Categoria Informativo  Noticia Atualizada em 26-11-2010

Air France responsabiliza Airbus por defeito em avião do voo 447
Tragédia em 2009 matou os 228 ocupantes do A-330 que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris
Air France responsabiliza Airbus por defeito em avião do voo 447
Foto: 3.bp.blogspot.com

A empresa aérea Air France pretende transferir a responsabilidade judicial à fabricante de aeronaves Airbus por um suposto defeito na aeronave que caiu no dia 1º de junho de 2009, quando cobria a rota Rio de Janeiro-Paris, matando os 224 ocupantes, revelou o jornal Libération nesta sexta-feira (26).

O jornal francês publicou um relatório elaborado pela Air France e entregue no final de setembro à juíza que investiga o acidente na França. Nele, a companhia aérea detalha que a Airbus teria negligenciado os alertas sobre os incidentes que a empresa aérea vinha verificando com as sondas Pitot. Essas sondas, que medem a velocidade e são fabricadas pela companhia francesa Thales, teriam falhado após ficarem cobertas por uma camada de gelo.

A Air France alega que os aparelhos já tinham apresentado o mesmo tipo de problema em 15 ocasiões nos dez meses que precederam o acidente e afirma ter advertido a Airbus. No documento entregue à juíza Sylvia Zimmermann, o advogado da companhia francesa, Fernand Garnault, se queixa que os inúmeros avisos enviados ao fabricante ficaram "sem recomendações nem soluções permanentes que resolvessem esse problema", apesar do "caráter crítico e da periculosidade dos defeitos".

Garnault justifica a pertinência do relatório pelo "caráter injusto" dos ataques feitos à Air France por parte das famílias das vítimas e dos pilotos, que criticam o fato de não ter sido "feito nada" para resolver os problemas com as sondas.

De acordo com as mensagens trocadas entre a Air France e a Airbus divulgadas pelo Libération, a companhia alertou o fabricante do A-330 pela primeira vez no dia 30 de julho de 2008, após ter constatado dois incidentes em maio e julho daquele ano. Em setembro de 2008, a empresa fez outro alerta, no qual dizia que os inúmeros casos ocorridos em quatro meses representavam "uma grande inquietação para Air France".

A Airbus confirma que "a causa fundamental (dos incidentes) é o bloqueio da sonda "Pitot", devido a um rápido acúmulo de cristais de gelo", mas tranquiliza o cliente insistindo que as sondas "cumprem ou superam as exigências regulamentares". O fabricante desaconselha a troca das sondas da Thales pelas da americana Goodrich porque não haviam sido feitos testes e não seria possível substituí-las em todos os aviões, e propõe utilizar um novo modelo, também da Thales. Após o acidente, as autoridades europeias da segurança aérea decidiram substituir as sondas da Thales pelas da Goodrich.

O relatório da Air France é uma manobra que integra os procedimentos judiciais que devem culminar no estabelecimento de responsabilidades e na fixação de indenizações para as famílias das vítimas. A Justiça brasileira já opinou no caso de uma delas e condenou a Air France a pagar R$ 2,64 milhões. No Brasil há cerca de 40 processos abertos, e outros tantos nos Estados Unidos, onde os tribunais chegam a estabelecer indenizações de até R$ 9,2 milhões por pessoa.

O governo francês anunciou nesta quinta-feira (25) que iniciará, em fevereiro de 2011, uma nova operação de buscas pelos destroços do avião da Air France, a quarta a ser efetuada. Nas três primeiras, foram recuperados alguns restos do avião e 50 corpos, mas não as caixas-pretas do aparelho, fundamentais para esclarecer as circunstâncias do acidente.

Em suas conclusões preliminares, os investigadores apontaram que o problema das sondas de velocidade pode ter influenciado na queda do avião, mas que esse motivo por si só não permite explicar a tragédia.

Fonte: noticias.r7.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir