Categoria Geral  Noticia Atualizada em 01-03-2012

Família quer que diretores de parque respondam por homicídio doloso
Menina de 14 anos morreu após cair de brinquedo no Hopi Hari. Cadeira onde ela estava apresentava problemas há 10 anos, diz parque.
Família quer que diretores de parque respondam por homicídio doloso
Foto: g1.globo.com

O advogado Ademar Gomes, que representa a família da adolescente Gabriela Nichimura morta, após cair do brinquedo La Tour Eiffel, no parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo, no dia 24 de fevereiro, disse nesta quinta-feira (1º) que os pais da adolescente irão lutar para que representantes do parque respondam por homicídio doloso. Fotos feitas pela família no dia do acidente mostram que a menina estava em uma cadeira inoperante – segundo uma nova perícia, o equipamento de segurança se abria.

"A família vai lutar para que os diretores responsáveis respondam por um crime doloso, um homicídio", disse o advogado. "Não tinha nenhum adesivo, a cadeira era normal como as demais. Depois que tomamos conhecimento."

Segundo a defesa do Hopi Hari, a cadeira estava inoperante há dez anos. As fotos feitas pela família também mostram que havia funcionários do parque por perto – um deles, segundo a mãe da menina, pediu que o pai da garota tirasse os óculos escuros antes do brinquedo começar a funcionar.

A mãe de Gabriela, Silmara Nichimura, disse que o depoimento dela só foi ouvido pela polícia depois que foi feita a primeira perícia – que não analisou a cadeira onde Gabriela realmente estava. Segundo ela, quando a análise foi feita ninguém levou em consideração a versão da família sobre onde a menina estava. Isso só foi esclarecido após a divulgação das fotos da família.

"Essa perícia apresentada é vergonhosa, fraudulenta. É imprestável. Eu não aceito uma perícia onde ninguém vai ouvir as pessoas antes. Eram quatro lugares, ela está na ponta, e a perícia veio dizer que ela estava sentada no lugar da mãe. Nesse posto, embaixo, não havia sangue. Eu não consigo entender essa perícia", disse o advogado da família.

Uma nova análise feita após a divulgação das fotos apontou um problema na cadeira onde a menina estava. "A perícia de hoje (quarta-feira) atestou que a cadeira onde ela estava faz movimentos de chicote na descida quando o brinquedo é operado", disse o promotor Rogério Sanches.

Em nota divulgada na noite de quarta-feira (29), o Hopi Hari reitera "veementemente a cooperação absoluta com todos os órgãos responsáveis na apuração definitiva do caso". A defesa do parque afirmou que em nenhum momento se tentou enganar a polícia ao afirmar que a menina estava em outra cadeira, e disse que o parque se baseou nas informações das testemunhas. Também foi informado que os funcionários tinham autonomia para parar o brinquedo, e se isso não ocorreu foi uma falha grave.

O delegado que investiga o caso, Álvaro Santucci Noventa Júnior, também confirmou que a cadeira estava com defeito. Ele falou com o perito do Instituto de Criminalística (IC), Nelson Patrocínio da Silva, que esteve no local na quarta-feira. "Quando a atração é colocada em atividade, a trava se levanta e depois dá uma "chicotada" e abaixa fortemente", explica o delegado. A falha não foi apontada nas perícias feitas na sexta-feira (24), dia do acidente, e na segunda-feira (27).

Perito

Em entrevista ao jornalista César Tralli, o perito Nelson Patrocínio da Silva negou falha na primeira análise feita. "De forma alguma, a perícia não falhou não", afirmou. O perito também informou que não é um procedimento normal pedir fotos para saber onde estava a menina. "Não é sempre que você tem essas coisas. É que a gente atende tanta coisa diferente, cada dia é um tipo de perito."

Silva também negou que a perícia tenha sido ingênua ao acreditar apenas na informação dada pelo parque. "Não, não, não, não foi ingenuidade. Na verdade, as cadeiras foram analisadas. Não é que foi induzida ao erro também não. Não estou falando nisso, não estou falando nem que sim nem que não."



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir