Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 27-10-2010

BRASIL 2012
O título remete propositalmente ao filme 2012 como metáfora para uma bomba-relógio prestes a detonar uma calamidade.
BRASIL 2012

O título remete propositalmente ao filme 2012 como metáfora para uma bomba-relógio prestes a detonar uma calamidade.

Me parece certa a vitória de Dilma, no próximo dia 31, o que não me parece certo é a sua – dela - consciência do enorme erro que o governo do qual faz parte cometeu em relação à política econômica praticada.

Alardeia-se a criação de 4 milhões de empregos, mas omite-se a demissão de 17 milhões de trabalhadores de carteira assinada e a entrada de 1 milhão de jovens por ano na fila do mercado de trabalho.

Prega-se a descarada mentira do pagamento da dívida externa e omite-se o absurdo aumento da dívida interna.

Entoam-se loas aos milhares de pobres que entraram no mercado de consumo e joga-se para baixo do tapete o maior grau de endividamento (cheques sem fundo etc.) que este país já teve.

Vem da Europa o aviso de que nunca antes nesse país um governo criou uma bolha de ilusão econômica tão grande, mas, justiça seja feita, seguindo a cartilha neo-liberal de FHC e inflando-a com um PaTernalismo / assistencialismo sem precedentes, ou seja: estamos (o governo) gastando mais do que temos na conta, já estouramos o "especial".

França, Grécia, Portugal, Espanha, Inglaterra e Alemanha, entre outros, defrontam-se com o que seus bancos centrais denominam de necessidade de evitar a bancarrota através do equilíbrio entre receita e despesa. Mais uma vez, guardadas as peculiaridades de cada nação, coincidem todas na solução anacrônica e perversa do sacrifício das massas assalariadas. Numa palavra, a supressão de direitos sociais conquistados a duras penas. A conta será enviada para onde sempre foi, ou seja, os ombros dos menos favorecidos. Aqui como na Europa, os especuladores multiplicaram seus ganhos, os banqueiros locupletaram-se com a poupança popular, os investidores criaram ilusões e os governos acobertaram a lambança.

Agora, lá fora, impõem-se a amarga receita que terá de ser aplicada, também, aqui, ou seja: restrições às aposentadorias, dispensas em massa no serviço público (aqui inchado e aparelhado), desemprego nas atividades privadas, redução nos salários, aumento de taxas e impostos, limitação de benefícios trabalhistas, enxugamento da máquina administrativa, corte de gastos e de investimentos públicos, aviltamento da moeda e toda a tradicional receita imposta goela abaixo dos mesmos de sempre, o pobre e a classe média.

O sacrifício dos outros será defendido e praticado por aqueles sempre preparados para preservar suas benesses, prontos para participar até o último momento da farra de seus privilégios, amparados pelo governo.

O problema é que com a nova onda de convulsão econômica à vista, graças à mídia eletrônica, desta vez também vêm chegando até nós as manifestações de protesto, capazes de pegar feito sarampo.

Como a Sra. Dilma exigirá medidas de contenção e sacrifício depois de tão prolongada euforia lulista? Mesmo prevendo-se que continue imposta a mordaça aos movimentos sindicais, a classe média se insurgirá.

E, pra não dizer que não falei de um hipotético governo Serra ele, também, passaria por essa maré negra com o agravante dos sindicatos pelegos / petistas o culparem pela crise.

Sabendo disso, Lula evitou propostas a um 3º mandato, depois da crise, se "sairmos vivos" dela, talvez, aí surja de novo Lula como o Messias, "o salvador da pátria", mas só se as coisas tiverem entrado nos eixos, pois de bobo ele não tem nada.

Fonte: Manoel Manhães
 
Por:  Manoel Manhães    |      Imprimir