Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-11-2010

Dilma crítica política monetária americana
A presidente eleita, Dilma Rousseff, criticou ontem a política monetária americana, mas afirmou que a substituição do dólar por uma cesta de moedas como moeda de valor internacional, proposta na véspera pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), é somente uma
Dilma crítica política monetária americana
Foto: /www.abola.pt

"Essa é uma das posições. Tem várias na mesa. Será uma questão de negociação. A melhor saída seria não haver a desvalorização do dólar, essa seria a solução", disse Dilma, em rápida entrevista no saguão do hotel onde está hospedada.

"Essa é uma questão que sempre causou problema, a política do dólar fraco faz com que o ajuste americano fique na conta das outras economias", disse ela, que viajou com Mantega e chegou um dia antes da comitiva do presidente Lula.

A presidente eleita ecoou o coro de países como Alemanha e China, que consideram uma desvalorização disfarçada a decisão americana de irrigar a economia com US$ 600 bilhões no próximos oito meses.

Questionada sobre o que o Brasil poderia fazer a respeito, Dilma recorreu à ironia: "Nós não controlamos, pelo que eu saiba, o Federal Reserve [banco central americano]".

Sobre a ideia de Mantega, Dilma lembrou que a proposta de uma cesta de moedas não é nova e que chegou a ser defendida pelo economista britânico John Maynard Keynes durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944.

"Eu não acho que [a criação de uma cesta de moedas] seja uma questão de vontade. Porque, se fosse uma questão de vontade, já teria sido feita."

Crítica de Washington, Dilma não vê problemas no yuan chinês, constantemente acusado pelos EUA e por outros países de estar artificialmente desvalorizado. "A moeda chinesa está vinculada ao dólar, e o dólar está desvalorizado, e essa é questão."

Por outro lado, disse que "não é bom para o Brasil" ter a moeda mais valorizada do G20. "Nós vamos ter olhar cuidadosamente, tomar todas as medidas possíveis."

Questionada sobre quais serão as medidas, Dilma recorreu a outro britânico: "Tem uma história do Churchill que perguntaram pra ele: "Você vai fazer tal medida?". Ele fala que não. Aí ele vai, entra, toma a medida e sai. E aí os repórteres perguntam: "Mas como? Você disse que ele não ia tomar?" E ele falou: "Tem certas medidas que a gente não confessa nem pra nós mesmos".

Na mesma linha, Dilma se recusou a falar se Mantega continuará na Fazenda.

A presidente eleita enfatizou ainda que a sua participação na cúpula do G20 ainda não será na condição de um chefe de Estado. "Eu, minha querida, não tenho voz aqui ainda", respondeu a uma repórter. "Terei a posição similar do que está sendo defendida agora."




Fonte: www.24horasnews.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir