Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 06-09-2011

Corpo da sexta vítima de bondinho será sepultado nesta terça
Rio - O corpo da sexta vítima da tragédia com o bonde em Santa Teresa será sepultado nesta terça-feira, às 14h, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária.
Corpo da sexta vítima de bondinho será sepultado nesta terça
Foto: odia.terra.com.br

Rio - O corpo da sexta vítima da tragédia com o bonde em Santa Teresa será sepultado nesta terça-feira, às 14h, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária. O velório de Alcides de Abreu Gonçalves, de 73 anos, é realizado desde o início desta manhã na capela J. O aposentado faleceu na noite de domingo devido a complicações do traumatismo craniano hemorrágico que sofreu na batida. O acidente havia causado a morte de mais cinco pessoas e deixado 56 feridos dia 27.

A polícia investiga que funcionário liberou a circulação do bonde após ter sido atingido por um ônibus, pouco antes de o veículo descarrilar e chocar-se contra um poste.

Revoltados, os familiares de Alcides reclamaram do atendimento no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Segundo eles, lá a vítima foi submetida apenas a tratamento ortopédico, pois quebrara o braço.

"Ele ficou deitado na maca e o médico apenas se preocupou com o braço. Quando questionamos o problema da cabeça, o médico disse que ele precisaria ser removido para outro hospital, pois o tomógrafo estava quebrado", relatou a enteada da vítima, Helena Kalman Ferreira, 37.

Alcides foi transferido para o Hospital Doutor Badin, na Tijuca. O acidente pôs fim a um dia de festa. Antes de embarcar no bonde, Alcides comemorou o aniversário da namorada de um de seus filhos, em restaurante de Santa Teresa. Todos subiram no bonde, mas os demais se feriram levemente.

Helena conta que a família pagou R$ 120 por ambulância particular para transferir Alcides após 9 horas de tentativas. O médico lhe disse que o limite de transferências do dia havia sido atingido. A Secretaria Municipal de Saúde informou que o tomógrafo ficou parado de sábado a segunda-feira e afirmou que o paciente foi removido sem autorização.

Bonde 10 seria usado em caso excepcional

Na 7ª DP (Santa Teresa), três funcionários da Central, empresa que opera os bondes, foram ouvidos. O engenheiro chefe de manutenção, Cláudio do Nascimento, o chefe do almoxarifado, Paulo Muniz, e um dos chefes da mecânica, Zenivaldo Rosa, disseram que os bondes eram regularmente submetidos a manutenção e que os de nº 10 e 12 eram os mais antigos, usados só em casos excepcionais de alta demanda.

A polícia ainda ouvirá o supervisor de plantão do dia para saber se partiu dele a ordem para o bonde circular. Quando chegou ao Largo da Carioca, o motorneiro informou que retornaria à garagem devido à avaria causada pela colisão com ônibus. Mas o bonde voltou a circular.

Missa homenageia vítimas

Moradores de Santa Teresa e familiares das vítimas da tragédia com o bondinho participaram neste domingo de uma missa na Igreja Anglicana do bairro em homenagem às vítimas da tragédia que ocorreu no sábado passado. Entre os presentes, estava o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), morador do local. Mais cedo, dois técnicos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli fizeram uma perícia complementar onde ocorreu o acidente.

Segundo o parlamentar, após a tragédia e a interrupção do transporte de bondes, o bairro convive com novos riscos. "Sem os bondinhos, aumentou o número de ônibus circulando. Eles passam pelas ruas lotados e com alta velocidade. Falta uma política de transportes para Santa Teresa. Há uma preoucpação muito grande com os turistas e pouca com o morador", disse.

Assim como outros moradores presentes na celebração, Chico lembrou com carinho do motorneiro Nelson. "O maior perigo é a investigação cair na linha abominável de culpar o motorneiro. Ele era uma pessoa queridíssima, com o espírito do bairro. O Nelson parava o bonde e ajudava cada passageiro mais idoso a subir", lembrou o deputado.

Interventor

O governador Sergio Cabral nomeou o presidente do Detro, Rogério Onofre, interventor dos bondes de Santa Teresa. Na última semana ele vistoriou a oficina dos bondes e disse que o aspecto do local é de abandono e é difícil estabelecer as prioridades diante de tantos problemas.

"Prefiro nem citar o que vi. Teremos que fazer uma verdadeira revolução, inclusive no trânsito de Santa Teresa. Não sei como não aconteceram outros acidentes desta magnitude. Pensei que fosse um desafio grande, mas não que fosse tão enorme assim", declarou.

Fonte: odia.terra.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir