Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-02-2011

Ainda não é desta que a Alemanha ocupa a presidência do BCE?
A saída inesperada de Axel Weber da corrida baralhou (ainda mais) os dados. Analistas acreditam agora que Itália pode ficar com a liderança do BCE, não obstante a vice-presidência estar nas mãos de Vítor Constâncio, também vindo do Sul, a "região" mais in
Ainda não é desta que a Alemanha ocupa a presidência do BCE?
Foto: www.jornaldenegocios.p

Nos últimos dias, o turbilhão na Europa deixou de estar apenas centrado na crise da dívida e deslocou-se para a corrida à presidência do Banco Central Europeu (BCE).

Uma corrida em que a Alemanha levava a dianteira e que agora parece estar a perder – e por "culpa" própria: devido à escolha de Jens Weidmann (ao lado, na foto) para a presidência do Bundesbank (Banco Central da Alemanha).

Segundo uma análise da Bloomberg, essa perda de hipóteses faz sentido pela simples razão de que não podem estar dois membros da mesma nação na Comissão Executiva do BCE.

A escolha de Jeans Weidmann para liderar o Bundesbank, cargo deixado vago com a demissão inesperada de Axel Weber (que a maioria contava como certo na sucessão a Jean-Claude Trichet) deverá fazer com que o alemão Jürgen Stark continue na Comissão Executiva do BCE, quando se antecipava que este fosse o sucessor de Weber no banco central alemão.

Caso Stark continue no órgão máximo do BCE (o seu mandato termina dentro de três anos) fica praticamente anulada a possibilidade de um seu compatriota chegar à mais alta função da instituição europeia, dado o entendimento que nenhum país - nem mesmo a Alemanha - poderá ter dois lugares entre os seis que compõem o "directório" da autoridade monetária europeia. Klaus Regling, presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, tem assim o caminho mais dificultado para aceder ao cargo – embora haja dúvidas sobre se também ele deseja, de facto, ocupar o lugar de Trichet a partir de Outubro.

"Do ponto de vista alemão, é uma hipótese perdida. Um alemão iria ser a melhor opção para explicar aos seus compatriotas porque é que os países periféricos precisam de ajuda", salientou Holger Schmieding, da Berenberg Gossler.

A demissão de Axel Weber do Bundesbank não só foi surpreendente como também o anúncio de que não se iria candidatar à presidência do BCE levantou a questão de quem vai, então, liderar a entidade, já que ele era apontado como uma possível solução.

De acordo com consultas realizadas pela Bloomberg, para a Nomura e o ING os candidatos mais prováveis são os da Itália e da Finlândia. "Esperamos que a Merkel concorde num candidato não alemão em troca de concessões no próximo acordo no fim de Março, especialmente dos países mais pequenos", refere Jens Sondergaard, da Nomura.

A influência de Constâncio na selecção do italiano Mario Draghi

Na frente parece estar o italiano Mario Draghi, governador do Banco de Itália. A sua experiência como presidente da Comissão de Estabilidade Financeira é um ponto a favor, ainda que a imprudência orçamental da Itália seja um ponto prejudicial, de acordo com a análise. Também se pode acrescentar o alegado envolvimento de Berlusconi em casos de sexo com menor e abusos de poder como um factor menos positivo na sua candidatura.

Além disso, também o facto de Vítor Constâncio ser vice-presidente do BCE pode levar a que Draghi não seja escolhido, por ser um representante do sul europeu. O apoio da França poderá ser dirigido ao italiano, já que a sua entrada poderá levar um francês a ingressar na Comissão.

O finlandês Erkki Liikanen e o luxemburguês Yves Mersch são os outros dois possíveis nomes a liderar as rédeas do BCE. O economista Nouriel Roubini veio já afirmar que Mario Draghi é o candidato mais adequado para o cargo.

No entanto, a ministra das Finanças francesa, Christine Largarde, e o porta-voz de Merkel vieram já ontem dizer que a nacionalidade não devia ser a razão para a escolha do presidente da instituição financeira europeia.


Fonte: www.jornaldenegocios.p
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir