Categoria Geral  Noticia Atualizada em 09-08-2011

Violência aumenta e premiê britânico promete punir responsáveis
Homem de 26 anos é primeira vítima de distúrbios que começaram em Londres e se espalharam para várias cidades
Violência aumenta e premiê britânico promete punir responsáveis
Foto: ultimosegundo.ig.com.br

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu nesta terça-feira punir os responsáveis pelos distúrbios que atingiram Londres e outras cidades da Inglaterra nos últimos dias. A onda de violência causou sua primeira vítima nesta terça, quando um homem de 26 anos baleado na noite de segunda-feira em Croydon, subúrbio do sul de Londres, morreu no hospital.

"Se vocês têm idade suficiente para cometer esses crimes, têm idade suficiente para enfrentar as punições", afirmou Cameron, dizendo que os responsáveis "vão sentir a força da lei". "Vocês não estão apenas destruindo as vidas dos outros, vocês não estão apenas destruindo suas comunidades, vocês estão potencialmente destruindo também suas próprias vidas."

A escalada de violência fez com que Cameron encurtasse uma viagem de férias à Itália e voltasse a Londres para participar, nesta terça-feira, de uma reunião do comitê de planejamento de emergência do governo.

Cameron convocou o fim do recesso de verão do Parlamento, que se reunirá na quinta-feira, e anunciou uma série de medidas para lidar com a crise, entre elas a suspensão de férias e folgas de policiais, o aumento do número de oficiais nas ruas de 6 mil para 16 mil.

Operação policial

As forças de segurança da capital britânica e de outras partes do país estão em massa nas ruas para tentar conter novos episódios de quebra-quebra, que já atingiram partes do norte, sul, leste e oeste de Londres, além de outras cidades britânicas como Birmingham e Liverpool. Grupos de jovens mascarados destruíram lojas e restaurantes e atearam fogo a carros, prédios, pontos de ônibus e até delegacias.

O vice-comissário-assistente da polícia, Steve Kavanagh, afirmou ao jornal The Guardian que as forças poderam usar balas de plástico não-letais para conter novos protestos. "Se for necessário, faremos isso", afirmou".

Segundo a Polícia Metropolitana de Londres (conhecida como Scotland Yard), nos últimos três dias pelo menos 334 pessoas foram presas e 69, indiciadas. Cerca de 1,7 mil policiais tiveram de ser trazidos de outras regiões para reforçar o policiamento nas ruas.

"A violência que vimos é simplesmente imperdoável. As vidas de pessoas comuns foram viradas de cabeça para baixo por esta selvageria estúpida. A polícia vai fazer com que todos os responsáveis enfrente as consequências de suas ações e sejam presos", disse a comandante da Scotland Yard Christine Jones.

A ministra do Interior da Grã-Bretanha, Theresa May, descartou usar o Exército para tentar conter os tumultos. Em entrevista à Radio 4, da BBC, May disse que consultaria a polícia para saber que tipo de ajuda a corporação precisa para enfrentar a crise.

May também afirmou que reverá os planos relativos à segurança para os Jogos Olímpicos de 2012, em meio à onda de violência na capital britânica. Em entrevista à BBC, a ministra disse que as autoridades "levam a questão da segurança nas Olimpíadas muito a sério".

"Muito trabalho já foi feito para elaborar os planos para a segurança e a ordem pública nas Olimpíadas, e continuaremos a monitorar e avaliar o que for necessário", afirmou.

Terceira noite de distúrbios

Os tumultos de segunda-feira começaram no fim da tarde no bairro de Hackney, no norte de Londres, depois que um homem foi parado e revistado pela polícia, que não encontrou nada. Grupos de pessoas começaram então a lançar pedras e latas contra os policiais e a atacar carros da polícia com pedaços de madeira e barras de ferro. Lojas foram saqueadas e destruídas.

"O sentimento comum em Hackney Central é que nossa comunidade foi ferida e prejudicada por uma violência inexplicável. Nós falamos com saqueadores e a única explicação que eles deram para seu comportamento é que eles não tinham nenhum dinheiro", disse à BBC a moradora do bairro Catherine Holmes.

"É triste pensar que essas pessoas só pensam no momento seguinte e o momento que eles criaram é um pesadelo. Enquanto vemos eles se movimentarem em pequenos grupos, esperamos que nossa comunidade se una esta manhã para reagir contra esses tumultos."

No início da noite de segunda, os distúrbios se concentravam em Hackney, no norte da cidade, e em Peckham, Lewisham e Croydon, no sul. Durante a madrugada, no entanto, a violência chegou a outras áreas, como Notting Hill, Clapham, Ealing, Bethnal Green, Newham, Camden e Hampstead.

Segundo a Scotland Yard, três policiais foram feridos em Hackney e dois em Bethnal Green, mas não há informações sobre moradores feridos.

McDonald"s e Armani

Na cidade de Waltham Abbey, a leste de Londres, um centro de distribuição da Sony foi tomado pelas chamas, que atingiram vários metros de altura. Distúrbios também foram registrados em Bristol, no sudoeste da Inglaterra, e em Leeds, no norte.

Os protestos também chegaram a Birmingham, a segunda cidade mais populosa do país, onde pelo menos cem pessoas foram presas e dezenas acabaram hospitalizadas. Grupos de jovens mascarados destruíram lojas e restaurantes na cidade, incluindo um restaurante da rede de fast food McDonald"s e uma boutique da grife Armani, além de atear fogo em carros e caixas de correio.

A polícia local disse ainda que uma delegacia no centro da cidade foi incendiada.

Além de Birmingham, no norte do país, foram registrados distúrbios nas cidades de Manchester e Liverpool, onde carros foram incendiados e manifestantes entraram em choque com a polícia.

Origem dos tumultos

As revoltas explodiram no sábado no bairro de Tottenham, após um protesto pela morte de Mark Duggan, jovem negro de 29 anos.

Duggan foi morto por policiais na quinta-feira, em Tottenham, depois de ser abordado em um táxi por uma unidade que investiga crimes com armas de fogo no bairro. O jovem teria sido morto em um suposto tiroteio que também teria ferido um policial.

A assistente social Michelle Jackson, de 43 anos, disse à BBC que muitos ficaram descontentes em Tottenham, um bairro que abriga muitos imigrantes, depois que a polícia começou a dar declarações sobre Mark Duggan à imprensa, mas sem fornecer qualquer tipo de informações para a família do jovem morto.

"Eu conheço o homem que foi morto, ele era um sujeito muito bacana, e eles estão fazendo parecer como se fosse uma espécie de gangster envolvido em armas e em coisas desse tipo", afirmou Michelle. Segundo ela, a polícia não sabe lidar com os jovens negros de Tottenham, e muitas pessoas de diversas nacionalidades e etnias se juntaram ao tumulto de sábado.

Com BBC

Fonte: ultimosegundo.ig.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir