Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 05-09-2011

Portugueses fazem nova descoberta na leucemia infantil
Novo conjunto de mutações genéticas identificado pode ajudar a determinar o tratamento com maior eficácia
Portugueses fazem nova descoberta na leucemia infantil
Foto: www.tvi24.iol.pt

Uma equipa liderada por investigadores portugueses fez novas descobertas na área da leucemia linfoblástica aguda infantil, um cancro do sangue que atinge sobretudo crianças entre os dois e os quatro anos.

Os cientistas do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, detectaram, em cerca de nove por cento dos doentes estudados, uma causa inédita para o crescimento tumoral nos casos de leucemia linfoblástica aguda de células T, isto é, quando os linfócitos T (tipo de glóbulos brancos do sistema imunitário) se reproduzem sem controlo.

Num artigo publicado na «Nature Genetics», os portugueses identificaram um novo conjunto de mutações genéticas. «Considerados no seu conjunto, os nossos resultados indicam que [estas mutações são] um evento oncogénico envolvido nas leucemias linfoblásticas agudas de células T», diz o comunicado do IMM, citado pelo «Público».

O gene dos linfócitos T é essencial no processo de ligação de uma proteína instruída por este gene a um receptor, uma molécula que circula na corrente sanguínea chamada interleucina 7.

Este receptor, ao captar o sinal químico vindo do exterior da célula, impele a sua multiplicação. Agora, com a nova descoberta, percebeu-se que, quando este receptor é afectado pelas mutações agora identificadas, os linfócitos deixam de precisar do estímulo da interleucina 7 para se multiplicarem.

«Descobrimos que, apesar de ser essencial para o desenvolvimento e funcionamento das células T, o receptor da interleucina 7 também pode ter um lado obscuro», explica o investigador João Barata.

«Em particular, descobrimos que existem mutações que levam à activação permanente do receptor da interleucina 7 numa percentagem razoável de doentes com leucemia T pediátrica [e] identificámos o mecanismo que leva a que o receptor esteja sempre activado nestes doentes [...]. Estas observações dão-nos a esperança de poder vir a aumentar ainda mais a eficácia e selectividade dos tratamentos actualmente existentes», acrescenta.

A investigação, onde participaram, entre outros, cientistas brasileiros e norte-americanos, também apresentou a possibilidade de medicamentos já testados contra outras doenças, como a artrite reumatóide, poderem neutralizar os efeitos prejudiciais destas mutações.

Fonte: www.tvi24.iol.pt
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir