Categoria Geral  Noticia Atualizada em 31-01-2012

Advogada vê "descaso" no depósito de escombros de prédios no RJ
Ela avalia que maior preocupação dos bombeiros é achar restos humanos. Simone Andres representa associação de vítimas do desabamento no Centro.
Advogada vê
Foto: g1.globo.com

Os destroços dos três prédios que ruíram no Centro do Rio de Janeiro na noite de quarta-feira (25) estão sendo tratados com "total descaso", segundo a advogada Simone Argolo Andres. A afirmação foi feita por ela na tarde desta terça-feira (31), após visita ao depósito da Comlurb no km 0 da Rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para onde os destroços foram levados.

Simone, que integra a recém-formada associação de vítimas do desabamento, foi ao depósito com outros integrantes do grupo e todos ficaram chocados com o que viram.

"Percebe-se que a única preocupação dos bombeiros é em localizar restos humanos. É justo, claro, mas, por outro lado, toda a história das empresas daqueles prédios está se perdendo aqui. Papéis, documentos, pastas, está tudo misturado na chuva, exposto ao ar livre", contou Simone.

Ela disse que, no tempo em que permaneceu no depósito, os bombeiros encontraram restos humanos, que foram levados para o Instituto Médico Legal (IML).

Simone trabalhava num escritório de advocacia no 13º andar do prédio Liberdade, o de número 44 da Avenida Treze de Maio. No local, trabalhavam 14 pessoas, mas nenhuma delas estava na sala na hora do desabamento. Os documentos do escritório especializado na área cível, no entanto, estão perdidos.

"Tem um documento nosso nos escombros, parece ser uma escritura, mas não pude pegar por que o que for catalogado seguirá para a 5ª DP (Mem e Sá), para depois ser devolvido aos responsáveis", contou ela, que se mostrou pessimista em relação à recuperação de documentos e objetos que estão no depósito. "Está tudo danificado e sem proteção. Pelo que se vê, parece que não vai dar para recuperar nada".

Opinião parecida tem Hélio Luiz Rodrigues, que também estava no depósito com o colega Antonio Jorge Molinaro, com quem trabalhava numa clínica odontológica, com cinco consultórios, que ocupava todo o quarto andar do prédio Colombo, de dez andares, que ruiu após o desabamento do Liberdade, junto com o edifício Treze de Maio, de cinco andares.

"Os destroços aqui parecem estar mais misturados do que estavam no local do desabamento", disse Rodrigues, que, no entanto, encontrou um pequeno instrumento do consultório, nas montanhas de destroços, mas também não pôde levá-lo.

Simone anunciou para a quinta-feira (2), às 16h, na Avenida Marechal Câmara 210, no Centro, uma reunião do grupo, que já tem 30 pessoas. O telefone da associação é 8031-9218.

Empresa fará triagem

Em nota divulgada no domingo (29), a prefeitura informou que "depois do término do trabalho do Corpo de Bombeiros e da perícia técnica, a Prefeitura do Rio, com supervisão das autoridades policiais, contratará uma empresa que ficará responsável por fazer a separação dos bens materiais que estão em meio aos escombros. A Procuradoria Geral do Município e a Polícia Civil adotarão todas as medidas possíveis para que o processo de separação seja acompanhado também pelos proprietários, a fim de que os bens sejam identificados e depois liberados pelas autoridades policiais."

Bens com a polícia

A prefeitura informou na noite de segunda-feira (30) que todos os bens recolhidos dos escombros dos três prédios que desabaram serão diariamente encaminhados à Polícia Civil, que ficará responsável por identificar e entregar aos proprietários o material recuperado.

No ato da entrega, os donos dos bens deverão firmar um termo circunstanciado.

Ainda de acordo com a prefeitura, os agentes da Polícia Civil também vão acompanhar os trabalhos de catalogar os pertences encontrados, que serão divididos entre documentos e papéis, bens pessoais materiais e objetos de valor. Representantes credenciados dos proprietários poderão acompanhar, dentro da distância necessária à segurança das pessoas, o trabalho de separação e catalogação dos bens.

Na segunda-feira, o Tribunal de Justiça do Rio determinou que a Associação das Vítimas da Treze de Maio acompanhe os trabalhos de triagem do entulho recolhido dos três prédios. A decisão da Justiça ocorreu após a ação cautelar proposta pelos advogados que fundaram a associação das vítimas da tragédia ocorrida na noite de 25 de janeiro.

De acordo com a Prefeitura do Rio e o Corpo de Bombeiros, todo o material recolhido nos entulhos é encaminhado ao depósito da Comlurb no km 0 da Rodovia Washington Luis. A prefeitura explicou que o local é monitorado por câmeras e vigiado pela guarda da Polícia Militar.

Rapidez na retirada dos escombros

O engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ) Luiz Antonio Cosenza acompanhou a retirada dos escombros dos prédios que desabaram e, na sua opinião, a remoção "tinha que ser rápida como foi".

"Não só pela possibilidade de poder haver algum sobrevivente, como também para que se possa avaliar as condições do prédio vizinho ao Edifício Liberdade", disse ele.









Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir