Categoria Geral  Noticia Atualizada em 01-09-2011

Potências se reúnem com Conselho líbio para discutir era pós-Kadhafi
França e Inglaterra hospedarão delegações de 60 nações. Conselho de rebeldes planejam nova Constituição e eleições em 18 meses.
Potências se reúnem com Conselho líbio para discutir era pós-Kadhafi
Foto: www.g1.com

Os líderes da revolta que derrubou do poder o ditador Muammar Kadhafi, na Líbia, se reúnem nesta quinta-feira (1º) com representantes das potências mundiais para traçar a reconstrução do país, 42 anos após o dia em que o ex-líder tomou o poder num golpe. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o premiê britânico, David Cammeron, hospedam delegações de 60 países - entre elas a do Brasil - e outros órganismos mundiais.

Apesar de a agenda de três horas ter como foco a reconstrução política e econômica do país africano, negociações nos bastidores devem refletir as disputas por contratos lucrativos em petróleo, serviços públicos, infraestrutura e outras áreas.

A Líbia enfrentou uma batalha desde o começo deste ano, quando manifestações pedindo a renúncia do ditador Kadhafi se tornaram confrontos violentos e passaram a ser reprimidos com força pelo regime. No dia 17 de março, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que validava quaisquer medidas necessárias para impedir um massacre de civis. Dois dias depois, a coalizão internacional liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha começou a bombardear a Líbia.

O país, que possui grandes reservas de alta qualidade de petróleo bruto, foi deixado ao subdesenvolvimento por Kadhafi, que como um jovem capitão do Exército derrubou o rei líbio Idris em 01 de setembro de 1969. Com o ex-ditador derrubado do poder esta semana em uma revolta popular, a conferência dos "Amigos da Líbia" dará ao conselho interino sua primeira plataforma para falar ao mundo.

O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafá Abdel Jalil, vai abrir as negociações da tarde com um esboço das ações do CNT, que tem como alvo uma nova Constituição, eleições em 18 meses e formas de evitar represálias. Ele, mais tarde, fará uma entrevista coletiva com Sarkozy e Cameron.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, estará nas negociações junto com os líderes europeus e africanos e os chefes da organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), as Nações Unidas e da União Europeia. Rússia e China, que se opuseram à intervenção da Otan, também estarão representadas.

França libera ativos
A França disse nesta quinta-feira que recebeu a aprovação da ONU para liberar 1,5 bilhão de euros (US$ 2,16 bilhões) em ativos líbios para ajudar na reconstrução do país. O ministro de Relações Exteriores francês, Alain Juppe, disse à rádio "RTL" que a situação na Líbia está se estabilizando e que estava na hora de dar ao CNT um rápido acesso aos fundos que necessita para cumprir as exigências civis e iniciar a reconstrução.

"Precisamos ajudar o Conselho Nacional de Transição porque o país está devastado, a situação humanitária é difícil e existe uma falta de água, eletricidade e combustível", disse Juppe.

A aprovação da Comissão de Sanções da ONU irá liberar um quinto do total de ativos líbios de cerca de 7,6 bilhões de euros atualmente estacionados na França, e segue a liberação de valor semelhante de fundos nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha.

Paralelamente, ao ser perguntado sobre uma carta publicada no jornal "Liberation", afirmando que o CNT havia firmado um acordo em abril que daria à França acesso prioritário a 35% do petróleo líbio em troca de seu apoio, Juppe disse não estar ciente de tal carta de acordo. A agência de notícias Reuters alega ter visto uma cópia dessa carta. "Não estou ciente dessa carta", afirmou. "O que eu sei é que o CNT disse muito oficialmente que com relação à reconstrução da Líbia, daria preferência àqueles que ajudaram o país. Isso parece lógico para mim."

O CNT negou as informações e uma fonte diplomática francesa e outra do setor petrolífero disseram não saber nada sobre qualquer acordo de petróleo com a França.

"É uma piada. É falso", disse o porta-voz do CNT Mahmoud Shamman, acrescentando que tal acordo era impensável. Shamman e o primeiro-ministro interino Mahmoud Jabril eram mencionados na carta.

Fonte:

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Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir