Categoria Economia  Noticia Atualizada em 03-07-2011

Zona euro ganha tempo na crise grega mas ainda é preciso apagar o incêndio
A zona euro ganhou tempo ao acabar com o risco de que a Grécia suspenda os pagamentos nos próximos meses
Zona euro ganha tempo na crise grega mas ainda é preciso apagar o incêndio
Foto: AFP, Aris Messinis

Sophie Estienne

BRUXELAS, Bélgica — A zona euro ganhou tempo ao acabar com o risco de que a Grécia suspenda os pagamentos nos próximos meses, mas ainda tem pela frente a difícil tarefa de propiciar um saneamento duradouro das finanças públicas do país para evitar um contágio de efeitos planetários.

Com a aprovação no sábado da liberação de 8,7 bilhões de euros em empréstimos, Atenas poderá cumprir o pagamento da dívida a partir de meados de julho. Mas a decisão dos ministros das Finanças da Eurozona, composta por 17 dos 27 países da União Europeia (UE), apenas adiou a solução global do problema.

Em setembro será debatido o desbloqueio de uma nova parcela da ajuda prometida em 2010 a Atenas pela UE e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que alcança o total de ? 110 bilhões entre 2010 e 2012.

Mas se a Grécia não cumprir a meta de redução do déficit público, pode acontecer uma nova disputa com os credores internacionais.

Os dois meses de alívio permitirão também avançar nos detalhes de um segundo plano de resgate com prazo mais longo, que permitirá à Grécia financiar sua dívida até o fim de 2014, enquanto reduz drasticamente seu déficit.

As linhas gerais do segundo pacote devem ser divulgadas ainda em julho, mas poderiam demorar mais.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, que deseja garantias de que Atenas aplicará com todo rigor o plano de austerida aprovado semana passada, disse que o acordo sobre o segundo pacote pode esparar até o outono (hemisfério norte, primavera no Brasil).

O ponto mais debatido do segundo programa, cujo valor seria similar ao do primeiro, é a contribuição dos bancos e demais credores privados de Atenas.

A França anunciou que seus bancos estão dispostos a prolongar a 30 anos o vencimento de 70% da dívida pública grega que expira até 2014.

O mais complicado será evitar que as agências de classificação financeira considerem a operação uma suspensão de pagamentos por parte da Grécia, uma situação extrema que reduziria ainda mais a perspectiva de que Atenas volte a obter financiamento por conta própria nos mercados nos próximos anos.

"A incapacidade dos dirigentes políticos europeus de solucionar a crise rapidamente e de forma decidida afeta o restante da zona euro", critica Ben May, economista da Capital Economics.

Irlanda e Portugal, que também foram ajudados pela UE e o FMI mas esperam obter financiamentos nos mercados em 2013, "poderiam necessitar de um segundo plano de resgate no próximo ano", disse Ben May.

Ele advertiu ainda que Espanha e Itália podem se ver pressionados a pedir ajuda financeira.

Ao mesmo tempo, prosseguem as manifestações e greves contra as medidas de austeridade impostas em vários países do continente.

As críticas também são políticas e começam a surgir de países de fora da zona euro, como a Polônia, que acaba de assumir a presidência semestral da UE. O ministro das Finanças de Varsóvia, Jacek Rostowski, pediu uma "mudança de filosofia" dos planos de resgate, muito centrados na redução da dívida e não o suficiente na reativação do crescimento econômico.

Zona euro ganha tempo na crise grega mas ainda é preciso apagar o incêndio
A zona euro ganhou tempo ao acabar com o risco de que a Grécia suspenda os pagamentos nos próximos meses

Fonte: AFP
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir