Categoria Policia  Noticia Atualizada em 07-06-2011

Polícia identifica suspeito da morte de casal de extrativistas no Pará
Claudelice, irmã de José Cláudio, extrativista morto no Pará
Polícia identifica suspeito da morte de casal de extrativistas no Pará
Foto: Glauco Araújo/G1

Glauco Araújo

A Polícia Civil de Marabá identificou, nesta terça-feira (7), um suspeito da morte do casal de extrativistas José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo. O crime aconteceu em 24 de maio, em uma emboscada na estrada de acesso ao assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA). A Secretaria de Segurança Pública não confirmou se o suspeito está preso ou não.

A informação é divulgada no mesmo dia que homens da Força Nacional, Forças Armadas e Polícia Federal chegam para reforçar a segurança dos agricultores ameaçados em Marabá (PA) e Nova Ipixuna (PA).

Segundo o delegado José Humberto Alves, da Delegacia de Conflitos Agrários (DECA), em Marabá, os detalhes da investigação não serão revelados para não comprometer o trabalho policial. "Estamos todos reunidos neste momento para avaliar os próximos passos."

Para Luiz Fernandes Rocha, secretário de Segurança Pública do Pará, os crimes que não puderem ser evitados serão solucionados. "As ocorrências em Nova Ipixuna e Eldorado dos Carajás caminham para a solução. Temos mais de 20 policiais envolvidos na elucidação da morte do casal de ambientalistas."

Segundo ele, a identidade do suspeito não será revelada. "As investigações ainda estão em andamento, mas a polícia já tem convicções formadas. Este é o principal suspeito do crime. O caso mostra a intolerância dentro dos assentamentos e estimulado pela ganância de alguns madeireiros. A gente já viu esse filme com a morte da irmã Dorothy."

A Polícia Civil informou que os laudos do Instituto de Medicina Legal (IML) devem ficar prontos até o fim desta semana. Os documentos vão servir para balizar o Instituto de Criminalística (IC) para uma possível reconstituição do crime. Os laudos do IML devem apontar o tipo de arma usada e a forma como as vítimas foram mortas.

Entenda o caso
Uma força tarefa formada por policiais federais, agentes do Exército e da Força Nacional começa a agir nesta terça-feira (7) na região em razão de mortes de dezenas de trabalhadores rurais. Até então sem proteção direta de forças de segurança, grupos de assentados no Pará buscavam com improviso maneiras de evitar o crescimento da lista de 42 líderes assassinados em dez anos na região, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Também nesta terça, líderes do movimento participam de audiência no Ministério do Meio Ambiente, em Brasília. O reforço e o diálogo começam 14 dias após o assassinato do casal. Enquanto alguns decidem fugir, em Marabá, os acampados improvisam uma milícia armada com porretes de madeira para controlar distúrbios e alertar sobre ação de pistoleiros.

Segundo a CPT, há 70 mil famílias assentadas ou cadastradas em 39 municípios que compõem o Sul e Sudeste do Pará. A pastoral divulgou, na semana passada, uma lista com o nome de 30 trabalhadores rurais na região de Marabá que estão recebendo ameaças ou que já sofreram algum tipo de atentado no período de 2000 a 2010. De acordo com a organização, foi apresentada ao governo federal uma lista com 1.855 nomes de trabalhadores que sofreram algum tipo de ameaça no período. Destes, 207 receberam mais de uma ameaça.

Irmã de assassinado
Segundo Claudelice Silva dos Santos, de 29 anos, irmã de José Claudio, a saída dos agricultores do assentamento pode sinalizar o fim do movimento pacífico de manejo sustentável da terra na região.

"Os fazendeiros, os madeireiros querem usufruir da natureza, derrubar a floresta, a vegetação nativa ao preço de um lucro pequeno e imediato. Para isso, eles usam de intimidação, ameaças para garantir o que eles consideram serem donos. Aqui não há dono de terra, a terra que está aqui é da União, o que nós temos é o direito de uso. Isso precisa ficar claro para a sociedade", explica.

Pelo menos seis familiares dela, que viviam na região onde o irmão extrativista foi morto com a mulher, deixaram suas casas no assentamento agroextrativista Praialta Piranheira. Temerosos, não revelam onde estão morando para evitar qualquer possibilidade de novos atentados.

Polícia identifica suspeito da morte de casal de extrativistas no Pará
José Claudio e Maria do Espírito Santo foram mortos em emboscada.
Crime gerou clima de insegurança em assentamento em Nova Ipixuna.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir