Categoria Economia  Noticia Atualizada em 26-11-2010

Portugal adota orçamento de austeridade mas segue ameaçado
Ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos
Portugal adota orçamento de austeridade mas segue ameaçado
Foto: AFP

LISBOA — O Parlamento português aprovou em definitivo nesta sexta-feira o orçamento de austeridade para 2011, que deve permitir ao país reduzir drasticamente o déficit, mas os cortes podem ser insuficientes para afastar os riscos de um cenário parecido com Grécia ou Irlanda.

"Este orçamento inclui medidas muito difíceis e exigentes para todos os portugueses. Mas não há outra alternativa para tirar Portugal do centro de uma crise financeira de grandes dimensões", declarou o primeiro-ministro português José Sócrates.

O orçamento de 2011, que busca reduzir o déficit de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) previsto este ano para 4,6% no fim de 2011, foi aprovado com os votos dos socialistas que governam o Estado, mas que são minoria no Parlamento, e a abstenção da oposição de centro-direita, segundo um acordo fechado em outubro.

No entanto, a aprovação do orçamento não foi suficiente para tranquilizar os mercados, convencidos de que Portugal será o próximo país da Eurozona a pedir um resgate financeiro, depois de Irlanda e Grécia.

"O voto do Parlamento não mudará nada", opinou o analista Filipe Silva, do Banco Carregosa.

"Portugal depende mais de fatores como a situação da Irlanda, Espanha ou de declarações de dirigentes europeus e nacionais".

Nesta sexta, o jornal Financial Times Deutschland afirmou que Portugal estava sendo pressionado pelo Banco Central Europeu (BCE) e vários países da Eurozona para que solicite uma ajuda financeira, com o objetivo de evitar um contágio à Espanha, segundo uma fonte do ministério alemão de Finanças.

Mas o governo de Portugal negou qualquer pressão do BCE e de países da Eurozona.

"Portugal desmente qualquer pressão do BCE ou dos países europeus para que Portugal solicite ajuda", declarou à AFP uma fonte do gabinete de Sócrates, que também chamou de "totalmente falsas" as informações neste sentido publicadas pelo jornal alemão.

O ministério alemão das Finanças e a Comissão Europeia também desmentiram pressões sobre Portugal.

As taxas de juros dos títulos portugueses a 10 anos atingiram um novo recorde desde a adoção do euro, a 7,121%.

"O ataque dos mercados às dívidas soberanas, em particular dos países denominados periféricos, é um teste para a vontade e a capacidade dos países na alça de mira, mas também, e sobretudo, da Eurozona", afirmou o ministro português das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos.

O orçamento aprovado é baseado em um plano de ajuste que inclui cortes de salários, o aumento de impostos e a redução dos benefícios sociais. A aplicação do pacote deve reduzir consideravelmente o poder aquisitivo em um país que tem salário mínimo inferior a 800 euros.

Na quarta-feira, quase três milhões de pessoas aderiram à greve geral convocada pelos dois principais sindicatos portugueses de forma conjunta, o que não acontecia há 20 anos.

Portugal adota orçamento de austeridade mas segue ameaçado

Ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos


Fonte: AFP
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir