Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-09-2011

Tombini erra no IPCA e mercado busca hedge contra inflação
A aceleração do índice contraria a projeção dada por Tombini de que a inflação chegaria ao seu pico em agosto, devido ao desaquecimento da economia mundial
Tombini erra no IPCA e mercado busca hedge contra inflação
Foto: exame.abril.com.br

Rio de Janeiro e Nova York - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tropeçou no primeiro obstáculo em sua corrida para reduzir a inflação e, ao mesmo tempo, cortar os juros.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 acumula alta de 7,33 por cento nos 12 meses até meados de setembro, maior taxa em seis anos e superior ao aumento de 7,1 por cento no mês anterior, segundo dados divulgados ontem. A aceleração do IPCA contraria a projeção dada por Tombini em 4 de agosto de que a inflação chegaria ao seu pico em agosto, devido ao desaquecimento da economia mundial.

O prêmio de juros entre os títulos de dois anos do Tesouro Nacional atrelados à inflação e as taxas prefixadas, que revela a expectativa do mercado para a inflação, saltou para 6,42 pontos percentuais ontem, nível mais alto desde outubro de 2008, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Esse diferencial de taxas era de 5,86 por cento em 31 de agosto, dia em que o Comitê de Política Monetária do BC decidiu cortar a Selic em meio ponto percentual, para 12 por cento ao ano. Indicador semelhante para os Estados Unidos subiu 23 pontos-base para 1,39 pontos este mês. No México, ficou inalterado em 3,77.

"Não há sinais que a inflação esteja diminuindo, mesmo após os preços das commodities caírem por causa da desaceleração global", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets, em entrevista por telefone de São Paulo. "A visão do Banco Central que a inflação iria recuar no começo de setembro parece não estar se confirmando."

Dobro do avanço

Com os preços avançando duas vezes mais rápido em meados de setembro do que em meados de agosto, a inflação pode ultrapassar o teto da meta de 6,5 por cento neste ano pela primeira vez desde 2003. A aposta de Tombini que a desaceleração global vai abrir espaço para juros menores sofre pressão contrária do consumo doméstico aquecido, do desemprego perto do menor nível histórico e da alta do dólar, disse Solange Srour, economista- chefe da BNY Mellon ARX Investimentos no Rio de Janeiro.

Fonte: exame.abril.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir