Categoria Policia  Noticia Atualizada em 11-08-2011

Houve erro na forma como a polícia tentou parar o ônibus
Em nota, secretário de Segurança diz que a operação foi complexa. Na noite de terça, policiais cercaram ônibus sequestrado no Centro do Rio.
Houve erro na forma como a polícia tentou parar o ônibus
Foto: g1

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse, em nota divulgada na noite desta quarta-feira (10), que "houve erro" na maneira como policiais tentaram parar um ônibus sequestrado na noite de terça-feira (9), na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio.

Na ocasião, policiais militares atiraram contra o veículo com reféns para que ele parasse. O sequestro terminou com cinco pessoas feridas. Três homens foram presos e, até o horário de publicação desta reportagem, um suspeito continuava foragido.

A nota, enviada por e-mail às 19h37, contém uma única declaração de Beltrame: "Foi uma operação complexa, houve erro na forma com que a polícia tentou parar o ônibus, porém, em um segundo momento, os policiais militares conseguiram evitar o que poderia de pior acontecer. O cerco com as viaturas e a bem sucedida negociação com os assaltantes foram fundamentais para o desfecho que culminou na rendição deles e a libertação dos reféns".

Quebra de protocolo
O comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, afirmou que policiais militares quebraram o protocolo da instituição ao atirar contra um ônibus com reféns no Centro do Rio. No entanto, segundo ele, foi esse erro que permitiu que o ônibus fosse interceptado pela polícia.

"Nós sabemos que não podemos atirar, salvo em legítima defesa. A rigor, aqueles tiros não deveriam ter acontecido. Os tiros poderiam ter saído mais alto do que o esperado. Mas foi isso que acabou promovendo a parada do ônibus".

Como foi a ação da polícia
De acordo com o coronel, a ação foi acertada em dois momentos. Primeiro, logo no início do sequestro, quando uma dupla de policiais preferiu não trocar tiros com os criminosos e optou por chamar reforço. O segundo momento foi quando agentes fizeram barreiras em círculos, para evitar a fuga do veículo.

"Levando em consideração o todo, a ação poderia ter um desfecho trágico, lamentamos as pessoas feridas. Mas em meio aos acertos, temos erros também. Poderia ter sido muito pior, vamos rever nossa situação. Se tem pessoas feridas inocentes é porque teve erros", disse.

Segundo Duarte, os policiais envolvidos na operação já foram ouvidos pela Polícia Civil e suas armas, recolhidas para perícia. A informação da polícia é que só houve confronto entre policiais e criminosos quando os suspeitos deixaram o ônibus e seguiram para sequestrar um carro de passeio, para fugir do local.

"Aguardamos o resultado da perícia para saber como as vítimas foram feridas dentro do ônibus. Ao todo, cinco pessoas ficaram feridas por bala e um homem ferido por coronhadas", explicou.

Feridos
Entre os feridos, está uma mulher em estado grave, que foi baleada no tórax dentro do ônibus. Segundo o coronel, ele conversou com os médicos, que informaram que o tiro teria sido dado de cima para baixo. "Havia sangue no ônibus, a informação é que esta mulher foi atingida dentro do veículo, mas só a perícia dirá da onde partiu o tiro", disse.

Ação foi uma evolução da polícia, diz vice-governador
"A ação foi uma evolução da polícia. A perícia inicial provou que a maioria dos tiros foi dada nos pneus ou próximo aos pneus. Foi uma ação em que o serviço de inteligência da polícia funcionou muito bem", disse o vice-governador Luiz Fernando Pezão, nesta quarta-feira (10).

Perguntado se o episódio poderia ser comparado ao ônibus 174. No dia 12 de junho de 2000, Sandro do Nascimento entrou no ônibus da linha 174 e fez vários reféns. A açao terminou com a morte dele e de uma vítima. Segundo Pezão, "o governador não faz pirotecnia nem fica orientando como a polícia deve se comportar pois confia no seu secretário de Segurança".

Perícia indica pelo menos 16 tiros
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Eboli (ICCE) fizeram uma perícia no ônibus sequestrado. Segundo os peritos, uma análise inicial indica que vários tiros foram dados de fora para dentro do veículo, na altura dos pneus. Para eles, isso indica a intenção de parar o ônibus.

Testemunhas disseram que os os criminosos não dispararam dentro do veículo.

De acordo com a delegada Gisele Rosemberg, a maioria dos passageiros disse em depoimento que quatro homens entraram no ônibus e que um deles saltou do veículo com uma refém e depois fugiu. Outro criminoso teria deixado o veículo em seguida.

Durante a fuga, o homem ainda roubou um carro e manteve um casal refém até Manguinhos, no subúrbio.A delegada afirmou, ainda, que haveria outros comparsas num carro que estava em frente ao ônibus. Segundo ela, as vítimas contaram que os criminosos se comunicavam com outras pessoas pelo celular.

De acordo com a delegada, um dos suspeitos presos já possui passagem pela polícia e outro possui um mandado de busca e apreensão. Ele afirmou que todos vão responder pelos crimes de roubo triplamente qualificado, formação de quadrilha e receptação. Com eles, a polícia apreendeu três pistolas - uma delas com numeração raspada - e uma granada.

Fonte:

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Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir