Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 05-03-2012

Eu vou lhe dar uma pala...
�Todo amor � rec�proco, mesmo quando n�o � correspondido�, Lacan.
Eu vou lhe dar uma pala...

Se eu fosse o prefeito de Cachoeiro, ap�s a melhora de sua aprova��o, administrativa e pessoal, com base em pesquisa publicada no jornal A Gazeta, diria aos advers�rios com toda a autoridade: "eu saio da fossa, xingando em nag�. Voc� que ouve e n�o fala. Voc� que olha e n�o v�. Eu vou lhe dar uma pala. Voc� vai ter que aprender... A tonga da mironga do cabulet�".

O xingamento em nag�, "tonga da mironga do cabulet�", significa "o p�lo do c... da m�e", daria um mote para a teoria do desenvolvimento psicossexual do mandato. Como � de quatro anos, deve passar, se considerado um indiv�duo, mesmo que jur�dico, pelas fases, oral, anal e f�lica. Em caso de reelei��o, de lat�ncia e genital.

Na verdade, tudo isso para descrever um sentimento de descarga emocional, em rela��o aos que perduram na insist�ncia de que as a��es da prefeitura n�o v�o dar certo, n�o seria t�o necess�rio. O momento � outro. A situa��o � outra e um governo nunca � singular, salvo as ditaduras.

O certo, pelo que parece, � que est� dando. O primeiro passo � esse a� para quem quiser ver, mas, por enquanto, s� t�m �queles que olham e n�o v�em, como na letra do "Poetinha".

A psican�lise como um dispositivo pol�tico, pode aliviar e analisar essa tens�o. N�o estou retornando as fases psicossexuais da inf�ncia, sejam elas anais, f�licas, ou quais quer que sejam. O xingamento em nag� � s� para sair da dureza do protocolo, sem perder a ternura jamais. Quero dar um sentido pol�tico de liberta��o. Ao grito preso na garganta. Catarse. Imaginem um gestor que recebe cr�ticas durante dois anos e hoje colhe alguns frutos de sua colheita. Mesmo n�o tendo lucro imediato, como se o que ganha d� apenas para pagar as contas. � aliviador.

Com Toquinho, Vin�cius de Moraes comp�e a can��o "A Tonga da Mironga do Cabulet�" para apresent�-la no Teatro Castro Alves. Era a oportunidade de xingar os militares em 1970 sem que eles compreendessem a ofensa. E o poeta ainda se divertia com tudo isso: "Te garanto que na Escola Superior de Guerra n�o tem um milico que saiba falar nag�".

N�o � para o prefeito ir cantar ou xingar os advers�rios na l�ngua do "P", de PT, no Teatro Rubem Braga (se bem que seria impag�vel). Mas, os cr�ticos de hoje interpretam a pesquisa, ou qualquer movimento de Casteglione, at� em hebraico para comer as vogais e dar conson�ncia apenas no que lhes interessa. Mas isso � outro caso.

Neste, que antes era tr�gico e agora c�mico, �, sem d�vida, uma condi��o lacaniana. Quando o prefeito se depara com a fantasia que sustenta sua neurose (de que tem que ser um �timo gestor, ou de que deve ser o bem amado, ou ainda vai ser o melhor pol�tico que j� passou pela cidade) e v� que nada disso � realidade plaus�vel ou mensur�vel d� conta de que � humano e dentro de seus limites est� fazendo algo acontecer. Se sente aliviado. "Gra�as a Deus!", � �bvio que deve ser a primeira frase que lhe veio � cabe�a.

O que acontece nesses casos � que, supondo seja a pessoa por tr�s da cadeira do executivo, ou de qualquer outra situa��o neur�tica parecida � comum a pessoa dizer: "eu estava sofrendo h� tanto tempo s� por causa disso"? Tem um tom ir�nico no fim das contas. Ela ri das suas pretens�es, do seu superego, da sua volunt�ria escravid�o.

Conforme o jornal, de 2010 at� agora, a avalia��o positiva da prefeitura cresceu 12,3 pontos. H� dois anos o �ndice era de 16,4%, contra 23,8% do ano passado.

A reprova��o da gest�o caiu 15,1 pontos, de 37,3% em 2010 para 22,2% neste ano. Em 2011, a avalia��o negativa foi de 29,2%. Para 47%, a administra��o � considerada regular.

A condi��o atual de Carlos Casteglione est� longe de ser apenas pessoal. � coletiva. O PT de Cachoeiro est� em festa. Com cautela, � l�gico. Os petistas s�o um ponto � parte. Diferenciados dos demais militantes de outras siglas.

Completo com o que disse a psicanalista Maria Rita Kelh sobre o MST. No mesmo sentido entendo os petistas: "eles distinguem o que � o problema deles, que � sua situa��o de classe. (...) Parece que o valor das pessoas n�o depende tanto de se fazerem amar ou desejar pelo outro; est� mais ligado � sua rela��o com o ideal que norteia a milit�ncia. O que tamb�m � problem�tico, claro, mas � interessante encontrar uma forma��o subjetiva um pouco diferente".

Estar na situa��o � bem diferente de ocupar a oposi��o. Papel muito bem desempenhado pela esquerda brasileira at� a ascens�o dos trabalhadores e seus coligados ao poder. Ser pedra � f�cil. Dif�cil � ser vidra�a.

Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir