Categoria Educação  Noticia Atualizada em 27-11-2011

Racismo dá cadeia, encenam alunos em Piúma
Uma demonstração de que a prática de racismo deve ser banida. Os estudantes do Lacerda de Aguiar sabem que além de dá cadeia, ainda tem indenização e o crime é inafiançável.
Racismo dá cadeia, encenam alunos em Piúma
Foto: Luciana Máximo

Os alunos dos 9º anos da Escola Municipal Lacerda de Aguiar relembraram nesta sexta-feira o Dia da Consciência Negra apresentando duas peças teatrais: Racismo dá cadeia, Racismo nunca mais e um jogral com o extenso poema Navio Negreiro do poeta Castro Alves. No final da apresentação, o diretor de comunicação da União Cachoeirense de Negros - Uninegro, e diretor da Ouvidoria Racial da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim José Carlos Gualberto, o Dadá conversou com os estudantes sobre as conquistas do Movimento Negro no Brasil e as lutas dos mesmos por políticas de inclusão racial no país.

Durante uma semana, a professora de Língua Portuguesa, Luciana Maximo abordou sobre a importância do Dia 20 de Novembro – data que marca no Brasil, o Dia da Consciência Negra. Oportunamente, os alunos prepararam duas peças de teatro abordando sobre racismo, produziram murais, interpretaram poemas, e declamaram a poesia Navio Negreiro em forma de jogral. Para fechar a semana, os estudantes fizeram as apresentações e participaram de um debate na escola com o diretor da Uninegro.

"Esse momento com os alunos é de muita importância, uma vez que é preciso debater sempre as políticas públicas de inclusão e necessário se faz alertar nossos adolescentes afrodescendentes sobre as barreiras que estão lhes esperando lá na frente. Ainda nesta semana, na Ouvidoria Racial recebemos uma denúncia de racismo praticada por um gerente de uma empresa do ramo de mármore e granito, que além de dispensar o empregado ainda praticou racismo ao caracterizá-lo de ‘macaco’ e outros pejorativos adjetivos. Há dois anos, processamos um médico em Cachoeiro por lançar um livro repleto de piadas voltadas a mulheres e homens negros. O que vi com a apresentação da peças foi uma extensão do cotidiano no Brasil, os textos encenados mostram muito bem a nossa realidade. Negros sofrendo preconceito em coletivos e clubes sociais", ressaltou José Gualberto.

Vestidos de preto, os alunos do 9º C fizeram uma releitura do poema Navio Negreiro e puderam promover uma reflexão dos maus tratos com que passaram os negros ao serem arrancados do Continente Africano e serem dizimados muitos na vinda para o Brasil.

"Esse poema me fez sonhar com novos tempos e voltar ao passado e rever as cenas mais absurdas, que nem os animais irracionais merecem passar. Por isso que envolver a escola no debate da Consciência é de essencial importância, pois são eles que estarão amanhã a frente dessa sociedade. É preciso formar pessoas melhores e desprovidas de preconceito", comentou Dadá.

A professora Luciana que na terça-feira participou de sessão solene na Câmara de Cachoeiro recebeu a Comenda Zumbi dos Palmares e na mesma noite recebeu o Troféu Consciência Negra no Jaraguá Tênis Clube, em Cachoeiro, por ter em seu trabalho incluído a luta pela igualdade racial e pela construção de uma sociedade sem preconceito, salientou que esta data nunca poderá ser passada em branco.

"Em todas as escolas por onde passo, nesta data, (20/11), faço questão de adaptar o tema as minhas aulas, porque não dá mais para conviver com nenhum tipo de preconceito e mais, é preciso refletir sim sobre políticas de promoção racial. Os alunos dão asas à imaginação, criam, produzem e decodificam que racismo, por exemplo, é coisa que deve ficar no passado, já chega os mais de 300 anos de escravidão que os brancos obrigaram os negros a serem maltratados nesse país desigual", relembrou Maximo.

    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir