Categoria Policia  Noticia Atualizada em 07-03-2012

Milícia da Baixada ameaçou de morte promotores e delegado, diz MP
Ação contra grupo já prendeu 15 pessoas nesta quarta-feira (7). Pelo menos nove testemunhas foram executadas pelos criminosos.
Milícia da Baixada ameaçou de morte promotores e delegado, diz MP
Foto: g1.globo.com

Além de comandar a milícia em 15 bairros de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a quadrilha que atuava na região teria ameaçado de morte dois promotores públicos e um delegado da Polícia Civil, de acordo com o Ministério Público. Por volta das 14h desta quarta-feira (7), durante Operação Pacificador, da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco/IE), 15 integrantes do grupo tinham sido presos.

A ação conta com o apoio do Grupo de Atuação de Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, e da Corregedoria da Polícia Militar.

"Essa milícia, especificamente, é apontada como mais violenta do que a combatida na Zona Oeste. Como no caso da juíza Patrícia Acioli, eles ameaçaram de morte dois promotores e o delegado Capote (delegado Alexandre Capote, da titular da Draco/IE)", afirmou Décio Alonso, promotor do Gaeco do MP.

Entre os 15 presos estão nove policiais militares, um fuzileiro e um ex-PM. Mas a probabilidade é que o número aumente, pois estão sendo cumpridos 28 mandados de prisão. Durante a operação desta quarta, os policiais também desarticularam uma central clandestina de TV a cabo, mais conhecida como "gatonet", que possuía mais de três mil assinantes e usava TV digital. "Isso mostra o refinamento dessa quadrilha, visando sempre a obtenção de lucro", destacou o delegado da Draco, Alexandre Capote.

Testemunhas foram executadas

Além de ameaçar de morte as autoridades, os milicianos seriam responsáveis pela morte de pelo menos nove testemunhas desde que as investigações começaram. "Uma das testemunhas, dono de um depósito de gás, chegou a nos procurar dizendo que não teria feito a denúncia ao delegado. Dois dias depois ela morreu", explicou Décio, ressaltando que os milicianos localizam as testemunhas, coagem e depois que elas desmentem a denúncia, são executadas. Para evitar que as novas testemunhas do processo sejam executadas, o MP está usando testemunhas coringas, onde o nome que conta no processo não é o nome verdadeiro.

O grupo, liderado pelos ex-vereadores Jonas é Nós e Chiquinho Grandão, que atualmente estão presos em presídio federal do Mato Grosso do Sul, ainda cobraria taxa para que traficantes continuassem atuando na região. "Não é mais aquela milícia que expulsava traficantes do local. O que eles visam agora é o lucro", afirmou Décio.

Segundo a Seseg, entre os 28 suspeitos com mandado de prisão decretado pela Justiça estão 11 PMs, entre eles um oficial, um policial civil, um integrante do Exército, um fuzileiro naval da Marinha e três ex-policiais militares.

De acordo com o titular da Draco, a quadrilha é investigada há um ano, e atua, pelo menos, desde 2007 nos bairros do Pantanal, Parque Fluminense, Parque Muisa, São Bento, Pilar, Vila Rosário, Vila São José, Parque Suécia, Lote XV, Sarapuí, Vila Guaíra, Jardim Leal e Gramacho, todos em Duque de Caxias.

Segundo a polícia, a ação é uma consequência da operação Capa Preta, de 2010, que também tinha como objetivo desarticular uma milícia em Duque de Caxias. Todos os presos na operação desta quarta-feira já haviam sido presos na Operação Capa Preta, mas foram soltos no final do ano passado.

Os crimes

Segundo Alexandre Capote, o grupo é suspeito de praticar vários crimes, entre eles homicídios, ocultação de cadáveres, tortura, lesões corporais graves, extorsões, ameaças, constrangimentos ilegais, injúrias, agiotagem, esbulho de propriedades, parcelamento irregular do solo urbano, distribuição ilegal de sinal de TV a cabo, internet e jogos de azar, prestação de serviços de transporte coletivo alternativo clandestino (vans e mototáxis), além da venda ilegal de botijões de gás.

A investigação aponta ainda a cobrança de taxas de segurança e a compra de cestas básicas por valores super faturados.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir