Categoria Geral  Noticia Atualizada em 22-03-2011

Tepco assume responsabilidade e pede desculpas por crise nuclear
Doze dias depois do sismo e tsunami, a empresa que opera a central nuclear de Fukushima veio assumir a responsabilidade pela crise e pediu desculpas às 200 mil pessoas forçadas a abandonar as suas casas.
Tepco assume responsabilidade e pede desculpas por crise nuclear
Foto: www.publico.pt

O vice-presidente da Tepco, Norio Tsuzumi, pediu desculpas durante uma visita a um ginásio em Tamura, transformado num centro de abrigo para as pessoas que tiveram de fugir por causa das radiações. "Lamentamos ter-vos causado tanto sofrimento", disse o responsável, citado pela agência japonesa de notícias Kyodo.

"Peço as mais sinceras desculpas. A nossa empresa causou ansiedade e danos aos habitantes em redor da central, da província de Fukushima e de todo o país", disse em conferência de imprensa.

Pela primeira vez, um responsável da Tepco visitou um centro de refugiados. 200 mil habitantes foram retirados da zona num raio de 20 quilómetros em redor da central Fukushima Daiichi e num raio de dez quilómetros em redor da central Fukushima Daini. O responsável reconheceu que tardou até que algum responsável da Tepco fosse ao local. "A minha visita é tardia porque tive de gerir este problema com o Governo" em Tóquio, sublinhou, citado pela AFP.

Ontem, a empresa admitiu que as suas centrais nucleares na província de Fukushima foram atingidas por uma onda com 14 metros de altura, no dia 11 de Março, noticia a estação de televisão japonesa NHK. Isso era mais do dobro do máximo expectável.

A empresa avaliou ontem o estado dos muros das centrais de Fukushima Daiichi e Fukushima Daini e concluiu que a onda se ergueu 14 metros acima do nível do mar. O esperado era apenas uma onda de 5,7 metros em Daiichi e uma de 5,2 metros em Daini. Os edifícios dos reactores e turbinas situam-se em locais a dez e 13 metros acima do nível do mar e ficaram parcialmente inundados.

A Tepco reconheceu que subestimou o sismo, estimando em 8 a sua magnitude, e admitiu que o tremor de terra ultrapassou aquilo que previa.

Tepco, empresa privada, é responsável pela distribuição de electricidade em Kanto, uma região do Centro-Este da grande ilha de Honshu, incluindo Tóquio.

Prosseguem tentativas de arrefecimento

Enquanto isso, as equipas de emergência lutam por estabilizar a central de Fukushima. Os trabalhos foram retomados depois de uma suspensão causada por fumo branco dos reactores 2 e 3.

Os bombeiros estão a lançar grandes quantidades de água sobre a piscina onde estão armazenadas as barras de combustível usado nos edifícios do reactor 3 e 4. Um camião com um braço articulado de 50 metros de extensão - normalmente utilizado para betonagem na construção civil - começou a ser empregue hoje para injectar água nos reactores. Um outro camião, com um braço de 62 metros, também está a caminho de Fukushima, vindo da China, devendo ao porto de Osaka amanhã ou quinta-feira. Servirá, principalmente, para as operações junto do edifício do reactor 4, com 46 metros de altura.

Quatro reactores foram alvo de explosões e houve fuga de radioactividade para o exterior. De lá para cá, os reactores têm sido arrefecidos com o lançamento de grandes quantidades de água do mar.

Fumo não trava trabalhos

Apesar de fumo branco, possivelmente vapor, estar a ser continuamente libertado dos edifícios dos reactores 2 e 3, a Tepco garante que os trabalhos para recuperar o sistema eléctrico não foram suspensos, dado que os níveis de radiação não são significativos.

Os trabalhadores da Tepco conseguiram esta madrugada (hora portuguesa) ligar a energia no reactor 1 e, horas depois, no reactor 4. Com estes mais recentes avanços, todos os seis reactores já têm acesso a energia externa. Mas ainda é preciso realizar testes para repor em funcionamento os sistemas eléctricos da central. O reactor 2 deverá ser o primeiro a recuperar o sistema de arrefecimento da sua piscina de combustível nuclear usado.

O sismo e tsunami do passado dia 11 cortaram a energia em todos os reactores, impedindo o seu normal arrefecimento.


Fonte: www.publico.pt
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir