Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 18-03-2011

O BURGUÊS RIDÍCULO
Dizem que um homem deve fazer um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Bom, quanto ao livro, já participei de algumas coletâneas, já filho, apenas sirvo para a hora de “virar os olhinhos”, criar que é bom... Se é que exista algum... Nada. E a árv
O BURGUÊS RIDÍCULO
Foto: www.maratimba.com

Tentei, por encargo de consciência, fazer outras coisas para amenizar essa falha genética e biológica. Então fui ao teatro. E, resolvi isso numa ótima hora. Me misturei ao grande público jovem e vi a peça "O Burguês Ridículo", montagem oficial da ASTECA (Associação Teatral de Cachoeiro). Um espetáculo. Para um bom entendedor, meia palavra basta, mas, como o Burguês aprendendo minuciosamente o emprego das vogais, conforme a "nobreza do século XV", a peça do mestre da comédia satírica francesa, Molière, adaptada por Guel Arraes e João Falcão, me fez aprender muito mais sobre o que realmente é uma comédia. Focado da terceira fila no par de "olhos" da marquesa Dorimène, acompanhei de perto as peripécias hilárias de Jourdain, atrapalhadíssimo por sua avassaladora empregada Nicole, para casar sua filha e, por conseqüência, finalmente engajar-se na nobreza. Como não mencionar o extravagante, esbanjador, excêntrico e perdulário Duque de Dorante? A relação, financeira, entre o nobre e o burguês é de se comparar com muitos espertalhões dos dias atuais. Digo isso em todo mundo, de "Paris a Soturno", como lembrou bem o pajem do jovem Cleonte apaixonado pela filha do burguês. Para uma trupe que precisava se apresentar no palácio do rei e estava quebrando a cabeça para encontrar um final perfeito, muito bem, acho que o fim dessa empreitada só será conhecido ao término do festival, diga-se de passagem, um dos mais belos projetos contemplados pela Lei Rubem Braga de 2010. Se não fui capaz de salvar a Mata Atlântica, pelo menos planto uma sementinha de cultura incentivando meus leitores dois leitores e meio (minha mãe, meu vizinho e o anão) a ir ao Festival de Artes Cênicas de Cachoeiro de Itapemirim. Quanto aos descendentes... Espero que meus filhos (devo ter alguns espalhados por aí) não percam a programação infantil de segunda-feira. Enquanto isso, vou de novo ao teatro buscar o ingresso, para, mais uma vez, aplaudir a trupe... De pé.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir