Correspondente do jornal em Paris foi preso na região de Zawiya, cenário de duros confrontos das forças de Kadafi com rebeldes
Foto: ultimosegundo.ig.com.br O repórter do O Estado de S. Paulo Andrei Netto, um dos enviados do jornal à Líbia, está em processo de libertação no país do norte da África, segundo informou o embaixador da Líbia no Brasil, Salem Ezubedi. A informação foi dada ao iG pela editora-executiva do jornal Luciana Constantino, que também afirmou que o repórter foi localizado a oeste da capital Líbia, Trípoli. O diário ainda não conseguiu um contato direto com Netto.
Em seu site, o jornal afirmou que Ezubedi passou a informação sobre a situação de Netto por telefone aos senadores Paulo Paim (PT-RS), que preside a comissão, e Eduardo Suplicy (PT-SP). "Todas as autoridades da Líbia estão tomando as providências para que ele seja libertado", afirmou o senador Paim, repetindo as palavras que ouviu por telefone do embaixador. Segundo os senadores, o embaixador disse que ele foi preso por não ter preenchido corretamente os documentos para entrar no país.
Correspondente do Estado em Paris desde 2006, Netto participou de importantes coberturas, como o terremoto de L’Áquila, na Itália, o acidente do voo 447 Rio-Paris da Air France e cúpulas do G-20. Gaúcho de Porto Alegre, tem 34 anos e é casado.
Antes da informação sobre o processo de libertação de Netto, o jornal britânico The Guardian anunciou nesta quinta-feira que realiza grandes esforços para determinar o paradeiro do correspondente Ghait Abdul-Ahad, que durante duas semanas fazia a cobertura do conflito na Líbia na companhia do jornalista brasileiro. A editora-executiva do Estado afirmou não ter informações sobre o paradeiro do repórter do jornal britânico.
Os dois entraram no país pela fronteira com a Tunísia e viajavam juntos com um guia líbio. Segundo o Guardian, Abdul-Ahad fez o último contato com o diário no domingo, por meio de uma terceira pessoa, quando estava nos arredores de Zawiya, cidade no oeste do país localizada a 50 quilômetros de Trípoli que vem sendo cenário de duros confrontos nos últimos dias.
Na quarta-feira, O Estado anunciou que havia perdido havia uma semana todo contato direto com Netto. Até domingo, recebia informações indiretas de que o repórter estava bem e se encontrava na região de Zawiya. A comunicação – por meio de telefonemas e e-mails – havia sido propositadamente cortada por segurança, afirmavam fontes líbias.
Na quarta-feira, o jornal recebeu informações de que Netto teria sido preso. O vice-chanceler da Líbia, Khaled Qaim, disse ao diário já estar informado sobre o assunto antes de ser contatado pelo jornal e se comprometeu a ajudar a localizar o brasileiro. A informação foi divulgada no dia em que a BBC revelou que uma de suas equipes foi agredida na Líbia.
O Guardian afirmou que mantém contatos com autoridades do governo líbio em Trípoli e Londres, pedindo que deem toda a assistência possível na busca por seu repórter.
De nacionalidade iraquiana, Abdul-Ahad é um correspondente altamente respeitado que colabora com o Guardian desde 2004. Ele passou longos períodos na Somália, Sudão, Iraque e Afeganistão, fazendo a cobertura de pessoas comuns e de seus sofrimentos em períodos de conflito.
Ele ganhou a maioria dos prêmios mais prestigiosos para correspondentes estrangeiros, incluindo o de repórter estrangeiro do ano pela British Press Awards, o prêmio James Cameron e o da Martha Gellhorn.
Equipe da BBC
Na quarta-feira, as forças de segurança de Kadafi detiveram e espancaram uma equipe da rede britânica BBC que tentava chegar à cidade de Zawiya, no oeste do país. Localizada a 50 quilômetros de Trípoli, a cidade está há dias sob cerco das forças leais a Kadafi que tentam tomar seu controle.
O trio apanhou com socos, joelhadas e coronhadas, foi vendado e submetido a simulações de execução pelo Exército e a polícia secreta líbia. Os três homens foram detidos por 21 horas, mas agora saíram do país depois de sua detenção na segunda-feira.
Fonte: ultimosegundo.ig.com.br
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