Categoria Economia  Noticia Atualizada em 08-12-2010

Aumento na renda do brasileiro faz inflação dos alimentos subir quase 9% no ano
Carrinho do supermercado está mais gordo
Aumento na renda do brasileiro faz inflação  dos alimentos subir quase 9% no ano
Foto: Getty images

Sérgio Vieira

Com mais dinheiro no bolso, o brasileiro passou a consumir muito mais carne bovina, frango, feijão, leite e outros produtos alimentícios neste ano.

Com isso, a inflação do grupo de alimentos, entre janeiro e novembro deste ano, está 8,95%, valor bem superior ao registrado no mesmo período do ano passado – quando estava em 2,69%. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Somente no mês de novembro, a inflação da comida ficou em 2,22%, sendo o maior valor já registrado desde dezembro de 2002 – quando a inflação estava em 3,91%.

De acordo com Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, este ano a influência dos alimentos neste ano está muito forte (somente este grupo pesa 22% na composição do IPCA, que é a inflação oficial usada pelo governo).

- A inflação dos alimentos de 2007 a 2010 subiu 38,38%, enquanto no mesmo período, a oficial ficou em 21,45%. Em 2007 e 2008, houve demanda muito aquecida, com os países asiáticos consumindo bastante, já que houve seca na Austrália e em algumas regiões brasileiras. Este ano, pesa a influência da Rússia, que está colaborando para que o trigo e outros cereais fiquem bem mais caros.

No mês passado, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) atingiu o maior patamar em novembro desde 2005, de 0,83%. Há cinco anos, o indicador estava em 0,87%.

Com isso, a inflação acumulada no ano - medida entre janeiro a novembro - já está em 5,63%. Embora esteja afastado do centro da meta, de 4,5%, o valor ainda está na margem de oscilação, de dois pontos para cima ou para baixo.

A inflação só não ficou maior, segundo Eulina, porque o grupo Transportes (que pesa 20% na contribuição do índice) tem apresentado um comportamento controlado, já que o setor tem grande efeito sobre o custo de vida e no orçamento das famílias.

- Os transportes têm servido como âncora e segurado a inflação já que os combustíveis não encareceram ao longo do ano e também não houve pressões nas tarifas de transportes públicos. Das 11 regiões que o IBGE pesquisa, só cinco reajustaram as passagens.

O aumento no grupo alimentício é generalizado, com algumas regiões sofrendo bem acima da média nacional, com destaque para Goiânia e Brasília e Curitiba, que já ultrapassam 10%.

- Com o crescimento da renda, a tendência é a população consumir mais carne. Isso ocorre de forma bem visível no Brasil. O problema é que ocorreu seca, os pastos ficam prejudicados e o produtor precisa utilizar ração, que está mais cara e por consequência, aumenta o preço da carne.

Outros alimentos, acompanhando a alta da carne, ficam mais caros já que substituem o produto, como o frango e a salsicha, que nos últimos 11 meses (janeiro a novembro) foram reajustados em 9,42% e 7,53%, respectivamente.

Despesas pessoais

Além dos alimentos, outros grupos também exercem pressão na inflação. O IBGE aponta forte alta dos vestuários e das despesas pessoais. Nas despesas, chama a atenção a influência dos salários dos empregados domésticos, que proporcionaram um crescimento nos preços dos serviços de costuras, cabeleireiro e manicure.

- Estes serviços estão vinculados com o aumento de renda. Com mais dinheiro e a chegada do final do ano, estes produtos costumam ficar mais caros.

Dos mais de 300 itens que compõem o índice do IBGE, 39 contribuíram com 90% da inflação ao longo dos últimos 11 meses. Nas dez primeiras posições, observamos a carne, o e empregado doméstico, a refeição fora, os colégios, os ônibus urbanos, os planos de saúde, o aluguel residencial, o leite pasteurizado, o feijão carioca e os calçados.

- Já podemos apontar o grupo alimentos como os responsáveis pela inflação do ano de 2010.

Aumento na renda do brasileiro faz inflação dos alimentos subir quase 9% no ano

Com mais dinheiro no bolso, brasileiros estão consumindo mais carne, leite e feijão

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir