A presidente eleita, Dilma Rousseff, criticou ontem a política monetária americana, mas afirmou que a substituição do dólar por uma cesta de moedas como moeda de valor internacional, proposta na véspera pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), é somente uma
Foto: /www.abola.pt "Essa é uma das posições. Tem várias na mesa. Será uma questão de negociação. A melhor saída seria não haver a desvalorização do dólar, essa seria a solução", disse Dilma, em rápida entrevista no saguão do hotel onde está hospedada.
"Essa é uma questão que sempre causou problema, a política do dólar fraco faz com que o ajuste americano fique na conta das outras economias", disse ela, que viajou com Mantega e chegou um dia antes da comitiva do presidente Lula.
A presidente eleita ecoou o coro de países como Alemanha e China, que consideram uma desvalorização disfarçada a decisão americana de irrigar a economia com US$ 600 bilhões no próximos oito meses.
Questionada sobre o que o Brasil poderia fazer a respeito, Dilma recorreu à ironia: "Nós não controlamos, pelo que eu saiba, o Federal Reserve [banco central americano]".
Sobre a ideia de Mantega, Dilma lembrou que a proposta de uma cesta de moedas não é nova e que chegou a ser defendida pelo economista britânico John Maynard Keynes durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944.
"Eu não acho que [a criação de uma cesta de moedas] seja uma questão de vontade. Porque, se fosse uma questão de vontade, já teria sido feita."
Crítica de Washington, Dilma não vê problemas no yuan chinês, constantemente acusado pelos EUA e por outros países de estar artificialmente desvalorizado. "A moeda chinesa está vinculada ao dólar, e o dólar está desvalorizado, e essa é questão."
Por outro lado, disse que "não é bom para o Brasil" ter a moeda mais valorizada do G20. "Nós vamos ter olhar cuidadosamente, tomar todas as medidas possíveis."
Questionada sobre quais serão as medidas, Dilma recorreu a outro britânico: "Tem uma história do Churchill que perguntaram pra ele: "Você vai fazer tal medida?". Ele fala que não. Aí ele vai, entra, toma a medida e sai. E aí os repórteres perguntam: "Mas como? Você disse que ele não ia tomar?" E ele falou: "Tem certas medidas que a gente não confessa nem pra nós mesmos".
Na mesma linha, Dilma se recusou a falar se Mantega continuará na Fazenda.
A presidente eleita enfatizou ainda que a sua participação na cúpula do G20 ainda não será na condição de um chefe de Estado. "Eu, minha querida, não tenho voz aqui ainda", respondeu a uma repórter. "Terei a posição similar do que está sendo defendida agora."
Fonte: www.24horasnews.com.br
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