Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 31-10-2011

TRAGÉDIAS ESQUECIDAS
As tragédias vão se sobrepondo umas as outras pela mídia diária que não nos deixam tempo para avaliarmos com mais profundidade o que está acontecendo a nossa volta.
TRAGÉDIAS ESQUECIDAS

As tragédias vão se sobrepondo umas as outras pela mídia diária que não nos deixam tempo para avaliarmos com mais profundidade o que está acontecendo a nossa volta. Relembremos o garoto de dez anos de idade que no dia 22 de setembro deste ano atirou em sua professora e depois desferiu um tiro na própria cabeça, suicidando-se. O que de sério e não especulativo foi revelado à população sobre o que aconteceu neste episódio? Inúmeras suposições foram lançadas. Bullyng ?? Medo do insucesso escolar ?? Timidez excessiva e isolamento ?? Algum desentendimento com a professora?? Até a presente data não tenho conhecimento de um laudo técnico, profissional, que nos ajude a entender essa tragédia. Afinal, é raríssimo vermos uma criança de apenas 10 anos de idade, cometer um ato desta magnitude.

Então quero aproveitar este caso para abordar um tema que é pouco falado e de difícil diagnóstico: Depressão Infantil. Anos atrás acreditava-se que a criança não apresentava depressão devido a sua própria imaturidade psíquica e cognitiva. Hoje, sabe-se que a depressão apresenta-se na criança muitas vezes de forma mascarada, diferente da forma apresentada nos adultos. Na criança percebemos mais sinais somáticos, ou seja, corporais, como dores, fadiga, tontura, irritabilidade, agitação psicomotora, alteração do sono e do apetite, choro freqüente, diminuição do prazer de brincar, dificuldade de concentração. O diagnóstico da depressão infantil carece de um olha hábil, pois manifesta-se de diversas formas que precisam ser captadas, enxergadas. Nosso corpo expressa emoções, fala, grita. Para substituir palavras uma criança pode utilizar-se do choro, uma dor, uma febre como um pedido de ajuda. E isso não pode ser negligenciado. Uma criança pode apresentar irritabilidade ao invés de melancolia e tristeza, tédio ao invés de humor deprimido, isolamento social e familiar ao invés de nervosismo e ansiedade. É necessário olharmos para nossos filhos, nossos alunos, com um mínimo de conhecimento do assunto. Temos a péssima mania de não darmos muita atenção a alguns comportamentos de uma criança, catalogando-os como "coisas de criança", "birra de criança", "manha de criança". É claro que também pode ser isso. Mas se tivermos a sensibilidade de um olhar mais apurado, tenho a certeza que poderemos evitar que outros episódios como este aconteçam e que o índice de suicídios infantis e juvenis não continuem crescendo assustadoramente.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Ivilisi Soares Azevedo    |      Imprimir