Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-12-2010

Após decisão judicial, aeroviários recuam e suspendem greve
O presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aéreo, Uébio José da Silva, anunciou nesta quinta-feira que a greve da categoria está suspensa.
Após decisão judicial, aeroviários recuam e suspendem greve
Foto: noticias.terra.com.br

"Está suspenso qualquer movimento de greve até o dia 7 de janeiro em solidariedade à população e respeitando a decisão judicial". Os aeroviários também fizeram uma manifestação no hangar do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, nesta manhã.

Uébio afirmou que a categoria entrou em contato com a Gol e a TAM hoje pela manhã e já abriu um canal de conversa sobre as negociações salariais. Nenhuma reunião para discutir o reajuste salarial foi marcada até o momento. Segundo Uébio, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas, Márcio Mollo, disse, em conversa por telefone nesta manha, que as empresas autorizaram uma contraproposta de reajuste de 8% diante dos 6,5% feitos anteriormente. O presidente da TAM, no entanto, não confirmou essa contraproposta.

"As empresas aéreas também são reféns do governo federal, que tem que olhar para o setor como estratégico", disse Uébio. Ele descartou também que seja feita uma operação padrão nos aeroportos para "substituir" a greve.

O presidente da Federação rebateu as críticas de que uma greve às vésperas das festas de fim de ano seria oportunista e a declaração feita ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que classificou a hipótese de "irresponsabilidade". "Os trabalhadores não são oportunistas. Sempre nos pautamos pela negociação. O que ocorre hoje no País é que o sistema aeroportuário é jurássico. Qualquer mudança climática gera o caos nos aeroportos", disse, reiterando que falta estrutura nos aeroportos para suportar o aumento da demanda, além de investimentos no setor.

Ele também criticou a demora da decisão do TST sobre a reivindicação dos trabalhadores. "A negociação com as empresas esta sendo feita desde setembro, mas apenas na noite de ontem a Justiça se manifestou. A Justiça foi morosa".

A categoria recebeu uma outra decisão judicial assinada pelo juiz Itagiba Catta Preta Neto, titular 4ª Vara Federal do DF, despachada ontem às 22h05, a pedido do Ministério Público Federal. Segundo a decisão, às vésperas das festividades de fim de ano e posse de presidente e governadores, a manifestação foi considerada "oportunista e abusiva". "É o bom nome do próprio país no cenário internacional que está em jogo", diz o juiz no documento. A decisão inclui também uma multa de R$ 3 mi em caso de greve.

Nesta quarta-feira, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Milton de Moura França, concedeu liminar determinando que sejam mantidos em atividade 80% do efetivo dos aeronautas e aeroviários, de forma a viabilizar o transporte aéreo em todo o território nacional no período compreendido entre 23 de dezembro de 2010 e 2 de janeiro de 2011.

Além disso, o ministro fixou multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento da ordem. A liminar atende ação cautelar preparatória de dissídio de greve, movida procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito Lopes.

Apesar da suspensão da greve, o índice de atrasos das companhias aéreas registrado pela estatal que administra os aeroportos, Infraero, era de 30,1%, entre 544 partidas domésticas programadas entre 0h e 8h desta quinta-feira. A TAM tinha o maior índice, 47,3% de 188 voos programados no acumulado e 13,3% de atrasos entre 7h e 8h.

Já a rival Gol mostrava atrasos em 29,6% em um total de 186 decolagens programadas até às 8h. Na última hora, a empresa tinha apenas um voo atrasado, índice de 0,5%.

"Desconfiamos que seja reflexo da madrugada, choveu muito, mas a situação agora é normal", informou inicialmente a segunda maior companhia aérea do país.

Os trabalhadores iniciaram a campanha salarial em setembro, para uma data-base em 1o de dezembro. Aeroviários chegaram a reduzir demanda de reajuste de 15 para 13 por cento, enquanto aeronautas cobravam aumento de 15 por cento.

Ambas as categorias buscavam ainda um aumento de 30 por cento no piso salarial. As companhias aéreas se mantiveram firmes nas negociações, apostando em um cancelamento da greve e oferecendo reajuste baseado apenas na reposição da inflação pelo INPC, de 6,5%, o que representa um aumento real de ligeiros 0,4 por cento, segundo a Fentac.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir