Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 30-11-2010

POR UMA PAZ POSSÍVEL
Estamos assistindo à ocupação militar dos complexos de favelas no Rio de Janeiro onde o tráfico de entorpecentes dominava desde há 30 anos.
POR UMA PAZ POSSÍVEL

Quilos e mais quilos de drogas estão sendo apreendidos, bem como muitas armas pesadas que serviam ao verdadeiro exército de jovens seduzidos por esse comércio rentável de tóxicos.

Mas ficam algumas perguntas a serem respondidas: o que acontecerá agora com o mercado das drogas na cidade do Rio? Vale aí a mesma lei capitalista da oferta e da procura? O preço vai subir? Para onde foi todo esse material apreendido? E os traficantes que fugiram? Estão mesmo derrotados ou têm poder de recuperação?

Outra dúvida que não quer calar: por que essa operação não foi feita antes? Se foi tão fácil agora a implantação da ordem nessas favelas, o que vinha impedindo as forças de segurança de subir os morros e assumir o controle da situação? Os mais conservadores estão tentando acusar os defensores dos direitos humanos, alegando que eles acabam atrapalhando a polícia de agir. Outros já apontam que, antes, a polícia não conseguia entrar nas comunidades porque agia com muita brutalidade; agora que os repórteres adquiriram também coletes a prova de balas e estão dispostos a subir para registrar tudo, e que as ordens superiores são expressamente no sentido de implantar uma tática de pacificação, respeito às pessoas, garantindo a integridade física dos criminosos, tudo se tornou possível e viável.

Com o foco nos mantenedores históricos do sistema, pergunta-se também: o que vão fazer os dependentes químicos que ficam na falta do material para suprir seu vício? Haverá um surto coletivo de crise de abstinência na metrópole? Há clínicas suficientes para conter esses desesperados? Quem assistiu a filmes como "Cazuza – o tempo não para", "Cidade de Deus", "Meu nome não é Jhonny", "Tropa de elite" e "5 x favela – agora por nós mesmos" vive se perguntando como resolver essa grande contradição: a classe média que sofre com a violência e protesta junto à segurança pública é mãe e pai da juventude desregrada que acorre ao traficante. A mesada irresponsável que sai da zona sul financia todo um sistema internacional de tráfico de armas e drogas.

Para que operações como essas efetivamente deem certo, é preciso que a moralidade entre não só nas favelas, mas também nas boates e festas onde a cocaína alucina as noites. Não é só com o cinematográfico caveirão e os pesados tanques da Marinha que o Estado conseguirá impor o direito e a justiça que garantam a paz social. É preciso também vencer, com outras armas, a hipocrisia pequeno-burguês dos "filhinhos de papai" e o indiferentismo descomprometido da juventude.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir