Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 29-10-2011

Acordos entre agências espaciais do Brasil e dos EUA não prevêem satélite
Charles Bolden, em visita a um laboratório do Inpe, nesta quinta-feira (27).
Acordos entre agências espaciais do Brasil e dos EUA não prevêem satélite
Foto: Mário Barra / G1

Mário Barra

O Brasil firmou nesta quinta-feira (27) dois acordos de cooperação em projetos espaciais com a Nasa, mas ainda não existe resposta positiva para o desejo do país de construir satélites em parceria com a agência espacial norte-americana.

A visita de Charles Bolden, diretor do órgão, ao Brasil serviu como forma dos cientistas brasileiros reforçarem as solicitações de cooperação. Uma das respostas deve sair em fevereiro de 2012 e diz respeito à construção de um satélite nacional para estudar a composição química do solo e conhecer mais sobre o impacto do homem e das mudanças no clima.

Conhecido como Observatório Global do Ecossistema Terrestre (GTEO, na sigla em inglês), o projeto recebeu o aval da agência espacial brasileira e está sendo avaliado pela Nasa. Caso aprovado, este equipamento seria construído em parceria com o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa. O custo total seria de US$ 270 milhões de reais, a serem divididos entre a AEB e a agência espacial norte-americana.

Bolden não se posicionou sobre o tema durante sua breve passagem pelo Brasil, já que a agência espacial norte-americana avalia também projetos de outros países.

Controle de chuvas
A outra ideia de satélite seria a participação brasileira na "constelação" de satélites do programa Medidas Globais de Precipitação (GPM, na sigla em inglês), um projeto da Nasa com a agência espacial japonesa (Jaxa) para estudos sobre chuvas no mundo. Desde 2005, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) buscam parceiros para a construção um satélite nacional para o GPM.

A rede de satélites internacionais será coordenada por um observatório a ser lançado pela Nasa e a agência espacial japonesa (Jaxa) em 2013. Quando a coordenação entre os instrumentos estiver estabelecida, dados sobre chuvas serão coletados no espaço. Será possível, por exemplo, conhecer mais sobre o ciclo das águas no planeta e conhecer o impacto deste regime nas mudanças climáticas.

Para o coordenador de gestão tecnológica do Inpe Marco Antônio Chamon, a importância de ter um satélite nacional entre os instrumentos que vão ao espaço no programa GPM é a possibilidade de estudar melhor a região tropical, área que seria pouco coberta se levados em conta apenas os satélites originalmente previstos no projeto.

Essas medidas feitas no espaço precisam ser "validadas" por experimentos conduzidos em solo terrestre. Esse será um dos papéis do Brasil ao analisar os dados recebidos do programa GPM.

Restrições orçamentárias
Por enquanto, os acordos firmados prevêem apenas a participação do Brasil em pesquisas e checagem de dados tanto do programa GPM como na Missão de Cooperação do Ozônio, no qual a AEB irá promover o lançamento de sondas de ozônio em balões atmosféricos e analisar dados coletados a partir desses equipamentos em parceria com a Nasa.

O financiamento a pesquisas espaciais no mundo sofre uma crise desde 2008. No caso da Nasa, as restrições orcamentárias anunciadas em março de 2011 têm estagnado projetos como o satélite brasileiro para o GPM. Em outubro de 2010, a própria Nasa chegou a entrar em contato com o Brasil para retomar as negociações, mas o projeto não prosseguiu. "A situação financeira da Nasa é a mesma agora do que em março", explica Chamon. "A AEB solicitou ao Inpe que forneça alternativas para a construção desse satélite."

Recentemente, o Inpe recebeu para testes o satélite argentino SAC-D, da missão Aquarius, que levou ao espaço instrumentos da Nasa para medir o nível de sais nos oceanos. O Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Inpe foi usado para mostrar que o equipamento suportaria o lançamento, que aconteceu em junho de 2011.

Durante a visita ao Brasil, Bolden conheceu as instalações do Inpe. No começo da tarde, o astronauta conversou com crianças e adolescentes do Vale do Paraíba. Entre elas, um grupo de alunos de uma escola municipal de Ubatuba que está construindo um pequeno satélite a ser lançado em breve. Durante a palestra, o astronauta recebeu um presente das mãos de uma das estudantes do projeto.

Está a primeira vez que um administrador da agência espacial norte-americana pisa em solo nacional nos últimos dez anos.

Acordos entre agências espaciais do Brasil e dos EUA não prevêem satélite
Brasil firmou, em São José dos Campos, duas cooperações com a Nasa.
Assinatura foi feita com a presença do diretor da agência norte-americana.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir