eu me senti um instrumento do nosso Deus, pude levar os conhecimentos, e em pouco tempo houve grande repercussão. Abraços sinalizados".

SOLIDARIEDADE AOS MINEIROS NO CHILE

Nossa renovada solidariedade aos 32 trabalhadores chilenos e um boliviano que permanecem, desde 5 de agosto, presos em uma mina no norte do Chile, a 700 metros de profundidade. Que as providências empreendidas no resgate os libertem o quanto antes. E que Deus os ampare, assim como suas esperançosas famílias.

José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.
[email protected] — www.boavontade.com


Fonte: O Autor
 
Por:  José de Paiva Netto     |      Imprimir