Categoria Geral  Noticia Atualizada em 04-11-2010

Turismo de cruzeiros cresce com "minirroteiros"
Brasil é 6º em ranking dos maiores mercados do turismo de cruzeiro. Setor se queixa dos altos custos portuários e da falta de infraestrutura.
Turismo de cruzeiros cresce com
www.g1.globo.com

A crescente procura de turistas por cruzeiros marítimos tem incentivado as empresas que oferecem esse tipo de viagem a manter seus navios em águas brasileiras por mais tempo a cada ano. Nesta temporada, que teve início em setembro e só termina em maio de 2011, algumas embarcações de companhias internacionais ficarão mais tempo no Brasil do que na Europa, de onde a maioria parte e por onde navega durante o resto do ano.

Razões para isso não faltam, segundo o setor, que atribui essa expansão à oferta de roteiros mais curtos, os chamados mini-cruzeiros - e, por isso, mais baratos -, à ampliação das formas de pagamento dos pacotes e ao aumento da renda da população. Neste final de ano, a desvalorização do dólar, moeda utilizada na venda desse tipo de viagem, também tem permitido que as companhias já comemorem os resultados das vendas e planejem a temporada do próximo ano.

Durante a temporada de 2010, a maioria das companhias ampliou o número de meses em que ficarão no país. A CVC, por exemplo, que trará cinco navios ao país, aumentou em dois meses a permanência em território brasileiro, bem como a MSC Cruzeiros, que em vez de atracar seus navios em novembro, como nos anos anteriores, já os trouxe em outubro.

Durante a temporada deste ano, 20 navios virão ao Brasil, dois a mais do que no ano passado, e percorrerão 21 cidades do país em 415 cruzeiros, de acordo com a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar). A expectativa da associação é de que 886 mil turistas façam esse tipo de viagem, número 23% maior em relação à última temporada.

Marli Aparecida dos Santos, 53 anos, é adepta ao turismo em alto mar. Se não fossem os navios, a paulistana disse que não teria percorrido o litoral brasileiro de norte a sul. "Tenho medo de avião. E, além disso, acho que esse tipo de viagem é a mais completa que existe. O próprio navio é um hotel, de cinco estrelas, onde temos acesso a tudo e diversão durante todo o dia e noite", contou.

Depois de embarcar em sete cruzeiros nos últimos anos, Marli e sua família já estão preparados para o próximo, em março do ano que vem. "Quando desembarco de uma viagem já começo a pagar a próxima. Assim não pesa", disse Marli, que vai passar oito noites no litoral do nordeste.

Segundo dados da Cruise Lines Internacional Association (CLIA), o Brasil está em sexto lugar no ranking dos maiores mercados do turismo de cruzeiro. Em primeiro lugar aparecem os Estados Unidos e o Canadá, seguidos por Inglaterra, Alemanha, Itália e Espanha.

"O Brasil tem grande vocação para o turismo. O clima é bom durante praticamente o ano inteiro, não há furacões nem frios rigorosos, ao contrário de outros países. Na Europa, por exemplo, o verão tem curta duração e, nas outras estações do ano, a temperatura é mais baixa", disse o presidente da Abremar, Ricardo Amaral.

Estimativas do setor no país indicam que existem cerca de 20 milhões de pessoas com condições de comprar pacotes turísticos de cruzeiros marítimos. Nos últimos anos, esse segmento de turismo tem registrado crescimento da ordem de 33%, em média, conforme levantamento da Abremar, e emprega a cada temporada perto de 44 mil trabalhadores. Neste ano, deverá passar de 45 mil, segundo Amaral.

A MSC Cruzeiros, que hoje tem o Brasil como seu segundo principal mercado, observou o número de hóspedes no país aumentar 42 vezes em sete anos. Nesta temporada, a empresa terá cinco navios em operação.

"O mercado também se aquece por conta dos impactos econômicos proporcionados pela atividade. Nas 443 escalas previstas pela frota MSC no Brasil, estima-se cerca de R$ 233 milhões em despesas diretas da MSC e R$ 230 milhões de gastos dos hóspedes nos destinos", disse Adrian Ursilli, Diretor Comercial e de Marketing da MSC.

Maior navio no Brasil
Neste ano, além de ampliarem a temporada, as empresas apostam em novidades. A maioria trará mais navios para o país. A Royal Caribbean, por exemplo, trará o Mariner of the Seas, que chegará ao país em fevereiro de 2011 e será o maior navio presente na temporada nacional.

Entre as atrações do navio, há pista de patinação no gelo, parede de escalada, campo de minigolfe, além de bares, boates, quadras esportivas e cassinos, como a maioria das embarcações. Os pacotes são vendidos a partir de R$ 464 por pessoa, que incluem viagem de dois dias de Santos ao Rio de Janeiro.

Outra novidade para os turistas nesta temporada é a vinda do Costa Serena, navio da Costa Cruzeiros, pela primeira vez. Considerado um dos maiores navios da Europa, a embarcação oferece um spa de 6 mil metros quadrados, além de simulador de Grand Prix para quem gosta de esportes.

"Menores e atenciosos"
A aposta da Ibero Cruzeiros é nos navios de menor porte que, de acordo com a companhia, se traduzem em um diferencial, já que permitem uma aproximação maior da tripulação com os passageiros.

"Todos estarão acomodados no mesmo local do evento, o que facilita, e muito, o comparecimento às reuniões e atividades", disse Claudia Del Valle, gerente de Marketing e Vendas da Ibero Cruzeiros. Neste ano, a empresa trará ao país, pela primeira vez, o navio Grand Holiday.

Quem é o turista de cruzeiro?
De acordo com levantamento da Abremar, a faixa etária predominante nos cruzeiros é a de 41 a 50 anos, seguida por turistas de 51 a 65 anos e, por último, de 31 a 40 anos. Do total de pessoas que optam por esse tipo de viagem, 79% afirmam não trocar um cruzeiro por uma estada em resorts.

Entraves
Apesar de o mercado de cruzeiros estar em expansão, o setor se queixa dos altos custos portuários e da falta de infraestrutura dos portos. "O crescimento pode ficar estagnado se não houver investimentos de infraestrutura portuária e adequação dos custos. Existem outros pontos negativos que podem prejudicar, como a falta de berços para atracação e a qualidade dos terminais de passageiros e bagagens", disse o diretor da MSC Cruzeiros.

De acordo com ele, no país, os altos custos de operação portuária não correspondem à infraestrutura oferecida, principalmente, se comparados aos portos internacionais. "Na Europa, os custos são mais baixos e a infraestutura, mais desenvolvida. Mesmo assim, o mercado brasileiro continua sendo vantajoso", afirmou Ricardo Amaral, presidente da Abremar.

Fonte: Anay Cury Do G1, em São Paulo
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir