Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 25-05-2011

PÁSSAROS NA JANELA
Era início de tarde numa cinzenta sexta-feira. Apenas vazio e solidão por companhia, além da infinita saudade que gritava e, aos berros, apenas o eco respondia! Trabalho, tarefas da Universidade a cumprir e insistentes lembranças a perseguir. As lágrimas
PÁSSAROS NA JANELA
Foto: www.fotoseimagens.etc.br

Era início de tarde numa cinzenta sexta-feira. Apenas vazio e solidão por companhia, além da infinita saudade que gritava e, aos berros, apenas o eco respondia! Trabalho, tarefas da Universidade a cumprir e insistentes lembranças a perseguir. As lágrimas logo se unem à consternação que já dilacerava.

Não mais que de repente, da janela o grasnar de pássaros desperta a atenção de quem, perdido entre o nada e o lugar nenhum, se encontrava. Duas andorinhas pareciam lhe sorrir, ou, ao perceber sua angústia, lhe consolar.

Os dias se passam... No corre-corre do dia-a-dia e com inúmeros ofícios a realizar, um show, num shopping! Um encontro. Um chopp, um cigarro e amigos. Outro chopp, o jornal esquecido propositadamente no carro. A tentativa decepada. O sonho envelheceu!
Metódico ou fatídico? Entre tempos e momentos, caem por terra, conceito e imagens.

Doçura, brandura, mansidão, sensibilidade são apenas adjetivos que se cria quando se vive uma ilusão. Todos são ratos alimentados com acreditar, com o esperar de quem se deslumbra!
Na fuga de si mesmo, despedaça-se, mas, com forças além normais, reconstitui-se, sempre.

E para que ou quem, a reconstituição? Novos dissabores! E, mesmo que lançados pela janela fotos, textos, poemas, bilhetes, postais, ao pensamento retornam pequenos e minúsculos instantes. Que trazem os pássaros, afinal?

E bem mais longe, os sinos, o gorjeio, o sussurro, e tão dentro de si, a migalha, apenas. Busca-se no requinte do amor, não a singularidade, mas a incondicionalidade, egoísta que sois e se celebra, não as conquistas, mas a constatação de hipocrisia. Máscaras de moralismo, apenas máscaras que caem, um dia caem...

Convém a beleza exterior. Caráter, dedicação, atitude, iniciativa passam a serem valores desconstituídos de importância e assim, os ‘janeiros’ serão sempre lembrados, ‘fevereiros adocicados’, ‘marços aguardados’, "abrís despedaçados", ‘maios relembrados’, ‘junhos esquecidos’, ‘julhos amargurados’, ‘agostos destruídos’, ‘setembros deletados’, ‘outubros infelizes’ e, "doces novembros", porque os ‘dezembros nascedouros’, transcorrerão, habitualmente.

Afinal, que trazem os pássaros, se quando a noite cai, desaparecem e seu ‘canto’ se apaga? Da distante terra o passado, morto, porém, não enterrado; de uma nova era, a ostentação, mentira, traição – vocação, maldição, obsessão e falta de perdão; do presente? Decepção! Não, ao objeto de vitrine, ao desfile em passarelas, ao troféu em exibição. Não à dor! Para o futuro que começa hoje, um brinde! Ao amor: tchin-tchin!!!





Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  José Geraldo Oliveira (DRT-ES 4.121/07 - JP)    |      Imprimir