Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-05-2011

EUA temiam que Paquistão alertasse Bin Laden sobre ação, diz CIA
Os Estados Unidos não informaram o Paquistão sobre a operação que matou o terrorista Osama bin Laden no último domingo (1º) porque temiam que o governo paquistanês alertasse o chefe da rede Al Qaeda, disse nesta terça-feira o diretor da CIA, Leon Panetta,
EUA temiam que Paquistão alertasse Bin Laden sobre ação, diz CIA
Foto: www.jornalfloripa.com.br

Panetta disse ainda que foi decidido "que qualquer esforço por trabalhar com os paquistaneses poderia colocar em risco a missão: eles poderiam alertar aos objetivos".

A última acusação da CIA, agência de inteligência americana, aumenta a pressão sobre o governo do Paquistão e deve estremecer ainda mais a relação entre os dois países.

O governo de Islamabad só foi informado da presença de helicópteros e forças de elite da Marinha americana após o término da operação --numa clara violação da soberania do Estado paquistanês.

Nesta terça-feira, a embaixada norte-americana no Paquistão e os consulados dos Estados Unidos em Lahore, Karachi e Peshawar foram fechados ao público "até nova ordem", informou um comunicado no site da embaixada dos EUA em Islamabad.

PAQUISTíO SE DEFENDE

Em reação aos últimos desdobramentos, o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, se defendeu nesta terça-feira das acusações de que o país estava abrigando secretamente o líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden.

"Alguns na imprensa americana sugeriram que o Paquistão não teve a vitalidade necessária em sua luta contra o terrorismo, ou pior, que fomos dissimulados e protegemos os terroristas que dizíamos buscar", disse Zardari.

"Tal especulação sem base pode ser excitante para os jornais, mas no reflete a realidade", completou.

As declarações de Zardari foram feitas em um artigo ao jornal americano "Washington Post". Foi a primeira vez que alguém do alto escalão do Paquistão reage aos comentários da imprensa e de funcionários do governo americano.

O presidente reconheceu que o Paquistão não participou da operação que matou Bin Laden, mas insiste que mesmo assim a morte do líder terrorista causou uma grande "satisfação" ao seu país.

"O Paquistão, talvez a maior vítima do terrorismo no mundo, se une aos outros alvos da Al Qaeda --os povos de EUA, Reino Unido, Espanha, Indonésia, Afeganistão, Turquia, Iêmen, Quênia, Tanzânia, Egito, Arábia Saudita e Argélia-- em nossa satisfação diante do fato de que a fonte do maior mal do novo milênio tenha sido eliminada e tenha sido feita justiça para com suas vítimas", escreveu Zardari no artigo intitulado justamente "O Paquistão fez sua parte".

"Embora os eventos de domingo não representem uma operação conjunta, havia uma década de cooperação e de parceria entre EUA e Paquistão que desembocou na eliminação de Osama bin Laden como uma ameaça constante ao mundo civilizado".

RELAÇÕES ESTREMECIDAS

Ainda na segunda-feira o assessor de segurança de Barack Obama, John Brennan, lançou acusações indiretas ao dizer que é "inconcebível" que Bin Laden tenha permanecido por tanto tempo no país sem ter tido um sistema amplo de ajuda.

Na noite desta segunda-feira, o embaixador do Paquistão nos EUA anunciou que seu país lançará uma "investigação completa" sobre as falhas dos serviços de inteligência para encontrar Bin Laden na casa distante menos de 100 km da capital e também próxima a uma academia militar.

"Obviamente Bin Laden teve um sistema de apoio, a questão é se este suporte foi dado pelo governo e Estado do Paquistão ou pela sociedade do Paquistão?", destacou o embaixador Hussain Haqqani à emissora CNN.

Haqqani afirmou que mais pessoas compartilham do mesmo sistema de crenças de Bin Laden e que, assim, a hipótese de uma rede de ajuda no país é muito provável. "Faremos uma investigação completa para descobrir porque nossos serviços de inteligência não conseguiram rastreá-lo antes".

Durante a segunda-feira centenas foram às ruas do Afeganistão e Paquistão contra os EUA e em apoio ao Taleban e à Al Qaeda.

Fonte: www.jornalfloripa.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir