Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-07-2011

Premiê defende ex-assessor no caso de escutas de tabloide britânico
David Cameron disse que Andy Coulson é inocente até prova em contrário. Na véspera, Rupert Murdoch e filho defenderam-se diante do Parlamento.
Premiê defende ex-assessor no caso de escutas de tabloide britânico
Foto: g1

O premiê do Reino Unido, David Cameron, disse nesta quarta-feira (20) que sua equipe agiu de maneira "totalmente correta" no relacionamento com a polícia no caso dos grampos telefônicos do tabloide "News of the World".

Cameron falou sobre o caso das escutas ilegais na Câmara dos Comuns, que na véspera ouviu o magnata da mídia Rupert Murdoch, dono do grupo responsável pelos supostos crimes.

Cameron afirmou que seu ex-chefe de imprensa, Andy Coulson, deve ser processado se estiver implicado nas escutas, mas disse que "todo mundo é inocente até prova em contrário".

O premiê disse ao Parlamento que assume a responsabilidade pela contratação de Coulson, mas que lamenta o "furor" que a decisão causou.

"Analisando a situação com perspectiva e pensando em tudo que aconteceu, eu não o teria contratado", afirmou.

"Mas as decisões não são tomadas com perspectiva, e sim no presente. A gente vive e aprende, e, acreditem, eu aprendi", defendeu-se.

Coulson foi redator-chefe do tabloide entre 2003 e 2007, época em que ocorreram as escutas denunciadas. Em janeiro de 2007, ele desmentiu ter conhecimento dos grampos e foi contratado por David Cameron como assessor de imprensa. Coulson acompanhou Cameron a Downing Street em 2010, quando o líder conservador venceu as eleições.

Cameron também defendeu nesta quarta-feira a forma com que seu gabinete tratou com a polícia diante das acusações de grampos telefônicos e subornos.

"Publicamos a troca integral de e-mails entre o chefe de gabinete e John Yates, e o documento mostra que meu gabinete se comportou de forma correta, disse, acrescentando que não infringiu as leis parlamentares sobre o comportamento de ministros.

Cameron se pronunciou no início de uma sessão de emergência da Câmara dos Comuns para discutir a crise ue abalou o império midiático do australiano Murdoch, minou a confiança na polícia e gerou dúvidas sobre a capacidade de julgamento do primeiro-ministro. Ele foi alvo de vaia de deputados opositores.

O presidente da Câmara dos Comuns teve de intervir várias vezes para acalmar a sessão protagonizada por Cameron e impedir as vaias dirigidas ao primeiro-ministro.

"O primeiro-ministro tomou uma decisão ruim quando escolher continuar trabalhando com Coulson", enfatizou o dirigente da oposição trabalhista, Ed Miliband. "Ele se colocou dentro de um trágico conflito de interesses entre a integridade que o povo espera dele e seus vínculos pessoais e profissionais com Coulson."

Falhas da Scotland Yard
A comissão parlamentar que apura o caso das escutas acusou nesta quarta (20) a polícia por ter acumulado uma série de falhas na investigação sobre o escândalo. O grupo News Corp tentou deliberadamente abafar as investigações, segundo um relatório preliminar dos legisladores.

Os onze membros da comissão classificam de "muito pobre" a primeira investigação realizada pela Scotland Yard no período 2005-2006.

Presidida por um juiz, a comissão está encarregada de esclarecer o escândalo das escutas e tratar da questão da ética na imprensa, depois dos protestos desencadeados pelas práticas do jornal sensacionalista de Rupert Murdoch, acusado de ter espionado 4.000 personalidades ao longo dos anos 2000.

A comissão independente entregará suas conclusões num prazo de doze meses.

Comunicado de Murdoch
O magnata das comunicações Rupert Murdoch compareceu na véspera ante esta comissão e limitou sua responsabilidade no escândalo das escutas ilegais.

Em um comunicado emitido nesta quarta, Murdoch garantiu que seu grupo converterá, após o escândalo das escutas ilegais na Grã Bretanha, "em uma companhia mais forte".

"Quero que todos vocês saibam que tenho a absoluta confiança de que vamos emergir como uma companhia mais forte", disse Murdoch através de um comunicado dirigido a seus empregados.

"Vai nos custar tempo reconstruir a confiança e a credibilidade, mas estamos decididos a cumprir com as expectativas de nossos acionistas, clientes, colegas e sócios", disse.

Fonte: g1
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir