Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-10-2010

Estudantes protestam e refinarias ameaçam paralisar a França
Os estudantes franceses tomaram o bastão dos sindicatos e mantêm os protestos contra as reformas
Estudantes protestam e refinarias ameaçam paralisar a França
Foto: EPA

Paris, 15 out (EFE).- Os estudantes franceses tomaram o bastão dos sindicatos e mantêm os protestos contra as reformas na previdência proclamadas por Nicolas Sarkozy, enquanto as paralisações nas refinarias ameaçam o país com uma penúria energética de proporções imprevisíveis.

Centenas de postos de gasolina tiveram que fechar por falta de combustível e os aeroportos deixaram de receber querosene para os aviões, segundo dados oficiais.

A situação ainda não é dramática porque as reservas permitem que a maquinaria produtiva continue funcionando. No entanto, se o bloqueio das 12 refinarias do país for mantido, o perigo de escassez de combustíveis será bastante grande.

De manhã, o Governo francês enviou forças policiais para desbloquear quatro depósitos tomados pelos trabalhadores, mas a abertura foi apenas temporária e logo os sindicalistas voltaram a interromper o fornecimento.

Os aeroportos operam com as reservas que tinham acumulado e os postos de gasolina começam a sentir as consequências das ações dos grevistas, embora ninguém detalhe quanto tempo será possível aguentar esta situação.

O Governo segue pedindo calma, pois sabe que o pânico dos consumidores pode levá-los a estocar combustível, o que agravaria a escassez nos centros de abastecimento.

No horizonte já se vislumbra o fantasma de 1995, quando um protesto similar, também contra reformas na previdência, paralisou o país durante vários dias e obrigou o Governo do então primeiro-ministro Alain Juppé a recuar.

As refinarias tomaram o lugar dos trens como ponta de lança das paralisações, enquanto os estudantes se encarregaram de manter viva a chama do protesto nas ruas, bloqueando centenas de escolas e protagonizando enfrentamentos com a Polícia.

Ao contrário dos trabalhadores, que a cada dia de greve têm seu salário descontado, os jovens têm mais tempo livre e mais facilidade para participar das manifestações. Assim, o nível de envolvimento dos estudantes cresce a cada dia e coloca o protesto contra o aumento da idade mínima de aposentadoria nas manchetes dos jornais.

Algumas das manifestações acabaram em confronto com a Polícia e em uma delas um jovem teve que ser levado ao hospital vítima de uma bala de borracha que pode fazê-lo perder um olho.

O ministro do Interior francês, Brice Hortefeux, pediu moderação aos policiais, pois sabe que o uso da força pode provocar uma radicalização dos jovens.

Ainda assim, 150 adolescentes foram detidos nas manifestações, embora o Ministério tenha declarado que eram vândalos que aproveitavam as concentrações para utilizar a violência.

Com a incorporação dos estudantes ao movimento, os sindicatos ganham tempo para seguir com sua oposição e manter a agenda de protestos.

Para amanhã está prevista a segundo grande jornada de mobilizações em menos de um mês e na próxima terça-feira haverá a 10ª convocação de greve geral desde março, um dia antes da data prevista para o Senado votar a alteração na idade de aposentadoria de 60 para 62 anos e de 65 para 67 para a cobrança total da pensão.

Como já fez na Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados), o Governo manteve no Senado a maior parte do texto da reforma e se limitou a fazer algumas concessões que estão muito aquém do que é exigido pelos sindicatos.

Estudantes protestam e refinarias ameaçam paralisar a França

Os estudantes franceses tomaram o bastão dos sindicatos e mantêm os protestos contra as reformas

Fonte: EFE
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir