Por tr�s das aparentes divis�es t�cnicas, principalmente sobre o novo pacote de ajuda � Gr�cia, se escondem diferen�as pol�ticas sobre a dire��o que deve ser dada ao projeto europeu.
Foto: AFP, Jens Kalaene Yacine Le Forestier
BRUSELAS, B�lgica � Depois de um ano e meio de tentativas para solucionar a crise da d�vida, a Zona do Euro enfrenta escolhas dif�ceis para o seu futuro: seguir em frente e dar um grande salto na gest�o de sua moeda, ou retroceder, o que seria um atestado do fracasso.
Por tr�s das aparentes divis�es t�cnicas, principalmente sobre o novo pacote de ajuda � Gr�cia, se escondem diferen�as pol�ticas sobre a dire��o que deve ser dada ao projeto europeu.
"Os dirigentes europeus recusam abordar o �nico ponto-chave: como evoluir para um verdadeiro federalismo que se imp�e desde o nascimento do euro, nossa moeda federal, como pedem os mercados financeiros, e que parta de um ponto de vista l�gico e pertinente?" considera o presidente da Funda��o Schuman, Jean-Dominique Giuliani.
Nos anos 1990, com o Tratado de Maastricht, os europeus fizeram uma aposta arriscada: criar uma moeda �nica, que entrou em vigor em 1999, mas sem uma pol�tica or�ament�ria comum, j� que cada Estado mant�m sua soberania nesta �rea.
Ao final de uma d�cada, a pr�tica atingiu seu limite com a crise financeira e econ�mica mundial que afundou o Velho Continente na pior recess�o desde o p�s-guerra. O Pacto de Estabilidade, previsto como regulador para limitar os d�ficits, caiu em peda�os.
A Gr�cia, no come�o de 2010, a Irlanda no fim do ano passado, Portugal em junho de 2011; as crises se repetem e com elas os remendos feitos ap�s cansativas negocia��es.
Em cada caso, fica a impress�o de que a Uni�o Monet�ria fica a reboque dos acontecimentos.
"As gest�es hoje parecem que est�o um pouco atrasadas", disse na quarta-feira o primeiro-ministro polon�s Donald Tusk, que preside a Uni�o Europea, pedindo aos l�deres que ofere�am "ideias de solu��es para toda a Zona do Euro (...) e n�o apenas para a Gr�cia".
Sob press�o, a Uni�o conseguiu muitos avan�os na d�cada passada, quebrando o tabu da ajuda financeira entre os Estados, exigindo que os projetos de or�amentos nacionais tenham a aprova��o de Bruxelas antes de sua ado��o pelos Parlamentos nacionais ou do endurecimento da disciplina or�ament�ria comum.
Entretanto, a medida n�o � suficiente. Os pr�-europeus veem o avan�o a uma federaliza��o profunda mediante, principalmente, a cria��o de eurob�nus. Outros pa�ses da Zona do Euro preferiram unificar uma parte de seus cr�ditos nos mercados, com uma taxa de juros m�dia na qual os pa�ses poderosos protegeriam os mais fr�geis.
� preciso "ousar a finalmente abrir o debate sobre uma melhor integra��o" econ�mica da Zona do Euro, declarou � AFP o ministro belga de Finan�as, Didier Reynders.
"Os alem�es precisam entender", disse ao se referir � chanceler alem� Angela Merkel, que se op�e fortemente a uma "uni�o de transfer�ncias" financeiras entre os pa�ses, defendendo que cada um seja respons�vel por suas d�vidas.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, foi mais longe ao propor que haja um Minist�rio de Finan�as europeu que supervisione as principais diretrizes or�ament�rias e econ�micas da Uni�o.
No campo euroec�tico, os mais radicais, tanto na esquerda como na direita, defendem pelo retorno das moedas nacionais.
At� mesmo para os mais desacreditados na moeda �nica, como o economista americano Nouriel Roubini que j� havia previsto o desaparecimento do euro em v�rias ocasi�es, a op��o da gest�o federal do euro parece inevit�vel.
"Ou a Eurozona se dirige para uma integra��o econ�mica, fiscal e pol�tica maior (...) ou vai ocorrer defaults em desordem, crises banc�rias e por fim uma fal�ncia", alertou esta semana numa coluna de opini�o.
Dilema da Zona do Euro: federalismo ou fracasso
Por tr�s das aparentes divis�es t�cnicas, principalmente sobre o novo pacote de ajuda � Gr�cia, se escondem diferen�as pol�ticas sobre a dire��o que deve ser dada ao projeto europeu.
Fonte: AFP
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