Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 19-11-2010

POR QUE SE DROGAR?
Em meu minist�rio na �rea da espiritualidade, tenho me encontrado com cada vez mais pessoas (e cada vez mais jovens e mais entregues) que se envolveram com subst�ncias entorpecentes e querem desesperadamente sair dessa experi�ncia.
POR QUE SE DROGAR?
Foto: www.maratimba.com

Por isso, tem me intrigado cada vez mais a reflex�o sobre os fatores que motivam algu�m a buscar os t�xicos, ou a eles se deixar levar.

N�o quero fazer um discurso moralista afirmando que as drogas n�o trazem bem algum para a pessoa; afinal, o al�vio, a expans�o da consci�ncia, o relaxamento, a perten�a a um grupo, a sensa��o de liberdade e autonomia s�o bens em si mesmos. N�o nos iludamos: deve ser muito prazeroso quando a coca�na ou o crack, por exemplo, entram no organismo humano com seus efeitos alucin�genos; sen�o n�o faria esse sucesso todo. N�o quero tratar aqui o uso das drogas il�citas como crime nem como pecado, porque muit�ssimo j� se disse nesse sentido.

N�o pretendo tamb�m abordar a argumenta��o cient�fica, m�dica, qu�mica. Por dois motivos: 1�) n�o � minha especialidade e n�o est� sob a minha compet�ncia anal�tica; 2�) esses argumentos j� chegaram ao senso comum e j� viraram clich�s sem, contudo, surtirem o efeito desejado (afinal, todos conhecem tamb�m os riscos comprovados do sexo desprotegido, do tr�nsito sem cinto de seguran�a, da alimenta��o carregada de gordura; e nem por isso a sociedade vem deixando de abusar de tudo isso em larga escala).

Tampouco quero enfocar os estudos sociol�gicos, culturais ou pol�ticos a respeito das drogas, porque costumam ser relativos e nem t�o razo�veis assim. Na verdade, est�o se drogando os pobres e os ricos, na cidade e no campo, universit�rios e analfabetos, adolescentes e cinquent�es. Alegar que o problema todo � a seguran�a nas fronteiras, a corrup��o policial, a m� vontade pol�tica, a impunidade, criminalizar ou legalizar a drogadi��o... tamb�m n�o explica o fen�meno, pois ele vem acontecendo tamb�m em na��es ricas e desenvolvidas.

Meu olhar se det�m no desejo e na curiosidade, que me parecem ser as duas maiores causas da inicia��o � sobretudo do jovem � no ambiente das drogas il�citas. O homem � um ser que deseja e sabe que deseja. Esse desejo � muito mais que puls�o natural. E o homem � um ser curioso, que deseja experimentar tudo para s� depois concluir o que � bom ou ruim. Temos que abrir o jogo. A quest�o das drogas tem que ser tratada na fam�lia, sem preconceitos, medos e tabus, mas com clareza e objetividade. Essa discuss�o tem que encontrar franco espa�o nas religi�es, nas artes, nos meios de comunica��o social.

O caminho para a cura desse mal s� estar� aberto quando a pessoa puder falar sobre isso sem ser estigmatizado em casa, na igreja, na escola, no trabalho e no c�rculo de amizades. Falar e discutir abertamente, priorizando n�o a l�gica da oferta-procura, mas a do custo-benef�cio.

Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir