Categoria Geral  Noticia Atualizada em 30-06-2011

Chegam à França ex-reféns trocados por prisioneiros no Afeganistão
Stephane Taponier (à esquerda) e Herve Ghesquiere se abraçam após o desembarque na pista do aeroporto de Villacoublay.
Chegam à França ex-reféns trocados por prisioneiros no Afeganistão
Foto: AFP, Philippe Dupeyrat

VILLACOUBLAY, França — Os jornalistas franceses Hervé Ghesquière e Stéphane Taponier chegaram nesta quinta-feira a Paris, aparentando boa saúde, mas famintos, após passarem 18 meses nas mãos dos talibãs afegãos, que dizem tê-los trocado por prisioneiros e, segundo alguns, mediante o pagamento de um resgate.

Os dois ex-reféns, visivelmente com boa saúde porém magros, foram recebidos por seus familiares, comitês de solidariedade e pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, e sua esposa, Carla Bruni. A situação dos dois jornalistas havia suscitado uma imensa mobilização na França.

Pouco depois de chegar ao aeroporto militar de Villacoublay, a sudoeste de Paris, Hervé Ghesquière disse que ele e seu colega cinegrafista "nunca foram ameaçados de morte, nem agredidos" durante os 18 meses de cativeiro no Afeganistão.

Ele contou ter passado "seis meses sozinho", separado de Stéphane Taponier, entre "13 de abril e 13 de dezembro de 2010".

"Tenho fome de liberdade, tenho fome de amor, simplesmente tenho fome. Uma fome imensa", disse, por sua vez, Stéphane Taponier.

Os jornalistas, de 48 anos, faziam uma reportagem para a TV pública France 3 quando foram sequestrados em 30 de dezembro de 2009 a 60 quilômetros de Cabul, na província de Kapisa, região sob responsabilidade das tropas francesas no âmbito da missão da coalizão.

Segundo os talibãs, "vários" prisioneiros foram libertados em troca dos jornalistas.

"Para permitir a libertação dos dois jornalistas franceses capturados há quase 18 meses pelos combatentes do Emirado Islâmico do Afeganistão (EIA, comando talibã) na província de Kapisa, o EIA impôs suas condições às autoridades francesas", afirmou esta quinta-feira, em um comunicado, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid.

Segundo ele, depois de várias negociações, "a França se viu forçada, finalmente, a aceitar as condições do EIA e aceitar a libertação de um número de seus comandantes mujahedines em troca da libertação dos jornalistas".

As autoridades francesas não quiseram dar detalhes sobre as negociações com os sequestradores e as eventuais contrapartidas.

"A França não paga resgates", limitou-se a dizer, na quarta-feira, o ministro de Relações Exteriores, Alain Juppé.

Os talibãs não confirmaram oficialmente a cobrança de resgate pela libertação dos dois reféns, mas um de seus encarregados disse que teriam sido "milhões de dólares".

Alain Juppé acrescentou que o presidente afegão, Hamid Karzai, "ajudou" na libertação e que não via vínculos com o anúncio, em 23 de junho, da retirada próxima de 4.000 soldados franceses mobilizados no Afeganistão.

Paul Nahon, ex-diretor dos programas de informação da France 3, que acompanhou no avião os reféns desde Cabul, afirmou que os dois jornalistas foram traídos "por um talibã, um afegão que estava com eles".

O intérprete afegão dos jornalistas, Reza Din, também foi libertado esta quarta-feira. Os outros dois acompanhantes foram libertados "há um tempo", mas esta libertação não foi divulgada por razões de segurança, disse Alain Juppé.

Segundo um funcionário da embaixada francesa em Cabul, os dois repórteres foram recuperados na quarta-feira "em algum lugar da província de Kapisa (a nordeste de Cabul), da qual nunca saíram desde que foram sequestrados".

Chegam à França ex-reféns trocados por prisioneiros no Afeganistão

Stephane Taponier (à esquerda) e Herve Ghesquiere se abraçam após o desembarque na pista do aeroporto de Villacoublay.


Fonte: AFP
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir