Keiko Fujimori no comício de encerramento de sua campanha, na quinta (2)
Foto: Enrique Castro-Mendivil / Reuters O nacionalista Ollanta Humala e a conservadora Keiko Fujimori seguem disputando voto a voto e chegam ao segundo turno da eleição mais acirrada da história do Peru neste domingo (5).
Próximo ao dia decisivo, em que cada voto pode fazer a diferença já que a população tende a decidir na última hora em quem votar, institutos de pesquisas correram para as ruas a fim de medir as últimas tendências e apontaram um empate técnico.
As últimas sondagens realizadas na sexta-feira mostravam Humala com 3,6 pontos porcentuais à frente de Keiko Fujimori. Em pesquisa divulgada pela Universidade Católica, o nacionalista tinha 51,8% das intenções de voto, frente a 48,2% da candidata. Feita em 2 de junho com 1.800 eleitores, a pesquisa tem uma margem de erro de 2,31 pontos percentuais.
Já a simulação de votação da empresa Datum -realizada de 31 de março a 1 de junho com 4.820 pessoas- mostrou Fujimori com 50,6%, enquanto Humala ficou com 49,4%. O trabalho da Datum teve margem de erro de 1,4 ponto porcentual.
A disputa que deve ser definida nos últimos instantes entre a filha de um ex-presidente preso, que tem apoio dos investidores, e um militar aposentado de esquerda, geram incertezas nos mercados de uma das economias que mais cresce no mundo (cresceu quase 9% no ano passado, mas ainda possui 34% de pobres).
O candidato nacionalista tinha perdido a dianteira nas pesquisas de intenção de votos há cerca de um mês, depois de conquistar a maior votação no primeiro turno, no dia 10 de abril, ainda que a vantagem perante a sua adversária tenha sido apertada.
Confiança
Keiko Fujimori é a preferida dos investidores, que acreditam que ela vai manter as políticas de abertura econômica do país rico em recursos naturais. Ainda que pese o fato de a deputada de 36 anos ser filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que foi condenado por crimes contra a humanidade e corrupção e fechou o Congresso em 1992.
Humala, que perdeu a eleição presidencial de 2006, desperta temores apesar de ter moderado o seu discurso radical e ter se distanciado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, líder da esquerda na América Latina. O militar aposentado de 48 anos pediu a confiança dos operadores financeiros caso ele vença.
"Precisam ter confiança, nós temos uma equipe de técnicos com experiência de governo e vamos nos comprometer a manter o crescimento econômico, a estabilidade macroeconômica e uma gestão prudente do caixa", disse em um encontro com jornalistas estrangeiros.
Já Keiko apostou no voto feminino e tentou se desvencilhar do legado do pai na reta final da disputa. "Por erros de terceiros, tive de carregar uma cruz muito grande. Sou mãe e não permitirei que minhas filhas passem pelo que passei", disse na mensagem final do último debate.
A campanha foi encerrada na quinta-feira, com ataques e promessas renovadas para convencer 14% de indecisos, que vão finalmente determinar quem governará nos próximos cinco anos este país de 29 milhões de habitantes, dos quais quase 20 milhões estão habilitados a votar.
Alianças
Seja qual for o resultado da eleição presidencial peruana, o eleito terá que formar alianças no Congresso, onde a forte polarização política impede a existência de uma maioria absoluta por qualquer uma das partes.
O novo presidente, que assumirá o poder no dia 28 de julho -dia nacional do Peru - encontrará um Congresso fragmentado e nem Humala nem Keiko têm condições de obter os 66 assentos necessários para contar com uma maioria absoluta.
"Somos uma força política responsável e isso nos obriga a discutir propostas com todos os membros do Congresso", disse na sexta-feira Humala.
O esquerdista disse ainda que poderia atingir a maioria no Congresso caso receba o apoio do partido Perú Posible, com o qual somaria 68 votos e obteria o controle do Parlamento, onde enfrentará uma oposição hostil de setores conservadores, que o vinculam a Chávez.
A candidata da Fuerza 2011, Keiko Fujimori, precisaria de uma aliança ainda mais ampla para alcançar os 66 votos, buscando votos inclusive em bancadas opostas como Gana Perú e Perú Possible.
Peruanos vão às urnas na eleição mais disputada da história do país
Nacionalista Ollanta Humala e direitista Keiko Fujimori disputam 2º turno.
Últimas pesquisas mostraram empate técnico e 14% de eleitores indecisos
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