Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 14-02-2011

QUE TAL SER PROFESSORA POR UM DIA?
� sempre imensa, parece at� �mochila de ar� de astronauta, pensando bem, n�o seria m� ideia, pois ao longo do dia, se ouve cada coisa que tem hora que d� vontade de ir morar na lua.
QUE TAL SER PROFESSORA POR UM DIA?
Foto: www.maratimba.com

O dia-a-dia de uma professora come�a de madrugada, quando perde o sono pensado em como conquistar a simpatia do Jo�ozinho, a disciplina do Carlinhos e a aten��o da Marianinha. Ap�s horas remoendo, chega a algumas conclus�es, busca papel e caneta, � preciso anotar, os neur�nios n�o respondem mais como antes, a mente parece cansada, n�o sei por que, mas pensar, �s vezes, cansa... E se lembrar de certas coisas, ent�o, nem se fala!
Volta a cochilar, mas j� � hora de acordar, o despertador anuncia. Levanta-se, faz uma ora��o em prol do trajeto que far� at� a escola, que Deus a proteja daquele pai de aluno que est� t�o bravo; outra pela m�e do aluno x que quer jog�-la pela escada; pede tamb�m pela reuni�o que, certamente, haver� na hora do recreio, que ningu�m se mate naquele lugar, afinal, est�o todos t�o estressados! N�o pode se esquecer do outro turno que ter� de enfrentar e l� v�m intercess�es... A essa altura, j� � tempo de tomar banho, fazer a higiene bucal, tomar caf�, novamente higiene bucal, se arrumar, nada de chinelo arrastando e soutien saltando pela al�a da blusa, precisa estar apresent�vel. Filtro solar, corretivo facial para disfar�ar as olheiras deixadas pela ins�nia, um batonzinho pra quem gosta e cai bem, joga o material �s pressas dentro da bolsa, bolsa n�o, mala pedag�gica, nunca vi carregar tanta bugiganga igual professora! E ainda reclama da mochila pesada do aluno, mas a dela pesa quase "trocentos" quilos. E � sempre imensa, parece at� "mochila de ar" de astronauta, pensando bem, n�o seria m� ideia, pois ao longo do dia, se ouve cada coisa que tem hora que d� vontade de ir morar na lua.
Ent�o, vai fazendo a ora��o e o desjejum ao mesmo tempo, uma mordida no p�o e uma prece para cada "santo" que lhe vem � cabe�a; segue para a arruma��o e quando acaba a maratona do "reboco" no rosto, roupa adequada, material devidamente arrumado, filho "engomadinho" pra ir � aula ou aos berros no colo da bab� (quando esta n�o se atrasa), ufa, am�m.
Sai apressada, chega ao trabalho, ouve as perguntas rotineiras: "Tudo bem, fulana?" "Por que n�o foi � forma��o ontem � noite?" "Ah, sabe dizer se j� saiu a progress�o?" "E a atualiza��o prevista no artigo 5� da lei do PSPN, ser� mesmo de acordo com o �ndice do FUNDEB, considerando o piso de R$ 1.312,85 ou insistir�o no valor de R$ 950,00 at� nos aposentarmos"? Responde automaticamente:

"Mist�rio, colegas! Depende da vontade pol�tica e da nossa inimiga "folha", lembram-se dela?"
Do p�tio vem o som "suave" das crian�as brincando, a coordenadora "calm�ssima" pedindo que se comportem. Logo em seguida, ouvem-se passos cadenciados, s�o os "anjinhos" em fila, caminhando para a sala em uma harmonia que quase se pode confundir com uma prociss�o.

Chegando � sala de aula, ela se "diverte" enquanto tenta conversar sobre boas maneiras com um, sobre bulling com outro; do lado oposto do recinto, come�a uma demonstra��o de jiu-j�tsu, jud� ou qualquer arte marcial. Interrompe o assunto e corre l� para lembrar que n�o est� na hora da competi��o. Os mais comportados aproveitam para colocar o papo em dia, e fazem isso em tom t�o baixo que daria para acordar a Bela Adormecida.
Quando, finalmente, a aula tem in�cio, um quer usar o sanit�rio, outro est� quase desmaiando de sede, com raz�o, afinal, falar e se movimentar excessivamente d� sede; al�m disso, beber �gua faz bem � sa�de, como impedi-los de sair de sala para tal?
E assim, entre uma e outra adversidade, a aula segue at� o recreio, novamente ouve-se o som que soa como b�lsamo aos ouvidos.

Sala dos professores, ufa, afinal, professor tem direito a vinte minutos para descansar, lanchar, beber �gua, ir ao banheiro, esses dois �ltimos, em alguns casos, n�o h� a menor possibilidade de faz�-los no decorrer da aula sem que, na volta, encontre uma "agrad�vel surpresa"!
Nossa! Como passa r�pido! J� bateu o sinal?
E mais uma vez, o mesmo processo at� a hora da sa�da.
Se tiver sorte, consegue sair sem ser derrubada em algum degrau e chegar ilesa ao outro col�gio, onde alunos diferentes, mas com caracter�sticas muito parecidas a esperam.
Sobrevive bravamente at� o final do dia. Sai da escola com a sensa��o de dever cumprido, recebendo beijinhos, abra�os e acenos dos levados e ao mesmo tempo, ador�veis alunos, sem os quais o ambiente escolar torna-se vazio e sem sentido.

Chega em casa numa "tranquilidade invej�vel", vai cuidar dos afazeres dom�sticos, dos filhos, quem os tem... Da� a pouco, chega o marid�o e "carinhosamente" pergunta: "Mulher, por que o jantar AINDA n�o est� pronto"? Ela, educadamente, engole todas aquelas palavras "bonitas" que gostaria de proferir, afinal, � uma professora, e responde com toda a delicadeza do mundo:

"PORQUE VOC� AINDA N�O FEZ"!!!

Diante disso, fica mesmo "dif�cil" associar a vida dessa profissional ao que Marx chamava de "Mais Valia". Mais "complexo" ainda � compreender por que essas mulheres costumam ter dificuldades em sua viv�ncia familiar. Talvez por isso, apenas por isso, "perdoamos" aqueles que nos crucificam, e o fazemos ainda melhor se tivermos com TPM.


NOTA: Meu abra�o �s queridas companheiras, guerreiras e brilhantes profissionais da Educa��o e, um especial para aquelas que pediram que eu escrevesse algo sobre N�S. A� est�, amigas! Bjs.





Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Elizabete Oasky    |      Imprimir