Categoria Entretenimento  Noticia Atualizada em 13-10-2010

"Tropa de Elite 2" e "Os Vampiros que se Mordam"
o som da música título e com imagens icônicas do primeiro, premiado e já neoclássico filme, Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro

Foto: www.opovo.com.br

Ao som da música título e com imagens icônicas do primeiro, premiado e já neoclássico filme, Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro (Idem, 2010) do mesmo José Padilha, abre arrepiando, literalmente. Tão bom quanto o original, mas com a capacidade de inserir mais crítica e num tom inda mais duro. E como os caracteres avisam, que apesar da proximidade com o que acontece na realidade, tudo é apenas uma ficcionalização dos fatos. E como é real...


Corta para tensão de um prólogo tenso e meio. O agora Coronel Nascimento (o espetacular Wagner Moura) é o comandante do BOPE e tem de lidar com uma rebelião no presídio de Bangu I. O Capitão Matias (André Ramiro, ótimo) decide invadir e confrontar o cabeça do Comando Vermelho (Seu Jorge), mesmo contra as ordens do seu comandante e um pedido do ativista dos Direitos Humanos (Irandhir Santos), que tenta negociar a situação. O circo está armado.



Estão de volta a narração (necessária) do seu protagonista, que ampara e nos guia pela história, seu humor e marra peculiares. Mas reparem no peso nas costas que carrega durante todo o filme. E é tanto, que até sua linguagem corporal acompanha, com uma postura curvada, de abatimento. Mas quando é para explodir, ele está lá. Mais uma agigantada interpretação de Wagner Moura, também co-produtor do longa.



Nós já temos o nosso herói nacional, e ele se chama Roberto Nascimento (um grisalho Wagner Moura). Podem até chamá-lo de facista, mas ele é um mal necessário para a nossa engrenagem corrompida pela podridão instalada. E filme de ação, não é mais exclusividade de Hollywood. Nós temos José Padilha, de condução brilhante e cenas de ação orquestradas, como a investida ao morro com o comando vindo de um helicóptero numa sequência sensacional.



Em 2007 escrevi que o primeiro Tropa de Elite (vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlin, como melhor filme) podia ser definido de várias formas. Um soco no estômago? Talvez vários. Sufocante como o saco na tortura praticada pela polícia? Sim, mas com um gosto sensacional de cinema verdade. Muito violento? Certamente, mas as fortes imagens são necessárias e contextuais ao longa. O cunho social aparece também durante todo o filme, que gera uma onda de discussões sobre a violência, a impunidade, a utilidade e a confiabilidade da polícia, quem efetivamente alimenta o tráfico, além da crítica pesada à classe média alta brasileira.



Tudo amplificado de uma forma ainda mais dura na segunda obra, distante do tráfico, mas embrenhado em problemas sociais, como as milícias que tomam os morros cariocas. A crítica ao sistema, principalmente às cenas política e policial, são pesadíssimas, e com um pessimismo cruel, mas verdadeiro. Em relação ao primeiro, menos cenas de ação em favor de uma história muito mais elaborada, com o acréscimo da tensão e seu cunho investigativo, ainda mais importante. Seu tom de denúncia é a força de sua história, num roteiro primoroso de Padilha, Bráulio Mantovani, que também aborda (humanamente) a difícil relação entre pai e filho distantes.



Sua produção é classe A (efeitos sonoros é um dos destaques), trilha pulsante, edição envolvente (do esteta da transpiração, Daniel Rezende), e ótimo elenco de apoio (com as voltas de Millhem Cortaz, Maria Ribeiro, e a adição de um excepcional Irandhir Santos) abrilhantam ainda mais o imperdível Tropa de Elite 2. O final deixa uma dor no peito, um sentimento de impotência. Mas, essa dor, e esse sentimento são obrigatórios numa obra tõ poderosa. Se tiver de assistir apenas um filme, que seja a segunda, e ainda mais marcante, aparição do Tenente Coronel Nascimento na tela grande. E porque não mais um?
"Aqui missão dada é missão cumprida"



NOTA: 10,0
INFORMAÇÕES ESPECIAIS:
Filmografia de José Padilha: Ônibus 174 (2002; documentário); Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlin por Tropa de Elite (2007); Garapa (2009; documentário); Daniel Rezende indicado ao Oscar de Edição por Cidade de Deus (2002), estréia também como diretor de segunda unidade em Tropa de Elite 2 (2010);

Avacalhação Vampiresca


As sátiras visam sempre os grandes sucessos de bilheteria, e o fraquinho Os Vampiros que se Mordam (Vampires Suck, 2010) dos especialistas em filmes ruins Jason Friedberg e Aaron Seltezer, avacalham com a "Saga" Crepúsculo. De quebra, detonam também com um ou outro sucesso recente, como Querido John e Alice, o fenômeno adolescente Lady Gaga, e dos anos 90, Buffy, a Caça Vampiros.



A trama, não há exatamente uma trama, mas uma colagem de piadas grotescas, com resultados mínimos. Se salvam a piada do Black Eyed Peas, a dança dos "lobos gays", e claro, os comentários e explicações ridículas sobre o romance patético de um vampiro virgem e uma garota sem sal. Com uma fórmula cansada e um elenco indigno, a única boa notícia é que só dura uma hora e vinte, mas ver o trailer faz quase o mesmo efeito de ver a comédia em seus (parcos) melhores momentos, e ainda lhe poupa de algumas bobagens nada engraçadas...

NOTA: 2,0
INFORMAÇÕES ESPECIAIS:
Filmografia de Jason Friedberg e Aaron Seltezer; direção e roteiro em: Uma Comédia Nada Romântica (2006); Deu a Louca em Hollywood (2007); Espartalhões (2008); Super-Heróis: A Liga da Injustiça (2008); roteiro de Duro de Espiar (1996) e Todo Mundo em Pânico (2000);

*Daniel Herculano é estudante de Jornalismo e um observador bem informado. Crítico de cinema formado em cursos com Ana Maria Bahiana (Hollywoodianas/Uol/Globo de Ouro), Pablo Villaça (Cinema em Cena/OFCS), Ruy Gardnier (Jornal O Globo/Contracampo) e Joaquim Assis (Roteirista). Graduado em Comunicação Social, é publicitário, produtor musical e assessor de comunicação. Assina também a coluna Listas em Cena no site Cinema em Cena (www.cinemaemcena.com.br).

Fonte: www.opovo.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir