Categoria Vírus & Cia  Noticia Atualizada em 26-05-2011

A nova droga OXI chega a Marataízes
As ruas de Marataízes são hoje um retrato da degradação provocada por uma nova droga, mais letal do que o crack, que está se espalhando pelo Brasil: o oxi
A nova droga OXI chega a Marataízes
Foto: John Wesley

As ruas de Marataízes são hoje um retrato da degradação provocada por uma nova droga, mais letal do que o crack, que está se espalhando pelo Brasil: o oxi, um subproduto da cocaína. A droga chegou a menos de dois meses e vem devastando famílias do município.

Matheus (nome fictício) tinha 14 anos quando começou a fumar maconha. Aos 16, experimentou cocaína. Com 19, foi apresentado ao crack. "Eu fumava cinco pedras e bebia até 12 copos de pinga".

Em março deste ano, seu fornecedor de drogas, em Marataízes, passou a oferecer pedras diferentes, com cheiro de querosene e consistência mais mole. Matheus estranhou. "Dizia a ele que a pedra estava batizada, que não era boa. O cara me dizia que era o que tinha e ainda me daria umas (pedras) a mais".

Não demorou para Matheus (nome fictício) notar a diferença no efeito. A nova pedra era mais viciante. Para não sofrer com crises de abstinência, dobrou o consumo para até dez pedras por dia. Descobriu então que, em vez de crack, estava fumando uma droga chamada oxi.

"Quando soube, vi que estava botando um veneno ainda maior no meu corpo. Fiquei com medo de morrer." Aos 25 anos, depois uma década de dependência química, Matheus (nome fictício) sentiu que tinha ido longe demais. Internou-se numa clínica.

Além de ter uma quantidade bem maior de cocaína, a nova droga é formada por substâncias extremamente tóxicas, responsáveis por aproximar ainda mais o usuário da morte.

O médico psiquiatra e especialista em dependência química, João Chequer Bou-Habib, lembra que nas últimas duas semanas deu início ao tratamento em seu consultório a Matheus (nome fictício) com características claras de dependência de óxi. "Diferente dos outros, ele apresenta sintomas como tosse, náuseas, vômitos, irritação nos olhos, engasgo".

Essas características são fruto da combinação da querosene com o cal. No crack, as substâncias misturadas - bicarbonato de sódio e amoníaco - são menos agressivas.
"A queima dessas substâncias pode provocar irritação nos olhos, cegueira, fibrose pulmonar grave, insuficiência respiratória e hepática e câncer no fígado", lembra.

O psicanalista e também especialista em dependência química Francisco Veloso é outro que também começou a lidar com esse tipo de usuário em seu trabalho diário. "São dois pacientes. O relato é muito comum entre eles: o pavor que o calor - causado pela queima do querosene - emite", diz.

Veloso alerta que em menos de um ano a droga pode levar o dependente à morte, pois suas substâncias contribuem para a falência renal e deixam o pulmão comprometido.


    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  John Wesley    |      Imprimir