Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 09-08-2011

Tumultos em Londres fazem o primeiro morto
Um homem de 26 anos, baleado ontem à noite durante os tumultos que agitam Londres, não resistiu aos ferimentos e morreu hoje, anunciou a polícia.
Tumultos em Londres fazem o primeiro morto
Foto: /www.publico.pt

Um homem de 26 anos, baleado ontem à noite durante os tumultos que agitam Londres, não resistiu aos ferimentos e morreu hoje, anunciou a polícia. É a primeira morte em consequência das violências e pilhagens que decorrem em torno da capital britânica.

A vítima - que não foi identificada - foi encontrada dentro de uma viatura, ontem à noite, cerca das 21h00, no bairro de Croydon (sul do centro londrino), onde diversos edifícios foram incendiados durante os tumultos. O homem estava hospitalizado em estado considerado grave.

A polícia comunicou ainda que dois jovens que se encontravam perto da vítima mortal com objectos roubados foram detidos.

Esta foi a terceira noite de confrontos e pilhagens em Inglaterra, numa onda de violência que saltou as fronteiras de Londres e viajou até outras cidades inglesas como Birmingham, Liverpool, Nottingham e Bristol.

O norte de Londres continua, porém, a ser o epicentro das pilhagens e desacatos. Na última madrugada registaram-se incidentes em Hackney, Peckham, Woolwich, Camden/Chalk Farm, Ealing, Clapham, Lewisham e Croydon. Centenas de pessoas armadas com bastões e pedras saíram às ruas destas localidades, vandalizando carros e lojas, pilhando instalações comerciais e incendiando propriedade privada e até um autocarro.

Para conter as violências foram deslocados mais 1700 agentes de polícia para as áreas mais problemáticas.

David Cameron interrompe as férias e Parlamento reúne-se quinta-feira

Entretanto o primeiro-ministro decidiu interromper as suas férias em Itália para regressar a Inglaterra e tentar controlar a onda de violência que começou no sábado depois de um protesto pacífico pela morte de um habitante de Tottenham, baleado pela polícia.

Hoje de manhã, o primeiro-ministro britânico liderou hoje uma reunião do recém-criado comité de planeamento de emergência Cobra onde foi decidido que os deputados britânicos terão de interromper as suas férias para se reunirem de emergência na próxima quinta-feira.

David Cameron classificou os tumultos de "cenas repugnantes".

Nos últimos três dias foram detidas na área de Londres 334 pessoas e 69 foram constituídas arguidas, indicou a Scotland Yard. Três pessoas foram detidas hoje suspeitas de conspirarem para a morte de um agente de polícia que tentava impedir pilhagens.

Entretanto todas as estações de metro que tinham sido fechadas na capital londrina por causa das violências foram reabertas.

Numa viragem preocupante, na última noite os desacatos galgaram as fronteiras de Londres e saltaram para outras cidades. Em Birmingham, cem pessoas foram detidas depois de bandos de jovens terem invadido uma zona comercial, partindo vidros e pilhando lojas. Foi igualmente confirmado que uma estação de polícia em Holyhead Road, Handsworth (Birmingham) foi incendiada.

Em Liverpool, mais concretamente em Toxteth, foi avistado um grupo de cerca de 200 jovens com máscaras cruzando as ruas e em Manchester foram danificados vários carros.

Em Bristol as forças policiais fizeram saber ontem que estavam a tentar controlar um grupo de desordeiros com cerca de 150 membros.

Christine Jones, comandante da polícia metropolitana londrina, indicou que a violência a que os britânicos têm assistido é "simplesmente indesculpável". "Pessoas comuns viram as suas vidas viradas do avesso por causa destas pilhagens insanas. A polícia metropolitana irá certificar-se que os responsáveis por estas acções serão detidos".

Catherine Holmes, residente em Hackney, explicou à BBC que falou com alguns dos jovens que tinham pilhado lojas na sua comunidade e que a explicação dada por eles foi que não têm dinheiro. "É triste percebermos que estas pessoas só pensam no momento imediato, e o momento que criaram é um pesadelo".

"O sentimento comum em Hackney é que o de que a nossa comunidade foi ferida por esta violência. (...) Esperamos que a comunidade se una esta manhã e lute contra estes desacatos", indicou a mesma habitante, citada pela BBC.

Fonte: /www.publico.pt
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir